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A nova nascente do rio São Francisco
Pesquisador descobre novas verdades sobre o Velho Chico: ele não nasce na Serra da Canastra, onde está a cachoeira Casca D´Anta, e tem novas medidas geográficas
Silvestre Gorgulho, de Brasília
Entre os muitos estudos, histórias e causos que freqüentam o legendário rio São Francisco, um merece atenção muito especial: a verdadeira nascente do Velho Chico não está no Parque Nacional da Serra da Canastra, onde fica a belíssima cachoeira Casca D´Anta, que maravilhou bandeirantes e portugueses e continua a ser destaque na exuberante paisagem da região. Aliás, foi justamente essa exuberância que extasiou os primeiros desbravadores e naturalistas, como Saint-Hilaire, que preferiram dar ao São Francisco um berço mais nobre. As novas verdades sobre a correta nascente do São Francisco já foram objetos de discussão em pelo menos três congressos de sensoriamento remoto e, agora, estão comprovadas por uma equipe de técnicos que usaram imagens de satélite e medição por GPS geodésico.
A César o que é de César, a Deus o que é de Deus e ao São Francisco o que é do São Francisco. Sobretudo, a correta certidão de nascimento. Como se vai revitalizar um rio se mal se sabe seu tamanho? Nem onde nasce? Essa é a questão colocada nesta reportagem que anuncia o resultado do relatório final de uma equipe técnica Codevasf (a), coordenada por Geraldo Gentil Vieira, que dá uma guinada geográfica de 180 graus no local de nascimento do mais importante, polêmico, usado e expoliado rio brasileiro: o rio São Francisco, chamado de rio da integração nacional. Depois de percorrer toda extensão do São Francisco na Expedição Américo Vespúcio e de concluir o relatório da Codevasf, Geraldo Vieira pode anunciar: a beleza e a exuberância da cachoeira Casca D´Anta roubaram a verdadeira nascente do São Francisco, encurtando-lhe vários quilômetros(b). Pelos cálculos e estudos da equipe técnica, os dados geográficos do Velho Chico mudaram. Vieira, vários espeleólogos(1) e canoístas já sabiam disso: a verdadeira nascente não é onde todo mundo estuda, na Serra da Canastra, descendo em cachoeiras para formar a belíssima Casca D´Anta, no município de São Roque de Minas. E sim no planalto do Araxá, no município de Medeiros. É esta história fantástica, guardada num segredo de sete chaves, que a Folha do Meio Ambiente conta, em primeira mão, aqui e agora.
![]() O mapa mostra o São Francisco, menor, caindo no rio Samburá que é maior em volume d´água e em comprimento, que por sua vez recebe as águas do rio Santo Antônio |
Lendas, histórias de pescadores, causos, verdades e mentiras povoam as margens dos rios. E as margens do rio São Francisco, que atravessa três biomas(2) cinco estados e muitas culturas não fica atrás: é riquíssima em histórias e estórias. Mas nenhuma delas é tão forte como esta que o engenheiro agrônomo, técnico da Codevasf e idealizador da Expedição Américo Vespúcio, que percorreu toda extensão do rio durante 35 dias, em 2001. Vamos explicar melhor: a Expedição Américo Vespúcio foi a primeira viagem de caráter nitidamente ambiental e cultural a percorrer em barco o rio São Francisco de ponta a ponta, das nascentes à foz. Foi concebida e organizada por Geraldo Gentil Vieira, em função da revitalização da bacia por ocasião dos 500 anos de sua descoberta. Objetivo: realizar o mais amplo diagnóstico itinerante de todo o São Francisco.
(a) Equipe de trabalho da Codevasf: Geraldo Gentil Vieira (eng. agrônomo), Leonaldo Silva de Carvalho (agrimensor), Miguel Farinasso (eng. agrônomo), Paulo Afonso Silva (eng. civil) e Rosemery José Carlos (geógrafa).
