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A insustentável cultura da caça

O advogado Antônio Silveira entra na polêmica e explica que existe alternativa para a caça esportiva


Na região do Alegrete, ambientalistas
da Fundação Ibirapuitã
estão sempre promovendo manifestações
contra a caça esportiva

Silvestre Gorgulho,
de Brasília
A Argentina é o paraíso para
os caçadores de cervos, patos e até
pumas. Segundo a jornalista Marcela Valente,
cerca de sete mil caçadores estrangeiros
visitam a Argentina todos os anos para praticar
o “esporte”. E por que a Argentina
se transformou em um ponto de encontro dos
caçadores? Por vários motivos:
pela variedade da fauna, pela facilidade de
acesso e pela falta de controle de fiscalização.
E no Brasil? Bem, no Brasil as leis são
mais duras. Há uma certa tolerância
a caça esportiva apenas no Rio Grande
do Sul, quanto ao abate, sobretudo, de marrecões.
Mas o assunto é polêmico e provoca
grandes debates. Para o ambientalista Ari
Quadros, da Fundação Ibirapuitã,
essa atividade só poderia surgir numa
humanidade afundada em guerras e violências
de toda ordem. Num mundo onde tem gente que
se diverte, matando animais indefesos. “No
estado gaúcho mata-se de tudo um pouco,
o ano inteiro. O interessante é que
os agressores da fauna normalmente conseguem
escapulir. Mas os matadores de bois e vacas,
no entanto, são identificados e presos”,
denuncia Ari Quadros. Já outros acham
que a caça é uma necessidade
para os produtores rurais, que produzem os
alimentos que facilmente chegam às
nossas mãos pelos supermercados. E
vão mais longe: a simples proibição
da caça não garante a proteção
da fauna. A maior prova disso é o Brasil,
onde a caça é proibida em praticamente
todo o país, mas é praticada
de forma intensa e predatória. De certa
feita, um ambientalista escreveu para a Folha
do Meio Ambiente dizendo que, como funcionário
de uma Unidade de Conservação,
preferiria mil vezes uma reserva de caça
com seu ecossistema preservado no entorno
desta UC do que uma monocultura. Mesmo que
o produtor de soja ou criador de gado não
permita a caça dentro da sua propriedade.
E acrescentava: os grandes vilões da
biodiversidade são o desmatamento e
a fragmentação de habitats,
não a caça, muito menos a caça
controlada. Bem, o tema é mais do que
polêmico porque tem nuances econômicas,
ecológicas e filosóficas. Para
ajudar a entender um pouco mais esta questão
e buscar um pouco mais de luz para esta polêmica,
entrevistamos o advogado e ambientalista Antônio
Silveira Ribeiro dos Santos. Magistrado aposentado
e criador do Programa Ambiental A Última
Arca de Noé
< www.aultimaarcadenoe.com
> Antonio Silveira fala dos prós,
contras e do futuro da caça esportiva
no Brasil e no mundo.

Antônio
Silveira – ENTREVISTA

Folha do Meio – Como
o senhor vê a questão da caça,
sob o enfoque do meio ambiente, do turismo
e do lazer?
Antônio Silveira –
Vejo como
um dos mais controvertidos e interessantes
temas da atualidade. Um tema que tem que ser
discutido sob a ótima ambiental, econômica
e até filosófica. A caça,
como esporte e lazer, é praticada ainda
hoje em muitos países como os Estados
Unidos, a Inglaterra, a França, a Itália
e até o Brasil, no caso do Rio Grande
do Sul. Mas também começa a
existir, por parte de ecologistas e entidades
protetoras de animais, uma crescente resistência.
Sempre existe o debate, com argumentos a favor
e contra.

