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Pesquisadores caem na rede
Por simples formulários eletrônicos na Internet, pesquisadores vão poder solicitar ao Ibama autorizações para coleta de gens.
Silvestre Gorgulho, de Brasília
Sem computação, as pesquisas da moderna biologia não avançariam tanto. A Internet, hoje, está proporcionando avanços e transformações econômicas e culturais que começaram nos anos 80, como simples esforço entre acadêmicos e pesquisadores para compartilhar conhecimentos e recursos. Nesse sentido, o Ibama acaba de criar o Sisbio – Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – que é automatizado, interativo e simplificado. Objetivo: melhorar o atendimento e a prestação de serviços junto aos pesquisadores. Por meio do preenchimento e envio de formulários eletrônicos pela Internet, pesquisadores de todo o Brasil poderão solicitar ao Ibama autorizações para coleta de material biológico, pesquisa em unidades de conservação federais e cavernas, exportação e importação de material biológico, dentre outras autorizações. Segundo explicou o diretor Rômulo Mello, do Ibama, pelo sistema, os pesquisadores também vão poder apresentar seus relatórios de atividades.
Rômulo Mello está feliz da vida com a agilidade nas solicitações e autorizações para os pesquisadores
Segundo o diretor do Ibama, Rômulo Mello, o Sisbio opera de forma descentralizada dando rapidez à tramitação das solicitações de autorizações. O sistema, que interage com a Plataforma Lattes do CNPq, disponibilizará, de forma sistematizada, informações relativas aos projetos de pesquisa em execução no país e propiciará aos órgãos ambientais e à sociedade o melhor aproveitamento do conhecimento produzido pelas pesquisas científicas em biodiversidade no desenvolvimento e subsídio a implementação de políticas públicas voltadas à gestão ambiental.
Com o Sisbio, as autorizações serão concedidas pelo Ibama no prazo máximo de 45 dias úteis dependendo do tipo de autorização. Este prazo poderá ser excedido quando as pesquisas forem realizadas em reservas extrativistas ou de desenvolvimento sustentável, unidades onde o conselho deliberativo, integrado por representantes das comunidades locais, precisa ser consultado.
O sistema prevê a análise automatizada, com a emissão de autorização em até três dias úteis para a coleta de invertebrados, de vertebrados dentro de uma cota estipulada pelo Ibama em parceria com as sociedades científicas para cada grupo taxonômico, e para a coleta de amostras biológicas de animais silvestres mantidos em cativeiro.
Cadastro Nacional
Além do sistema informatizado de solicitações de autorizações via Internet, o Sisbio apresenta outros três componentes: a Instrução Normativa nº 119, publicada em outubro, que regulamenta a coleta de material biológico com finalidade científica e didática no âmbito do ensino superior, a instrução normativa que institui o Cadastro Nacional de Coleções Biológicas (CCBio) e o módulo de georeferenciamento.
A instrução normativa que regulamenta a coleta de material biológico prevê a concessão de licença permanente para coleta de material zoológico a doutores vinculados a instituições científicas, o registro voluntário de pesquisadores para a coleta de material botânico, fúngico e microbiológico, bem como o recolhimento de carcaças encontradas casualmente no campo e nas rodovias para aproveitamento científico. Já o CCBio, integrará um conjunto de ações pertinentes a implementação da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites) no Brasil.
Rômulo Mello explica que o módulo de georeferenciamento, terceiro componente do Sisbio, vai disponibilizar aos pesquisadores importantes aplicações, dentre elas o mapeamento da ocorrência de espécies a partir dos registros de coleta, a identificação de novas áreas de ocorrência (distribuição potencial), bem como o mapeamento das áreas excessivamente inventariadas ou que carecem de inventários.
Essas aplicações estarão disponíveis aos pesquisadores a partir do segundo semestre de 2007. O sistema, que entra em vigor ainda em 2006, já foi avaliado por pesquisadores convidados pelo Ibama para detectar dificuldades na operação visando o seu aprimoramento.





Cenário considera impacto do ritmo de exploração agropecuária no bioma
O Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, caso o ritmo da exploração agropecuária permaneça com os níveis atuais. Diante da situação, autoridades e especialistas devem dedicar a mesma atenção que reservam à Amazônia, uma vez que um bioma inexiste sem o outro. O alerta para situação é do fundador e diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Botelho Salmona. Nesta terça-feira (22), é celebrado o Dia Mundial da Água, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Salmona mensurou o efeito da apropriação da terra para monoculturas e pasto, que resultou em artigo publicado na revista científica internacional Sustainability. A pesquisa contou com o apoio do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
Ao todo, foram analisadas 81 bacias hidrográficas do Cerrado, no período entre 1985 e 2022. Segundo o levantamento, a diminuição da vazão foi constatada em 88% delas em virtude do avanço da agropecuária.
A pesquisa indica que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, têm influenciado o ciclo hidrológico. O estudo também evidencia que mudanças do uso do solo provocam a redução da água em 56% dos casos. O restante (44%) está associado a mudanças climáticas.
“Quando eu falo de mudança de uso de solo, a gente está, no final das contas, falando de desmatamento e o que você coloca em cima, depois que você desmata”, disse Saloma, em entrevista à Agência Brasil. Segundo o pesquisador, o oeste da Bahia é um dos locais onde o cenário tem mais se agravado.
Quanto às consequências climáticas, o pesquisador explica que se acentua a chamada evapotranspiração potencial. Salmona explicou ainda que esse é o estudo com maior amplitude já realizado sobre os rios do Cerrado.
“O que está aumentando é a radiação solar. Está ficando mais quente. Você tem mais incidência, está ficando mais quente e você tem maior evaporação do vapor, da água, e é aí em que a mudança climática está atuando, muito claramente, de forma generalizada, no Cerrado. Em algumas regiões, mais fortes, como o Maranhão, Piauí e o oeste da Bahia, mas é geral”, detalhou.
Chuvas
Outro fator que tem sofrido alterações é o padrão de chuvas. Conforme enfatizou Salmona, o que se observa não é necessariamente um menor nível pluviométrico.
“A gente viu que lugares onde está chovendo menos não é a regra, é a exceção. O que está acontecendo muito é a diminuição dos períodos de chuva. O mesmo volume de água que antes caía em quatro, cinco meses está caindo em dois, três. Com isso, você tem uma menor capacidade de filtrar essa água para um solo profundo e ele ficar disponível em um período seco”, comentou.
Uma das razões que explica o efeito de reação em cadeia ao se desmatar o cerrado está no fato de que a vegetação do bioma tem raízes que se parecem com buchas de banho, ou seja, capazes de armazenar água. É isso que permite, nos meses de estiagem, que a água retida no solo vaze pelos rios. Segundo o pesquisador, em torno de 80% a 90% da água dos rios do bioma tem como origem a água subterrânea.
Edição: Heloisa Cristaldo
EBC



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