(b) O comprimento do rio São Francisco não tem unanimidade: segundo a Delta Larousse de 1971, ele tem 2.624km; mas para a mesma Delta Larousse de 1986, sua extensão é de 3.161km. Na Mirador, seu comprimento também é de 2.624km; e para os sites oficiais da Codevasf, Chesf e Cemig o comprimento é de 2.700km. Assim, vemos uma grande variação numérica nas dimensões do rio. Pelos dados destes sites a diferença da nascente da Casca d´Anta para a nova nascente do rio Samburá é de 49,18 km. Levando-se em conta todos os diferentes dados, a nova nascente já apresentada no Congresso de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento em BH 2003 e no SpeleoBrazil2001, o comprimento do São Francisco fica maior pela vertente do Samburá. O próximo passo será encaminhar o trabalho ao IBGE para homologação oficial.
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As duas nascentes
O próprio Geraldo Gentil Vieira começa a contar a verdadeira história da nascente do São Francisco, tão logo voltou da expedição: “Ao retornar aos quadros da Codevasf em 1999, queria tirar uma dúvida. Afinal, nasci e vivi nas barrancas do rio São Francisco, na cidade de Iguatama, em Minas Gerais. Queria saber a extensão exata do Velho Chico e descobrir sua verdadeira nascente”. Na verdade, Gentil Vieira sabe o valor das medidas: “Tal como as pessoas têm a sua estatura, os rios têm suas medidas. Alguns deles não estão contentes com a sua altura. Assim, o orgulhoso Amazonas, o maior rio em volume de águas e até bem pouco tempo o segundo em tamanho com 6.436km, é alvo atual de expedições aos píncaros andinos e de intensas medições e avaliações em modelos e imagens digitais para superar o faraônico Nilo, com os seus 6.693km bem vividos”.
E por que com o velho guerreiro São Francisco ocorre o contrário? Por que teimam em encurtá-lo? Por que os 2.700km redondos? Gentil Vieira responde com a autoridade de um descobridor: “Não concordo que o São Francisco tenha menos de 3.001km de extensão. Conheço-o desde menino. Sei que ele cai no Samburá, seu primeiro “grande” afluente, que por sua vez já recebeu as águas do Santo Antônio”. E Gentil Vieira pergunta com razão: “Como um rio maior pode ser afluente do menor? Como pode ser mais importante do que seu afluente? A verdade é cristalina como as águas de todas as nascentes do mundo: o São Francisco é afluente do rio Samburá”.
Como o Pico da Bandeira até há alguns anos era o ponto culminante do Brasil e perdeu essa hegemonia para o Pico da Neblina, assim também parece acontecer com a nascente do São Francisco. Explicação? Gentil Vieira tem na ponta da língua, do lápis e do computador: “É só buscar imagens de satélite, fazer novas expedições para comprovar essa realidade. É só ir lá na confluência no cânion(3) de São Leão, uma beleza natural que poucos conhecem e ver as águas barrentas do São Francisco caindo no cristalino rio Samburá”.
No século 17 os bandeirantes deliberaram e batizaram o curso principal do São Francisco fascinados pela majestosa cachoeira Casca d’Anta, apelidada de cachoeira catedral, do alto dos seus 162,828 metros. Segundo Gentil Vieira a nascente do São Francisco está a 98,12km acima do encontro com o rio Samburá. Enquanto o São Francisco nasce a 1.469 metros de altitude, o Samburá nasce no planalto de Araxá a 1.254,66 metros. O Samburá tem precisamente 147,30km de extensão até encontrar o São Francisco e o São Francisco exatos 98,12km até encontrar o Samburá. Desta confluência até a foz são 2.716km.
![]() Trecho histórico do São Francisco desde a nascente da Serra da Canastra: 2.814,12km Trecho geográfico do Samburá: 2.863,30km |
Novas medidas
Assim, desta óbvia constatação, surgiram os novos dados do maior rio totalmente brasileiro: 2.814,12km para o trecho tradicional ou histórico do rio, com as nascentes na serra da Canastra, e 2.863,30 km para o trecho dito geográfico do Samburá, que tem as nascentes na Serra d´Agua, no pequeno município de Medeiros.