FMA – Quais são
os principais argumentos contra e a favor?
AS –
Normalmente, os principais argumentos
favoráveis à caça esportiva
são econômicos, lazer e até,
por incrível que pareça, ecológicos.
Como argumento econômico, é fácil
justificar, pois a pesca e a caça nos
EUA geram mais de 100 bilhões de dólares.
Imagine que na França há 1,6
milhão de caçadores licenciados,
na Itália 1,5 milhão, na Espanha
1 milhão e na Grã-Bretanha 600
mil. Dizem ainda que esta atividade é
o sustentáculo de uma enorme indústria
internacional de turismo, armamentos, munições,
automóveis, roupas e equipamentos especializados,
editorias e tecnologia em geral.
Como lazer, evidente que os adeptos da caça
esportiva dizem que é um momento para
relaxar. E, sob o ponto de vista ecológico,
dizem que caçadores e pescadores são
grandes zeladores da natureza, pois dependem
dela. Dizem também que podem exercer
um equilíbrio, quando algumas das espécies
tendem a ter grande aumento de indivíduos,
sem predadores naturais.

FMA – E os argumentos
contrários?
AS –
Olha, podemos elencar, em primeiro
lugar, um argumento turístico-econômico,
ou seja, a crescente conscientização
ambiental e a crescente atividade do turismo
de observação. Tudo isso leva
à conseqüente preservação
de áreas naturais. A observação
de animais selvagens vivos na natureza tem
crescido muito. O turismo de observação
é o segmento do ecoturismo onde o ecoturista
passa a observar a beleza da natureza. Vai
contemplar aves, animais, pegadas e até
baleias. O turista tem o gosto e o prazer
de admirar os animais, sobretudo aves, em
seus habitats . Quer fotografar, gravar seus
cantos e eternizar na própria retina
aquele momento e aquelas imagens.

A força do
turismo de observação


Antônio Silveira: “Com a
proibição da caça
em qualquer das modalidades, agregada
ao desenvolvimento do turismo de observação,
teríamos uma excelente “sala
de aula natural. Toda a natureza pode
ajudar na formação e conscientização
do cidadão moderno ”.

FMA – Quais as principais
formas de turismo de observação?
AS –
As principais formas do turismo
de observação são as
de aves (birdwatching ou birding) e a observação
de baleias e golfinhos (whale watching). É
bom salientar que hoje no mundo tem cerca
de 100 milhões de praticantes. São
mais de 80 milhões só para aves.
Veja o seu potencial econômico. O turismo
de observação propicia, entre
outras coisas, renda para regiões naturais
que têm pouca possibilidade de desenvolver
as atividades econômicas tradicionais;
emprega a massa rural dando oportunidade de
desenvolvimento pessoal, criando ainda novas
oportunidades para atividades profissionais
para biólogos e guias especializados
etc. Segundo a “BirdLife” os americanos
gastam por ano 29 milhões de dólares
em atividades relacionadas a observação
da vida selvagem. O que mostra a importância
turístico-econômico da fauna
preservada, naturalmente, com a proibição
da caça.

FMA – E a possibilidade
de se criar animais em grandes fazendas para
servirem “ao instinto selvagem”
dos praticantes da caça esportiva?
AS –
Essa é uma boa questão.
Aí tem dois aspectos. O científico
e o ecológico. Em termos científicos,
a manutenção e os estudos de
animais em estado selvagem permitem melhores
resultados técnicos, diferentemente
em se utilizando animais criados em cativeiro
ou em reservas altamente controladas. Nestas
reservas eles apresentam, normalmente, comportamento
alterado devido ao estresse. No campo ecológico
devemos observar que não se pode comparar
a masto-fauna africana, americana e asiática,
com a das florestas tropicais como as da América
do Sul. Lá, os animais de porte como
os gnus, antílopes, alces, búfalos,
entre outros, vivem normalmente em grandes
bandos. Já, aqui, nas florestas tropicais,
os animais de porte maior como as antas, onças,
capivara e os veados, ou são solitários
ou andam em pequenos grupos. Isso impede que
possam ser utilizados como potencial de caça
amadora, pois não haveria tanta caça
para tantos “caçadores”.
Em se liberando a caça aos nossos raros,
solitários e furtivos animais, em pouquíssimo
tempo não restaria mais nenhum.

