Janela da Corte
BERNARD RAJZMAN
Silvestre Gorgulho
No Maracananzinho lotado em 1982, num jogo histórico contra a União Soviética, BERNARD RAJZMAN resolveu praticar um saque diferente. Ganhou o céu, ganhou a partida e ganhou um apelido que virou marca: Bernard, do “Jornada nas Estrelas”. O jogo de voley bonito e competitivo da geração de Bernard, Montanaro, William e Xandó, abriu o caminho para a fantástica conquista na Espanha, em 92: o Ouro Olímpico de Tande e Marcelo Negão. Bernard jogou 540 partidas pela Seleção Brasileira, participou de 4 Olimpíadas, 4 Jogos Panamericanos e 4 Copas do Mundo de Voley. Foi campeão, Medalha de Prata em Los Ângeles, mas foi, sobretudo, um atleta exemplar. Seu currículo profissional levou o então presidente Fernando Collor a nomeá-lo Secretário Nacional dos Desportos, quando, mais uma vez, deu outras “jornadas” a favor do esporte: conseguiu a Lei das Loterias que dá 4,5% do orçamento para o Esporte e abriu as estatais brasileiras para investirem no marketing esportivo. Nesta luta pelo Esporte, acabou se candidatando a deputado estadual pelo Rio de Janeiro em 94. Eleito, viu pela primeira vez no mundo, uma eleição ser anulada. Foi brigar na Justiça e deve recuperar seu mandato ainda este mês. Planos? Muitos! E todos eles têm no Esporte como estímulo maior para o Brasil viver em Paz, derrotar o pessimismo, vencer as desigualdades sociais e triunfar economicamente. Amanhã Bernard estará, em Brasília, pela 53a vez para acompanhar seu Mandado de Segurança no TSE. Mas antes de abrir a porta da Justiça, Bernard Rajzman abre, hoje, a JANELA DA CORTE.
1 – A Justiça brasileira também dá suas “jornadas nas estrelas”?
A Justiça não abre margem para a criatividade, pois baseia-se fundamentalmente no que está escrito na lei.
2 – Quem é o “levantador” das fraudes nas eleições de 94 no Rio de Janeiro?
No Voley, o levantador é o que arma a jogada. Numa eleição, analisando pelo lado negativo, o “levantador” seria aquele que arma a jogada da apuração.
3 – No 1o turno você ficou em 26o lugar entre os 70 eleitos para a Assembléia do Rio. No 2º turno você teve 300 votos a menos. A maior fraude foi no 1º ou no 2º turno?
Entre 116 deputados federais e estaduais eleitos, no 1o turno, declarado fraudado, e o 2o turno, declarado sem fraude, a mudança foi de apenas sete não eleitos, portanto menos de 5% dos eleitos não confirmaram sua votação. Ora, se o 1o turno foi fraudado e o 2o turno sem fraude, esta mudança deveria ter sido radical.
4 – Você acha que a eleição eletrônica aprovou?
Acho que sim, mas deve ser aperfeiçoada. Os fraudadores não descansam, eles são capazes de tudo. Não se enganem, já deve ter alguém estudando tecnologicamente esse sistema para descobrir uma fraude eletrônica.
5 – Dois anos de luta judicial: você confia na Justiça?
Como desportista, sempre procurei a vitória. Esta determinação é que me dá forças para continuar confiando em que a “justiça tarda, mas não falha”.
6 – Esse foi mais um recorde carioca, pois a única eleição anulada no mundo…
Olha, a lei eleitoral é clara: uma eleição só pode ser anulada se mais de 50% dos votos forem comprovadamente fraudados. E não por suposição, como declarou o TRE do Rio.
7 – Se você conseguir o mandato, mesmo que não tenha direito aos 4 anos, quem vai pagar as custas de viagens, advogado, etc?
Se todo o meu esforço, só de viagens a Brasília foram 52 até hoje, servir para a moralização do processo eleitoral no País estarei recompensado.
8 – Você está com um livro quase pronto: “O Terceiro Turno” sobre toda essa sua luta. Diga três frases que resumam o livro.
1) “Anulação de eleição é queima de arquivo”: é lógico que através da recontagem dos votos seria possível identificar os fraudadores.
2) “A urna é uma só”: a eleição foi para Presidente, Governador e Deputados Federais e Estaduais. Só as proporcionais são anuladas! Será que o Presidente eleito no 1o turno voltaria ao Rio somente para o 2o turno?
3) “O apoio dos meus 24 mil eleitores é a minha verdadeira Jornada nas Estrelas”: mostro no livro que vesti a camisa de quem votou em mim.
9 – Você casou com uma brasiliense. Carminha Ghisi conseguiu fazer você um pouco candango?