É bom salientar que todos da equipe técnica responsável pelo relatório final “Determinação da Extensão do Rio São Francisco” deixam claro duas coisas: primeiro, para dirimir a polêmica sobre o que é curso principal e tributário(4) uma ampla pesquisa foi feita em sites de universidades brasileiras e americanas, Unesco, dicionários cartográficos e geológicos; segundo, “o conceito que envolve deságua ou desemboca sugere que o afluente tem na confluência uma cota de talvegue(5) mais alta. Já quando se diz que o afluente é um rio menor que contribui para a vazão de um outro maior, há a dúvida sobre qual o critério de comparação: se o maior dos dois é o rio que tem maior vazão, extensão, largura (na confluência) ou maior na bacia de contribuição”.
Nesta linha de raciocínio, Gentil Vieira explica porque a nascente então está no Samburá: “Na busca de dados geográficos mais precisos, comprovamos tecnicamente que a bacia hidrográfica, a vazão, a calha e a profundidade do Samburá são maiores. Para chegar a estes dados foram usadas imagens de satélite, cartografia adequada, visita às nascentes, e foi utilizado GPS geodésico Astech SCA 12S, teodolito Zeiss Theo 010, distanciômetro AGA210 Geodimeter e nível Zeiss. A equipe utilizou uma metodologia capaz de atender as escalas existentes”. E conclui o agrônomo-ambientalista com autoridade de quem se embrenhou nas matas e campos, vasculhou palmo a palmo as margens de um e de outro rio: “Assim são os rios, assim são os homens. Ambos têm os seus humores e critérios”. Hoje, já passados dois anos e concluídos os trabalhos da equipe da Codevasf, temos novos desafios: desengavetar e usar estes dados para uma próxima bandeira que será estender o Parque Nacional da Serra da Canastra até o Samburá. Temos que criar o Parque Estadual da Mata de Pains, de 6 mil hectares, unindo tudo isto pela Área de Proteção Ambiental das Dez Cidades-Mães do São Francisco(c) proposta que apresentamos no SpeleoBrazil2001 (13º Congresso Internacional de Espeleologia, 4° Congresso Latino-Americano e o 26o Congresso Brasileiro de Espeleologia, realizados em Brasília, com 43 países participantes) e ao governo federal, em 2004, no plano de revitalização do rio São Francisco”.
Para os proprietários de terra tradicionais e os recém-chegados sojicultores à região, Gentil Vieira dá boa dica: “Todo este trabalho de preservação abrirá as portas para o ecoturismo. Algumas atividades predadoras, já vêm sendo substituídos por pousadas e hotéis-fazenda. Esse é um novo veio de ouro e diamante que gera emprego, renda e desenvolvimento sustentável na região. Na minha opinião, o turismo ecológico, o queijo canastra/pecuária de leite, a piscicultura, a fruticultura, o café e a cachaça de qualidade devem ser o carro-chefe da economia regional. Temos que acabar, paulatinamente, com as lavouras anuais altamente impactantes ao solo e corpos d’água do frágil ecossistema das cabeceiras”.
(c) As dez cidades-mãe (ou das cabeceiras) do São Francisco são: Iguatama, Bambuí, Medeiros, São Roque de Minas, Vargem Bonita, Piumhi, Doresópolis, Córrego Fundo, Pains e Arcos.
Quem é Geraldo Gentil Vieira
Geraldo Gentil Vieira é engenheiro agrônomo pela Universidade Federal de Lavras-UFLA (1975), especializado em Irrigação e Solos pelo Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas-IICA/FAO/Codevasf e Solos/Desertificação pelo The Egyptian International Centre for Agriculture-EICA, Cairo, Egito. Trabalha atualmente na Codevasf na área de Geoprocessamento. O mais importante disto tudo é que Gentil Vieira é um apaixonado pelas questões ambientais e vem se dedicando muito em pesquisa sobre recursos naturais e expedições, por isso foi o idealizador e coordenador técnico da Expedição Américo Vespúcio.