FMA – E a criação
de animais selvagens em fazendas de caça?
AS –
Nem é muito fácil
e muito menos econômico, justamente
porque nossos animais andam em pequenos grupos
e são extremamente territoriais. Sem
contar um outro grave problema: a introdução
em áreas naturais de cães de
caça e de animais de outras regiões,
para a prática da famigerada caça,
podem introduzir doenças exóticas.
Existe, sim, a possibilidade da disseminação
de doenças como febre aftosa.

FMA – Sob o ponto de
vista jurídico, como o Brasil convive
com a questão da caça esportiva?
AS –
Olha, sob o ponto de vista jurídico,
no Brasil a caça era regida pela Lei
5.197/67 que era o Código de Caça.
Agora, a caça está proibida
pelo artigo 225,§1º, VII, da Constituição
Federal, que impõe ao Poder Público
e à coletividade o dever de “proteger
a fauna e flora, vedadas, na forma da lei,
as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem
a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade”.
O art.29, da Lei 9.605/98 [Crimes Ambientais]
também proíbe expressamente
a caça, permitindo apenas o abate de
controle (art.37, II e IV).
Além disso, deve-se observar que há
uma evolução no sentido de compreender
que a fauna é um bem difuso, ou seja,
de todos nós, e que deve ser preservada
por todos. Sempre é bom lembrar que
nos termos do art.225, de Constituição
Federal, o meio ambiente equilibrado e sadio
é um direito de todos.

FMA – A gente vê
também que muitos ambientalistas são
contra a caça esportiva por motivos
filosóficos. Pela defesa da vida, num
mundo já tão violento…
AS –
É verdade e isso é
muito importante. Filosoficamente, temos que
observar que esta é uma colocação
humanista e que deve ser valorizada. Aliás,
tem sido valorizada pelas pessoas mais conscientes
e integradas nos novos conceitos mundiais
de preservação do ambiente global.
E tem ainda a questão ética.
Temos que nos conscientizar que o respeito
entre os seres humanos e as demais formas
de vida está crescendo cada vez mais,
fruto da conscientização ambiental.
Neste sentido, não há mais espaço
para a caça pelo mero prazer de caçar,
de lazer, de relaxar.

FMA – Dá para
concluir que a caça esportiva é
uma atividade ecologicamente incorreta e economicamente
inviável?
AS –
Dá sim. E mais: além
de proibida pela legislação,
sua prática não trás
nenhuma vantagem à sociedade, ao contrário,
propicia uma perda em termos socio-econômico-ecológico.
Isso sem contar que estaremos mostrando que
somos muito insensíveis com os demais
seres viventes. Pior: a caça esportiva
está na contramão da história
ética da humanidade.

FMA – E existe ainda
o aspecto educativo?
AS –
Isso mesmo! Não dá
para terminar sem falar do aspecto educativo.
Com a proibição da caça
em qualquer das modalidades, agregada ao desenvolvimento
do turismo de observação, teríamos
uma excelente “sala de aula natural”.
Os campos, as florestas, toda a natureza pode
ajudar na formação e conscientização
do cidadão moderno.
A natureza virgem, cheia de vida, é
um lugar perfeito para as pessoas terem aulas
de meio ambiente. Todos elementos estão
ali à disposição. Não
para serem caçados, mas para serem
estudados, pesquisados, observados e contemplados.
Nada como uma aula de educação
ambiental a céu aberto. Não
se pode esquecer que educação
ambiental é hoje uma disciplina indispensável
e obrigatória pela Lei 9.795, de 27/4/1999.

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Exposição no Rio revela objetos que retratam escravidão e resistência

Acervo reúne doações de museus dos EUA, África do Sul e Senegal

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Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil

 

O Museu Histórico Nacional, em reforma desde dezembro do ano passado, reabre em parte na próxima quinta-feira (13) com a exposição Para além da escravidão: construindo a liberdade negra no mundo. A curadoria é compartilhada com museus dos Estados Unidos, África do Sul, Senegal, Inglaterra e Bélgica. 