Com a Carminha descobri esta terra maravilhosa e nela conquistei grandes amizades. Me sinto um verdadeiro candango!
10 – O Voley deu a você fama, prestígio e pode dar um mandato parlamentar. O esporte lhe deu dinheiro?
Na minha vida aprendi tudo através do esporte: social, cultural e economicamente. Tenho um dever perante a sociedade de retribuir esta minha fantástica experiência de vida.
11 – O que é mais duro: disputar esse Mandado de Segurança ou uma final Olímpica?
A vida é o momento. Toda disputa é dura. Vestir a camisa de seu País é motivo de orgulho para qualquer atleta brasileiro. Tenho convicção, pelo que observo, que a luta no TSE não será fácil, mas confio na seriedade dos ministros.
12 – A política tornou-se o seu novo esporte. É fácil jogar na política?
A política é uma forma de ajudar o esporte, assim como existem bancadas evangélica, ruralista, empresarial, etc, o esporte também precisa de representatividade.
13 – Você foi Secretário Nacional de Esportes. Sucedeu o Zico e antecedeu o Pelé. Como joga o Ministro Pelé no Ministério de FHC?
O Brasil começou a traçar uma verdadeira política de desenvolvimento esportivo. Zico, Pelé e eu fomos atletas que sentimos na pele as dificuldades do esporte. Pelé tem luz própria, é o homem mais conhecido do Planeta. O esporte brasileiro deve aproveitar ao máximo tudo o que o nome Pelé pode nos proporcionar.
14 – Qual o pecado capital de Brasília?
É o deslumbramento dos que chegam aqui nomeados ou eleitos, não conhecem a cidade, não a amam, e se julam “os reis da cocada preta”.
Janela da Corte
ARLETE SAMPAIO

Por nascimento, ela é baiana de Itajiba;
Por educação secundária,
ela é mineira de Belo Horizonte; Pela
universidade e pela política, ela é
brasiliense da gema. Arlete Sampaio, vice-governadora
do DF, médica-sanitarista, uma das
fundadoras da CUT-DF, com profunda militância
sindical, mora em Brasília há
26 anos. Duas coisas me chamaram atenção
na conversa com a vice-governadora e no acompanhamento
diário que faço do Governo petista.
Primeiro: Arlete veio da ala mais radical
do partido, uma trotskista de carteirinha,
e hoje é o equilíbrio do partido
e do Governo Cristóvam. Segundo: neste
caleidoscópio de críticas a
membros do governo petista, neste emaranhado
de brigas e disputas, a vice-governadora –
queiram ou não – é inatacável.
Da linha trotskista de ontem ela virou o ponto
de unidade de hoje. É por isso que
vale a pena saber um pouco mais desta mulher
que, no difícil cargo de vice, é
– por assim dizer – uma unanimidade de seriedade
e coerência. Uma médica que está
sempre pronta a colocar mercúrio-cromo
nas feridas abertas por companheiros do partido
e do governo. Arlete Sampaio abriu a Janela
da Corte deste domingo e mostrou que tanto
a baianice como a mineirice ficaram lá
para trás. Agora a vice é uma
candanga legítima que não está
disposta a entregar, de graça, o espaço
e o respeito que conquistou.
1 – O que mais a incomoda
na política?
A predominância dos projetos individuais
sobre os projetos coletivos.
2 – Ser governo lhe
agrada?
Sim, no sentido de poder realizar os nossos
ideais.
3 – Em três anos
de governo do PT, no difícil papel
de vice-governadora, quais foram os três
momentos mais gratificantes?
A participação nas plenárias
do Orçamento Participativo. As inaugurações
de obras que mudam para melhor a qualidade
de vida da população. A visualização
do crescimento da consciência-cidadã,
como no programa Paz no Trânsito.
4 – E quais foram os
três momentos mais amargos?
As injustas críticas feitas ao GDF,
principalmente no primeiro ano. As incompreensões
mútuas entre o GDF e o Movimento Sindical.
As críticas amargas feitas por companheiros
que participaram do Governo.
5 – Há algum
desconforto em ser vice?
Vice, como se diz, é vice. Há
um certo desconforto por nem sempre poder
imprimir um estilo próprio de trabalho.
6 – O Lula não
queria sair candidato à Presidência.
E saiu. A senhora não gostaria de ser
novamente vice. Vai ser?
Tudo depende da discussão que estamos
fazendo no âmbito interno do PT e depois
com os Partidos da Frente. Se for necessário,
repito a dose.
7 – Como médica-sanitarista,
a saúde pública brasileira tem
jeito?
Claro que tem. Depende apenas de vontade política
e de profundo compromisso com o povo.
8 – Onde a senhora mais
se realizou: coordenando os programas de saúde
pública do DF, na direção
no PT-DF ou no cargo de vice-governadora?