Glossário |
1 – Espeleólogos – Estudiosos da espeleologia, a ciência que estuda e pesquisa as cavidades naturais da terra como cavernas, grutas e fontes. 2 – Bioma – Macroecossistema no qual predomina um tipo de vegetação, apresentando aspectos semelhantes em todo seu território como clima, latitude, relevo, regime de chuvas e tipo de solo. Podem ser terrestres e aquáticos. 3 – Cânion – Vale estreito, em forma de U, com bordas muito abruptas, geralmente cava por um curso d´água. 4 – Tributário – Diz-se de um curso d’água, em relação a outro, cujas águas afluem em direção a este outro. Por isso, são também ditos afluentes. O rio “A” é tributário, ou afluente, de “B” quando as águas de “A” desembocam em “B”. 5 – Talvegue – O canal mais profundo do leito de um curso d´água. |
summary |
The new source of the São Francisco River What is Caesar’s is Caesar’s; what is God’s is God’s and what is the São Francisco’s, is the São Francisco’s. Most important of all is the correct birth certificate. How can we expect to revitalize a river, when we do not even know how big it is, or where its source lay? These are some of the questions, which are approached in this story covering the results of the final Codevasf (Geraldo Gentil Vieira, Miguel Farinasso, Leonaldo Silva de Carvalho, Paulo Afonso Silva e Rosemery José Carlos) technical report which is a 180 degree geographical about-face, inasmuch as concerns the birthplace of a highly contested issue regarding the Brazilian river and for which reason it is called the river of national integration. After thoroughly researching the full extent of the São Francisco river during the Americo Vespucci expedition and concluding the Codevasf report, Geraldo Vieira could announce to Brazil and the world: the beauty and exuberance of the Casca D’Anta falls robbed the true source of the São Francisco, shortening it by several kilometers. According to the calculations and studies of the Codevasf technical team, the geographical data of the Velho Chico changed. Vieira and several speleologists, already knew that the true source is not where everyone has learned, i.e., in the Serra da Canastra flowing down river in falls to form the fantastic Casca D’Anta, in the township of São Roque de Minas. Rather, it is really located in the plateaus of Araxá in the township of Medeiros in the state of Minas Gerais. This is the fantastic story, kept under lock and key which the Folha do Meio Ambiente unfolds first hand here and now. In the 17th century, the pioneers baptized the main course of the São Francisco, fascinated by the majestic Casca d’Anta falls from a height of 163 meters. According to Gentil Vieira, the source of the São Francisco is 98.12 km above the convergence with the Samburá River. The São Francisco rises at an altitude of 1,469 meters, while the Samburá rises in the plains of the Araxá at 1,254.66 meters. The Samburá extends for exactly 147.30 km until it converges with the São Francisco and the São Francisco extends exactly 98.12 kilometers until it converges with the Samburá. From this confluence to the mouth there are 2,716 km. Therefore, from this obvious observation, new data has come forth attesting to the largest Brazilian river completely within Brazilian territory: 2,814.12 km of the so called traditional or historic course of the river, including the sources in the Serra da Canastra and 2,863.30 km of the geographically called part of the Samburá, which has its sources in the Serra d´Agua, in the small township of Medeiros. The technical team made two points clear: first, to settle the issue regarding the main course and the tributary, broad research was conducted and second, the concept involving the mouth of the river, suggests that the tributary stream has in the confluence a level of thalweg. However, when it is said that the tributary stream is a smaller river which empties into another larger river, there is some doubt about the comparison criteria used: whether the larger of the two is the river which empties more and has the greatest length and width (at confluence) or greater in the contribution.” Along this line of thinking, Gentil Vieira explains why the source is in the Samburá: “in the search for more precise geographic data, we technically proved that the hydrographic basin, the flow, the channel and the trough of the Samburá are greater. To arrive at these data, satellite images were used, as well as a appropriate cartography, visits to the sources and the use of geodesic GPS ASTECH SCA 12S, theodolite Zeiss THEO 010, distance meter AGA210 Geodometer and Zeiss level.” |
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Programa ensina estudantes sobre história e cultura de outros países
Alunos de Ceilândia conheceram, nesta quinta (23), a Embaixada do Quênia, durante programação especial da Secretaria de Relações Internacionais

Agência Brasília* I Edição: Débora Cronemberger
Vinte e quatro estudantes da Escola Classe 55 de Ceilândia tiveram uma aula diferente na manhã desta quinta-feira (23). A Embaixada do Quênia virou a sala de aula para os alunos que aprenderam mais sobre a história e cultura do país africano. A visita faz parte do Programa Embaixada de Portas Abertas (Pepa), que, promovido pela Secretaria de Relações Internacionais (Serinter), foi retomado este ano e visitará sete embaixadas somente neste primeiro semestre.