“Todo mundo participou da concepção e da circulação dos objetos que estarão expostos”, explicou à Agência Brasil a historiadora e curadora brasileira da exposição, professora Keila Grinberg.

“É uma exposição sobre escravidão atlântica, global. Ela mostra primeiro como a escravidão é um fenômeno global e como ela envolveu todos os países do mundo Atlântico nos séculos 15 a 19, mas também mostra que a escravidão está muito ligada no momento presente. Daí o nome Para além da escravidão, pensando as conexões com o presente”, destacou Keila.

 

Rio de Janeiro- 10/11/2025 - Exposição escravidão no MHN. ( Protesto contra o Apartheid em Soweto/África do Sul (1976).  Foto: Crédito/ Divulgação
Protesto contra o Apartheid em Soweto/África do Sul (1976). Foto: Crédito/ Divulgação

A exposição é gratuita e ficará aberta à visitação até o dia 1º de março de 2026.

>> Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp

Como a mostra não se prende só ao passado, mas repercute também no presente, uma das coisas que o público vai aprender é que as consequências da escravidão existem em vários lugares ao mesmo tempo, segundo a curadora.

Keila ressalta que houve resistência à escravidão e ao colonialismo em vários países. “E essas formas de resistência têm conexão umas com as outras”.

De acordo com a curadora, o subtítulo “construindo a liberdade negra no mundo” deixa isso bem claro ao reunir peças religiosas, peças de música, como um atabaque do Haiti, por exemplo.

A exposição destaca também as questões contemporâneas. “Por exemplo, tem uma parte, no final, que tem discussão sobre reparação, sobre justiça ambiental e efeitos raciais. Tem uma parte que fala de violência policial, e por aí vai”.

A conclusão, analisou a historiadora, é que a escravidão, como existiu no passado, não existe mais. Mas as consequências, na forma do racismo, principalmente, continuam existindo.

“Eu acho que o grande lance é perceber as estruturas e, também, a luta contra elas. A ideia da exposição, apesar dela ser dura, é que a pessoa sai de lá empoderada com as possibilidades que as várias formas das experiências humanas contra o racismo trazem, embora não se possa falar de esperança no Rio de Janeiro, hoje em dia”.

A ideia, de acordo com a curadora, é mostrar o alcance dos problemas e a possibilidade de mudanças.

A estreia global da mostra ocorreu em dezembro de 2024, no Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, em Washington, nos Estados Unidos.

A mostra reúne cerca de 100 objetos, 250 imagens e dez filmes, divididos em seis seções. Do Museu Histórico Nacional, a mostra seguirá para a Cidade do Cabo, na África do Sul; Dakar, no Senegal; e para Liverpool, na Inglaterra.

 

Rio de Janeiro- 10/11/2025 - Exposição escravidão no MHN. ( Protesto do movimento Black Lives Matter/EUA (2021).  Foto: Crédito/ Divulgação
Protesto do movimento Black Lives Matter/EUA (2021). Foto: Crédito/ Divulgação

Atividades paralelas

Em parceria, o museu e o Arquivo Nacional promoverão o seminário internacional Para além da escravidão: memória, justiça e reparação, nos dias 13 e 14, na sede do Arquivo Nacional, na Praça da República, região central do Rio de Janeiro.

Com curadoria também de Keila Grinberg, o Arquivo Nacional abrigará a exposição Senhora Liberdade: mulheres desafiam a escravidão, exibindo documentos do acervo da instituição que revelam histórias de dez mulheres escravizadas que entraram na Justiça contra os seus senhores, no século 19.

“Nem todas ganharam a liberdade, mas todas tentaram. Isso é muito importante porque são histórias pouco conhecidas, de mulheres que desafiaram os senhores, a Justiça e foram atrás”.

O público poderá visitar essa exposição de segunda a sexta-feira até o dia 30 de abril do próximo ano. A entrada é gratuita.

Além dessa exposição, o Instituto Pretos Novos vai hospedar uma parte do processo de pesquisa feito para a exposição que está no Museu Histórico Nacional. É um projeto de pesquisas feitas com as mesmas perguntas nos seis países participantes. Daí o nome Conversas inacabadas.