Pela amplitude das ações das
quais tenho participado é, sem dúvida,
mais gratificante ser vice-governadora.
9 – Como vice-governadora
a senhora coordena as Administrações
Regionais e órgãos do GDF; implantou
o Programa Integrado de Combate ao Uso e Abuso
de Drogas no DF; coordena o Orçamento
Participativo; e coordena as bancadas petistas
na Câmara Distrital e Federal. Governar
é mais fácil do que se pensava?
Primeiro, uma correção: não
coordeno as bancadas. Quem coordena é
o Governador. E, neste ano, o melhor trabalho
realizado foi no planejamento político-financeiro
do governo e na coordenação
na área de habitação.
Agora vamos à resposta: é sempre
fácil fazer qualquer coisa, quando
fazemos com boas intenções,
com clareza do que queremos e com firmeza
de posições.
10 – Se o Governo petista
começasse hoje e fazendo um replay
do que passou: qual o principal erro que a
senhora tentaria evitar?
Cometemos alguns erros. Talvez o maior tenha
sido em não divulgar, com dados e fatos,
a situação caótica em
que encontramos o Distrito Federal.
11 – Sinceramente, qual
o grande mérito do Governo Cristóvam
Buarque?
Ser democrático, popular e honesto.
12 – Delfin Neto disse
que Lula será mais uma vez sparring
eleitoral. Isso tem sentido?
Claro que não. Ele sabe bem das incertezas
do momento político brasileiro e sabe
que Lula tem boas chances eleitorais e pode
bem nocautear FHC.
13 – Como a senhora
vê a saída de Luiza Erundina
e Vitor Buaiz do PT: Uma Questão de
acomodação. Já
foram tarde. O PT tem regra para ser cumprida.
Grande perda. Estavam no ninho errado.
Embora seja uma perda, o PT tem regras para
serem cumpridas.
14 – Dê o nome
de três brasileiros vivos que a senhora
mais admira.
Luiz Inácio Lula da Silva, pela inteligência
excepcional; Chico Buarque de Holanda, pela
sensibilidade quase feminina; e Fernanda Montenegro,
que aliás é minha xará,
por seu talento.
15 – Qual destas três
máximas está mais próxima
da verdade:
· Exatamente no momento em que você
pensa que vai conseguir juntar duas extremidades,
alguém as muda de lugar.
· Nunca ande por caminhos já
traçados. No máximo eles vão
levar a lugares onde outros já estiveram.
· Atrás de um grande homem tem
sempre uma grande mulher.
Nenhuma delas faz minha cabeça.
16 – O PT tem que mudar
para crescer ou tem que crescer para mudar
ou tem que continuar como está?
Nenhuma das formulações expressam
as necessidades do PT, mas poderia admitir
que “tem que crescer para mudar”,
na medida em que crescendo expressaria melhor
o sentimento da nossa população.
17 – O Partido aceitará
contribuição da iniciativa privada
para a próxima campanha eleitoral?
No último encontro, o partido decidiu
aprovar as contribuições de
Pessoas Jurídicas, mas dentro da mais
absoluta transparência.
Janela da Corte
PAULO CASTELO BRANCO

PAULO CASTELO BRANCO é um advogado brasiliense, com jeito “boa praça” dos cariocas e nascido em Parnaíba, Piauí.
É autor de “Brasília 2.030”, um ensaio que mostra o caminho de destruição que Brasília vai percorrer até que alcance o momento da ressurreição. Está preparando seu segundo livro: “A Morte de JK”, pela Editora Diadorim, do Rio, onde, numa mistura de realidade e ficção, dá uma visão ampla à respeito dos mistérios que envolvem a morte de Juscelino, numa trama baseada no exame do processo que apurou a possível eliminação de JK em atentado. Casado com Vera, pai de quatro filhos, tem dois netos, PCB leva a vida advogando, escrevendo artigos e, como presidente da Comissão de Ética da OAB-DF, procurando defender os interesses dos cidadãos e de Brasília. Quando o assunto é o Distrito Federal – seus políticos e seus problemas – a conversa com Paulo Castelo Branco não tem fim e suas posições, sempre corretas, são defendidas com o rigor dos honestos. Para falar sobre Brasília, os brasilienses, pena de morte, Governo e a justiça brasileira, Paulo Castelo Branco abre hoje a “Janela da Corte” e, data vênia, não deixa de reclamar dos governantes que ainda não perceberam que dirigem uma obra de arte, que por si só bastaria para transformar o turismo da Capital na nossa grande indústria.
1 – Duas coisas que mais o incomodam em Brasília.
Primeiro a falta de interesse na preservação do Plano Piloto e, segundo, a sobra de interesse de alguns em explorar de todas as formas a nossa Capital.