“É uma grande oportunidade para que os estudantes conheçam novos mundos, novas culturas. Muitos deles não têm a chance de ir a outros países e conhecer os costumes de outros lugares, então o Pepa proporciona tudo isso”, disse o secretário de Relações Internacionais, Paco Britto. Segundo ele, o programa também abre espaço para que os embaixadas conheçam um pouco mais sobre a educação brasileira, especialmente a aplicada nas escolas do Distrito Federal.

Logo cedo, a garotada chegou à embaixada, no Lago Sul, e foi recebida por um diplomata que carimbou o “passaporte mirim” dos estudantes – uma forma lúdica de dar o pontapé inicial à experiência das crianças junto ao país. Por cerca de duas horas, os alunos participaram de um intercâmbio cultural ou, “uma pequena viagem ao Quênia”, como descreveu o próprio embaixador, Lemarron Kaanto, para os convidados.
O Pepa permite que o país apresente sua cultura, história, gastronomia e curiosidades às crianças e também possibilita que o corpo diplomático estreite laços com a comunidade local, por meio das escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal.

Experiência
O embaixador participou das atividades e encantou a criançada quando contou sobre a gravação do filme O Rei Leão. “Foi gravado no Quênia, e Simba, na nossa língua nacional, o suaíli, significa leão”, disse Kaanto, fazendo referência ao nome do personagem-título de um dos maiores sucessos de bilheteria da Disney.
“A riqueza cultural representada pelas representações diplomáticas permite a junção dos conteúdos ministrados em sala de aula com a vivência direta com os mais variados usos, costumes, hábitos e relevos”Hélvia Paranaguá, secretária de Educação
Durante a manhã, os alunos puderam, ainda, participar de brincadeiras populares do Quênia, como as corridas com ovo, com saco e com pneus, além de jogos com bolas, que lembram a popular queimada do Brasil. Também foi aberto espaço para que os estudantes pudessem tirar suas dúvidas e conhecer curiosidades sobre o país.
Ao aprenderem um pouco sobre a gastronomia do Quênia, os alunos fizeram um lanche e, ao final da experiência, tiraram fotos e ganharam presentes, como squeezes personalizados e chapéus. Na atividade extra, os estudantes foram acompanhados por duas professoras da escola. O transporte é fornecido pelo próprio programa, que conta com apoio da Secretaria de Educação (SEE) e da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB).
“A riqueza cultural representada pelas representações diplomáticas aqui sediadas, possibilitando ao estudante acesso rápido aos mais diferentes estágios culturais, permite a junção dos conteúdos ministrados em sala de aula com a vivência direta com os mais variados usos, costumes, hábitos e relevos, enriquecendo a caminhada no transcurso do processo ensino aprendizagem e ainda solidifica as relações transculturais”, ressaltou a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá.

Acordos bilaterais
O Brasil estabeleceu relações diplomáticas com o Quênia logo após sua independência, em 1963, tendo instalado Embaixada residente em Nairóbi em 1967. O Quênia abriu Embaixada em Brasília em 2006. Em 2010, foram assinados acordos nas áreas de comércio e investimentos, educação e energia. Nesse mesmo ano, a visita ao Brasil do então ministro de Negócios Estrangeiros do Quênia, Moses Wetang’ula, propiciou parcerias nas áreas de serviços aéreos e de cooperação cultural.
O Brasil coopera com o Quênia em diversos setores. Já foram executadas iniciativas de cooperação nas áreas eleitoral; esportiva; de meio ambiente; e de saúde. Atualmente, estão em execução programa trilateral na área de alimentação escolar, bem como iniciativas bilaterais em agricultura (mandioca e setor algodoeiro); educação superior; formação de diplomatas; e capacitação de militares.