“A ideia é exatamente essa que as conversas reverberam no presente. São várias entrevistas sobre como as pessoas veem o racismo, desde quando passaram a ter a ideia de consciência racial, por exemplo”. 

Essa exposição no Instituto Pretos Novos ficará aberta do dia 14 de novembro a 15 de dezembro.

 

Rio de Janeiro- 10/11/2025 - Exposição escravidão no MHN.(Cartaz da Conferência Pan-Africana (1900)
) Foto: Crédito/ Divulgação
Cartaz da Conferência Pan-Africana (1900) ) Foto: Crédito/ Divulgação

Simbolismo

A professora Keila Grinberg considera muito simbólico que o Brasil seja o primeiro lugar de destino da exposição, após o museu inicial norte-americano, porque o país tem uma tradição de estudos muito forte nesse campo.

“E isso mostra o respeito e a importância internacional que os estudos no Brasil têm. É muito importante porque é uma área em que o Brasil se destaca enormemente”, ressalta

De todos os países que tiveram escravizados africanos, o Brasil foi o que recebeu a maior quantidade. “Recebeu cerca de 45% dos africanos escravizados. Quase a metade do total veio só para o Brasil. Os Estados Unidos receberam 5%”, lembra Keila.

“A escala e a centralidade da escravidão no Brasil são sem precedentes. Por isso, a gente não entende nada da história do Brasil se não entender a escravidão. Ela é elemento central para se entender a história do Brasil”, explica.

No total, cerca de 12 milhões de pessoas, em 300 anos, foram sequestradas, vendidas e escravizadas. Na exposição, o público terá oportunidade de entender a dimensão do que ocorreu. Os escravizados eram procedentes das regiões da África Central, da qual fazem parte o atual Congo e Angola; e da África Ocidental, que envolve Senegal, Benim e Nigéria.

“Eu falo sempre para meus alunos: tem duas coisas que eles precisam entender para compreender a história do Brasil. Uma é que teve escravidão. Ninguém vai saber nada sobre o Brasil se não entender isso. Mas a outra, tão importante quanto, é que a escravidão acabou”.

A curadora acredita que, assim, será possível fazer com que o racismo, que se acha tão arraigado no país, também acabará.

Keila Grinberg é professora na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

 

Rio de Janeiro- 10/11/2025 - Exposição escravidão no MHN. ( Irmandade da Boa Morte/Brasil (1983).  Foto: Crédito/ Divulgação
Irmandade da Boa Morte/Brasil (1983). Foto: Crédito/ Divulgação
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Economia com nova usina fotovoltaica ampliará investimentos do Hospital da Criança em equipamentos e insumos

Com investimento de R$ 13,6 milhões do GDF, nova estrutura foi entregue nesta quarta-feira (12) pela primeira-dama Mayara Noronha Rocha; redução na conta de energia será de cerca de 80%, o que representa mais de R$ 3,7 milhões por ano

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Nesta quarta-feira (12), o Governo do Distrito Federal (GDF) inaugurou a usina fotovoltaica do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). O empreendimento instalado para abastecer a maior parte da demanda energética da unidade, produz energia limpa, ao mesmo tempo que contribui para a diversificação da matriz energética. Com investimento do GDF na ordem de R$ 13,6 milhões, a instalação proporcionará uma economia anual de R$ 3,7 milhões aos cofres públicos.

Segundo a primeira-dama e madrinha do Hospital da Criança de Brasília, Mayara Noronha Rocha, a inauguração da usina fotovoltaica representa um grande avanço para a saúde e reforça o compromisso do governo com a solidariedade e a sustentabilidade. “A iniciativa alia a preocupação ambiental à responsabilidade econômica, permitindo que a economia gerada seja revertida em investimentos no próprio hospital, como aquisição de novos equipamentos, medicamentos e melhorias nos espaços voltados às crianças”, afirma.