O Pepa é uma ação alinhada com a política do governo de melhorar a educação primária do Distrito Federal, possibilitando aos estudantes o aprendizado acerca de história, geografia, cultura e línguas estrangeiras, assim como de carreiras e rotinas diplomáticas e consulares de diversos países, ao mesmo tempo que oferece às representações diplomáticas a oportunidade de conhecer e se aproximar das comunidades escolares das diferentes regiões administrativas do Distrito Federal.
*Com informações da Secretaria de Relações Internacionais
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Estudo aponta valores de referência para consumo de água em propriedades leiteiras
Trabalho das empresas proporciona aos produtores acesso aos dados que são referência em indicadores de eficiência hídrica para o consumo de água de vacas. Essas informações são diferenciadas segundo o sistema de produção confinado, semiconfinado e a pasto

No Dia Mundial da Água, a Embrapa e a Nestlé apresentam valores de referência para o consumo de água na atividade leiteira. Os resultados exclusivos proporcionam aos produtores de todo o País acesso aos dados que são referência em indicadores de eficiência hídrica para o consumo de água de vacas em lactação e também para lavagem de sala de ordenha (lavagem dos pisos, do equipamento de ordenha e do tanque de leite). Essas informações são diferenciadas de acordo com o sistema de produção confinado, semiconfinado e a pasto.
Em um sistema a pasto as vacas em lactação bebem em torno de 64 litros de água ao dia. Já no semiconfinado, são 48 litros de água por vaca em lactação ao dia e, no confinado, 89 litros. Esse consumo das vacas em lactação é influenciado por sua produtividade de leite. A pasto, a produtividade média foi de 17,6 litros de leite por vaca ao dia; no semiconfinado, 14,4 e, no confinado, 25 litros.
Assim, uma vaca em sistema confinado consome 8 litros de água ao dia a mais do que uma vaca a pasto e produz uma quantidade maior de leite, 7,4 litros adicionais.
Em relação ao consumo de água por litro de leite ao dia, os valores para os três modelos de produção variaram de 3,3 (a pasto) a 3,8 (confinado) litros de água por litro de leite ao dia.
Para a lavagem da sala da ordenha, os valores de referência foram 17 litros de água por vaca em lactação ao dia para os produtores que mantêm os animais no pasto; no semiconfinado e confinamento, foram 20 e 21 litros de água, respectivamente.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste (SP) Julio Palhares (foto à esquerda), que avaliou os dados, para esse tipo de uso da água há grande variação entre as fazendas. “Enquanto a maior parte das propriedades em sistema semiconfinado consome 20 litros de água por vaca ao dia, há fazendas consumindo em torno de 55 litros. Nos locais onde o consumo é muito alto, os produtores devem se perguntar: por que estamos consumindo essa quantidade de água se outras fazendas consomem menos para o mesmo uso?”, observa Palhares.
O pesquisador diz que a variação no valor do indicador ocorre porque esse tipo de uso da água é influenciado por vários aspectos, como raspagem ou não do piso, utilização de água com ou sem pressão, mangueira com fechamento do fluxo hídrico, condição do piso da ordenha (rachaduras, buracos etc.) e mão de obra capacitada.
Quando se fala em eficiência hídrica do produto leite, o confinamento foi o mais eficiente – um litro de água por litro de leite produzido ao dia. No semiconfinado, o consumo foi maior – 1,5 litro por litro de leite. No sistema a pasto, o valor foi de 1,2 para cada litro de leite produzido.
Com esses valores, o produtor de leite pode saber se seu consumo de água está de acordo com os valores de referência. Se o gasto for além, o pecuarista não está sendo eficiente e, consequentemente, desperdiçando dinheiro. Há uma lista de boas práticas para melhorar esses indicadores.
Boas práticas hídricas
O estudo teve como referência o programa Boas Práticas Hídricas, desenvolvido pelas duas empresas, que oferece apoio às fazendas leiteiras e instalação de hidrômetros para ajudar a mensurar o consumo de água na produção. Foram analisadas cerca de 10 mil leituras dos hidrômetros de 1.200 produtores que fornecem leite para a Nestlé, no período de 2021 e 2022, dos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.
Por meio do monitoramento mensal realizado com hidrômetros instalados em diversos locais de consumo nas propriedades, ao longo desses dois anos, foi possível analisar o volume total de água utilizado em cada propriedade. Esse trabalho foi realizado por profissionais da Embrapa e da Nestlé, que computaram os dados no aplicativo Leiteria, uma ferramenta que permite aos produtores fazer a documentação hídrica e inserir mensalmente as informações referentes ao consumo dos hidrômetros. Com isso, foi possível gerar os valores de referência.
“Há cinco anos que o programa Boas Práticas Hídricas contribui, de forma prática, para o desenvolvimento da nossa jornada de sustentabilidade no campo. A cada ano, novos índices de produtividade e eficiência são alcançados. O que antes parecia distante para a cadeia leiteira agora é uma realidade que supera os desafios em cada uma das milhares de fazendas leiteiras do nosso País”, explica a gerente de Milk Sourcing da Nestlé Brasil, Barbara Sollero.
Casos práticos
No grupo analisado existem extremos, tanto positivos quanto negativos. Um exemplo é um produtor na cidade de Lagoa dos Patos, Minas Gerais. Ele trabalha com sistema confinado. No uso para lavagem da sala de ordenha, o consumo foi de 79 litros de água por litro de leite ao dia. Já a quantidade de água por vaca em lactação ao dia foi de 1.133 litros. O consumo está muito acima dos valores de referência – de um e 21 litros – para cada um desses indicadores. No mesmo estado, na cidade de Serra do Salitre, uma pecuarista consegue ser eficiente e mostra que é possível fazer melhor uso da água. A fazenda consome um litro de água por litro de leite ao dia, valor igual à referência, e 19 litros diários por vaca. Ou seja, ela é mais eficiente porque consome, diariamente, dois litros de água por vaca a menos que o referencial, que é 21.
O fato atípico da propriedade de Lagoa dos Patos, segundo o pesquisador, pode ser um erro de anotação dos tipos de consumo medidos pelo hidrômetro. É possível que outros usos passem pelo hidrômetro, como irrigação, por exemplo.
Outro produtor, agora no estado de São Paulo, que trabalha com as vacas no pasto, gasta 36 litros de água por vaca na lavagem, quando a referência é 17. Ou seja, ele consome mais que o dobro do valor referência. Além disso, usa 2,5 litros de água para cada litro de leite produzido diariamente. Nesse caso, não há problemas de anotação, mas de gestão hídrica. “É um indicativo de que há necessidade de adequação por parte do gestor da fazenda. É bem provável que exista falha na mão de obra, que não está capacitada, ou pode indicar que as vacas passam muito tempo na sala de ordenha, o que aumenta a quantidade de esterco a ser retirada”, acredita.
O pesquisador alerta que não existe sistema hidricamente melhor; cada uso de água vai determinar se a propriedade está sendo eficiente ou não.
O objetivo do trabalho é iniciar a geração desses valores de referência de indicadores do uso da água no Brasil. É uma ação contínua. “Esses não são valores de referência definitivos. O banco de dados não está fechado, continua sendo alimentado mensalmente. Quanto mais informações, maior robustez. Também vamos gerar referências para outros usos da água, como irrigação, residências etc.”, esclarece Palhares.
Essas são as primeiras referências para uso da água em propriedades leiteiras que se têm no Brasil e estão entre as poucas no mundo. Os valores irão auxiliar os produtores e o setor leiteiro para o melhor uso deste recurso natural finito e para mostrarem à sociedade que a produção de leite é feita com eficiência hídrica.