Mayara ressaltou que essa é uma entrega que vai muito além do presente, pois significa pensar no futuro e garantir benefícios duradouros para os pacientes da unidade. “No dia 5 de novembro, o Ministério da Saúde reconheceu o HCB como uma das três unidades do país habilitadas a realizar terapia gênica, consolidando a instituição como referência nacional em tecnologia, inovação e medicina de ponta.”

Segundo a primeira-dama e madrinha do Hospital da Criança de Brasília, Mayara Noronha Rocha, a inauguração da usina fotovoltaica representa um grande avanço para a saúde e reforça o compromisso do governo com a solidariedade e a sustentabilidade | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Sem o aporte da energia solar, os gastos com energia elétrica no HCB variam de R$ 380 mil a R$ 450 mil reais mensais para manter a estrutura de cuidado hospitalar ambulatorial e de internação especializado para as crianças e adolescentes com doenças raras, crônicas e complexas; a partir da implementação da usina, a expectativa é que haja economia de até 80% na fatura de energia elétrica.

O secretário da Saúde (SES-DF), Juracy Lacerda, destacou que a instalação de mais de 5 mil placas solares representa um investimento com retorno previsto em menos de cinco anos, já que o custo será compensado pela redução nas despesas com energia elétrica. Ele afirmou que a economia gerada, superior a 80%, será revertida diretamente em melhorias para o hospital, com aplicação dos recursos em infraestrutura, equipamentos e insumos, o que refletirá de forma direta na qualidade do atendimento à população.

 

Ao assumir a pasta, segundo Juracy, uma das orientações do governador Ibaneis Rocha foi cuidar prioritariamente da oncologia. “O HCB tem se destacado nessa área, com um trabalho de excelência no cuidado oncológico infantil. A partir dessa diretriz, lançamos o projeto Câncer Não Espera. O GDF Também Não, que reduziu o tempo médio entre o encaminhamento e a primeira consulta oncológica de mais de 80 dias para cerca de 14”, ressaltou.

O secretário acrescentou ainda que o GDF tem um planejamento mais amplo para a instalação de usinas fotovoltaicas em outros equipamentos públicos, inclusive em outras unidades de saúde, alinhando a política de gestão à sustentabilidade e à eficiência energética.

 

Usina fotovoltaica

A usina fotovoltaica do HCB é conectada à rede de distribuição da concessionária local e possui 5.300 unidades de placas instaladas em uma localização estratégica para a captação solar: os estacionamentos e os telhados do hospital. As placas estão dispostas sobre estruturas metálicas, os carpots, e cobrem 584 vagas de estacionamento e parte do telhado do HCB, totalizando 7.616 m² de cobertura. A localização das placas solares possibilitou maior conforto térmico ao abrigar os veículos de funcionários, que ficarão debaixo das estruturas.

Segundo a diretora executiva do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), Valdenize Tiziane, essa usina foi pensada dentro da agenda de sustentabilidade e também da redução de custos para a operação do hospital. Ela ressaltou que a unidade se antecipou e elaborou um projeto bem estruturado para que a instalação pudesse ser feita sem interferir no funcionamento do hospital, que é um organismo vivo e não pode ter impactos na assistência. Além disso, Valdenize destacou que o projeto foi pensado para aproveitar melhor o espaço físico do estacionamento, beneficiando pacientes, famílias e colaboradores.

Com investimento do GDF na ordem de R$ 13,6 milhões, a instalação proporcionará uma economia anual de R$ 3,7 milhões aos cofres públicos

Essa economia secundária considera a cobertura das áreas da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Bloco 2, uma vez que o sombreamento nesses espaços possibilita a captação de ar “mais frio” para refrigeramento dos espaços internos do HCB. “Temos 1.800 funcionários e cerca de 60 mil atendimentos mensais no ambulatório. O espaço do estacionamento é essencial para acolher toda essa população. As estruturas instaladas ali geram energia e, ao mesmo tempo, proporcionam sombreamento, protegendo do sol. Foi um ótimo aproveitamento do espaço”, afirmou a diretora.

O HCB é referência no atendimento a crianças e adolescentes com doenças raras e crônicas. A presidente do Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe), Ilda Peliz, destacou que a usina representa um ganho ambiental e assistencial. “É um benefício tanto para o meio ambiente quanto para o hospital e, principalmente, para os pacientes, que continuarão recebendo atendimento especializado com ainda mais segurança. É muito importante termos uma energia sobre a qual temos controle, que não vai faltar, porque o sol não falta”, acrescentou.

A presidente também fez questão de agradecer o apoio do Governo do Distrito Federal. “O hospital foi construído pela sociedade, mas o GDF abraçou esse projeto. O governo tem um olhar cuidadoso e atende todas as demandas que levamos, o que nos permitiu crescer. Nesse governo, conseguimos iniciar o transplante de medula óssea e temos hoje vários projetos de grande porte que fazem diferença no tratamento das crianças. Posso dizer que o GDF está nos ajudando a salvar mais vidas.”

HCB

Neste mês de novembro, o Hospital da Criança de Brasília celebra 14 anos de funcionamento, dedicados ao diagnóstico e tratamento de crianças com doenças raras, graves e complexas, o que o tornou referência nacional em diversas especialidades. Atualmente, realiza mais de 200 novos atendimentos de câncer infantil por ano e cerca de 60 mil atendimentos ambulatoriais por mês. A unidade conta com 212 leitos, sendo 58 de UTI de alta complexidade. Nesta semana, o HCB foi habilitado como uma das três unidades do país a oferecer terapia gênica para crianças, um avanço significativo garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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CLDF homenageia participantes da Cavalgada Elas Por Elas

Foto: Marcello Cândido

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Por iniciativa do deputado Eduardo Pedrosa (PSD), a Câmara Legislativa realiza sessão solene nesta quarta-feira (12) em homenagem à Cavalgada Elas Por Elas. A solenidade começa às 19h na Sala de Comissão Itamar Pinheiro Lima e terá transmissão da TV Câmara Distrital.

Realizada tradicionalmente na semana do Dia Internacional da Mulher (8/3), a Cavalgada Elas Por Elas carrega consigo um significado de celebração, homenagem e reafirmação do valor, da força e da contribuição das mulheres na história e no cotidiano de nossas comunidades. O objetivo do grupo é influenciar positivamente a autoestima, o empoderamento e o engajamento feminino.

“Além do aspecto cultural e simbólico, destaca-se também a dimensão social da iniciativa, uma vez que, como contrapartida, ocorre a arrecadação de alimentos não perecíveis destinados à montagem de cestas básicas, posteriormente distribuídas a famílias em situação de vulnerabilidade social na região de São Sebastião”, destaca o deputado Eduardo Pedrosa.

Deputado Eduardo Pedrosa (Foto: Carolina Curi/Agência CLDF)

Valorização Feminina 

O grupo Cavalgada Elas Por Elas surgiu em março de 2020, idealizado por um grupo de mulheres da cidade de São Sebastião/DF, movidas pelo propósito de promover maior reconhecimento e valorização feminina nos espaços tradicionalmente ocupados por homens, tanto no contexto country e como das cavalgadas. A ideia nasceu da percepção de que, apesar da intensa participação das mulheres nessas tradições, sua representatividade e protagonismo ainda eram pouco visíveis e reconhecidos.

Foto: Marcello Cândido

Com esse espírito, foi organizada uma força-tarefa composta por amazonas e integrantes das comitivas femininas da região, que, em apenas três meses de trabalho coletivo, conseguiu consolidar o primeiro evento e estabelecer as bases para que a Cavalgada Elas Por Elas se tornasse uma tradição anual no calendário local. O intuito sempre foi fortalecer a identidade, o papel e o reconhecimento da mulher no meio rural e cultural, ampliando espaços, oportunidades e visibilidade.

Atualmente, o evento reúne cerca de 100 amazonas em seu trajeto, contando ainda com público estimado de aproximadamente mil pessoas por edição.

 

Bruno Sodré – Agência CLDF

 

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