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Meta dos Objetivos do Desenvolvimento SustentávelEsses resultados contribuem para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), meta nº 6, uma vez que orienta e estimula a adoção de práticas conservacionistas nas propriedades rurais. Segundo a meta, até 2030, o Brasil precisa aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores. Além disso, deve assegurar retiradas sustentáveis e o abastecimento de água doce para reduzir o número de pessoas que sofrem com a escassez. |
Gisele Rosso (MTb 3.091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste
Contatos para a imprensa
pecuaria-sudeste.imprensa@empraba.br
Telefone: (16) 3411-5625
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Programa de Incentivo Fiscal à Cultura abre inscrições para 2023
Agentes culturais podem inscrever, até 1º de dezembro, projetos que visem o apoio mediante renúncia fiscal do ICMS e do ISS

Agência Brasília* | Edição: Claudio Fernandes
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) publicou, no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta quarta-feira (22), regulamentação que estabelece prazos e procedimentos para a execução do Programa de Incentivo Fiscal à Cultura do Distrito Federal em 2023. O programa é equivalente à antiga Lei de Incentivo Fiscal (LIC).
R$ 13.211.994É o valor total do Programa de Incentivo Fiscal à Cultura deste ano, com limite para pessoa jurídica de R$ 660.599,70 e, para pessoa física, de R$ 200 mil
Pela Portaria nº 54, fica estabelecido o prazo de 8h de 22 de março até as 18h de 1º de dezembro de 2023 para inscrição de projetos culturais que visem o incentivo mediante renúncia fiscal do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).
Já a Portaria nº 55, de 20 de março de 2023, altera a norma anterior, que regulamenta os limites e os procedimentos do programa de incentivo fiscal. O valor total do Programa de Incentivo Fiscal à Cultura deste ano é de R$ 13.211.994,00, com limite para pessoa jurídica de R$ 660.599,70, e para pessoa física continua em R$ 200 mil. Para planos anuais e plurianuais, que incluem projetos culturais que contemplem períodos de 12, 24 ou 36 meses, o valor pode chegar a R$ 1,8 milhão.

Entre as mudanças, também está o prazo de inscrição dos projetos, que agora devem ser apresentados com, no mínimo, 60 dias corridos anteriores à data de sua execução. Antes, esse prazo era de 45 dias antes da pré-produção do projeto. Também fica estabelecido que o agente cultural não pode inscrever novo projeto enquanto não apresentar a prestação de contas final de outro anteriormente incentivado.
Os percentuais de isenção podem variar de 40% a 100% e, entre as novidades está o fato de que projetos que tenham reserva de espaço para ações de marketing ou instalação de estandes, camarotes, palco ou outros espaços que levem o nome, marca ou identidade visual da empresa incentivadora terão o percentual de isenção reduzido para 75%.
Como participar
A empresa deve demonstrar interesse no projeto por meio de uma carta de intenção de incentivo, e o agente cultural inscreve sua proposta por meio de formulário online. A partir daí, o projeto é avaliado em etapas de análise de documentação, técnica e de mérito, até que seja autorizado a captar os recursos e, posteriormente, partir para a execução.
O agente cultural deve exercer, necessariamente, pelo menos uma função de relevância no projeto, tanto no aspecto artístico-cultural quanto na direção, produção, coordenação e gestão artística. Fica ainda estabelecido que o agente cultural é responsável por protocolar na Secec uma via do Termo de Compromisso de Incentivo, até cinco dias úteis antes do início da primeira atividade prevista no projeto, que, por sua vez, só pode ter início após o protocolo de um ou mais termos de compromisso, devidamente assinados pelo incentivador, indicando a captação de pelo menos 50% do valor.
Programa de Incentivo Fiscal à Cultura
Mecanismo de apoio à produção e difusão da arte, das manifestações culturais, do entretenimento de qualidade e de estímulo ao mercado criativo, o Programa de Incentivo Fiscal trabalha em parceria com a iniciativa privada, por meio de isenção fiscal. Com o incentivo, parte dos valores de ICMS ou ISS que seriam arrecadados por atividade de pessoas jurídicas do DF é revertido em financiamento de projetos culturais previamente aprovados pela Secec.
Podem apresentar projetos culturais para o programa pessoas físicas ou jurídicas estabelecidas no DF, com Ceac válido e que sejam diretamente responsáveis pela proposição e execução do projeto. Já para o patrocínio, podem participar pessoas jurídicas contribuintes do ICMS ou ISS, habilitadas para apoiar a realização de projetos culturais.
*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
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