2 – De 1 a 10, dê sua nota para essas personalidades:
Fernando Henrique – 7, como o prof. Gianotti que o conhece há 45 anos Cristovam Buarque – 5, pela Bolsa Escola, que esgotou a imaginação do PT Itamar Franco – 10, por ter assumido o Governo num momento crítico, de forma democrática e encaminhado a restruturação econômica com implantação
do Real e fazendo FHC seu sucessor.
Lula – 5, pelo passado de lutas.
Paulo Maluf – 5, pelas lutas do futuro, se tiver.
Senador Lauro Campos – 4, pelo brilhantismo da escolha de seu suplente.
Senador Arruda – 6, pelo seu desempenho político.
Senador Valmir Campelo – 5, por sua quase eleição para governador.
Joaquim Roriz – 7, por sua visão social aplicada inadequadamente no DF.
Arlete Sampaio – 4, por ser vice.
Luiz Estevão – 6, por seu desempenho político.
Wigberto Tartuce – 4, por suas composições.
Chico Vigilante – 3, por ser um dos Chicos.
3 – Como morador da Península dos Ministros: a ciclovia do Lago Sul veio para o bem ou para o mal.
Para o bem. O acesso às margens do Lago está consolidado e não se discute.
4 – Três nomes que sabem honrar o nome de Brasília?
O arquiteto Carlos Magalhães, o ex-governador José Aparecido de Oliveira e Ernesto Silva.
5 – A OAB tem, entre outras finalidades, o dever de defender a Constituição. Na próxima eleição da OAB, as chapas também não deveriam ter 20% de mulheres advogadas como nas eleições para cargos eletivos?
Sim. A participação das mulheres é crescente e, no futuro, espero que seja garantido os 20% para os homens.
6 – Caiu a qualidade de vida de Brasília. É resultado de um nivelamento por baixo ou uma tendência do País?
É resultado de uma política que busca tornar Brasília uma cidade como as outras. Brasília é Patrimônio da Humanidade e sua qualidade de vida está diretamente ligada à preservação do Plano Piloto.
7 – Bolsa Escola, Projeto Orla e DF Verde. O PT está sabendo administrar Brasília?
Não! Só se salva a Bolsa Escola.
O Projeto Orla é sonho e o DF Verde amarelou..
8 – Você fechou com a Editora Diadorim, do Rio, um livro sobre a morte de JK, que será lançado agora em março. Como “Brasília 2.030”, esse livro será mais ficção ou pretende provar, pela ciência de Deus e dos homens, quem eliminou Juscelino?
O livro é realidade e ficção.
No Brasília 2.030, a ficção está em transformação para a realidade. No “Morte de JK”, o real, como dizia Golbery, “ainda deverá demorar um pouco”.
9 – Sem autonomia econômica, sede dos 3 Poderes e do Corpo Diplomático, é correto que Brasília tenha autonomia política?
No final da Ditadura todos achávamos que a autonomia política era fundamental.
Hoje sou a favor da diminuição do DF de acordo com o projeto de emenda constitucional do senador Francisco Escórcio.
10 – A Justiça é a mesma para os pobres e para os ricos?
A lei é para pobres e ricos. A distribuição da Justiça nem sempre satisfaz a todos.
11 – A pena de morte é uma solução para o aumento da criminalidade ou uma reparação aos parentes das vítimas?
A pena de morte não é solução para nada. É a lei mais estúpida em qualquer país e coloca no mesmo nível a sociedade e o criminoso. Devemos exigir o cumprimento total das penas para os crimes hediondos e buscar a aplicação de penas alternativas cumuladas com elevadas sanções pecuniárias.
12 – A OAB se mete em tudo, o advogado pode exercer quase todas as profissões, hoje até para abrir uma firma se precisa de advogado. Esse é o País dos advogados?
A OAB é a entidade representativa dos advogados, legitimada constitucionalmente para assegurar o respeito à lei e aos direitos dos cidadãos, sendo essencial à administração da Justiça.
O país não é somente dos advogados, é de todos os diplomados, principalmente, da grande maioria não diplomada.
13 – Qual o pecado capital de Brasília?
Ser pequena demais para se sustentar economicamente e grande demais para ser mantida pela União, em prejuízo de outras unidades da Federação.
Janela da Corte
“PACOTÃO”

Ele é muito mais estranho do que a vitória
de Antônio Carlos Magalhães no
Senado. Mais misterioso do que o veto do governador
Cristóvam Buarque à Fazenda
Santa Prisca. Muito mais esquisito do que
o Secretário de Turismo, Rodrigo Enrollemberg.
Mais temeroso do que o próprio Michel
Temer. E muitíssimo mais arredio a
entrevistas do que o deputado José
Genoíno. Todos os anos, no Carnaval,
um estranho, inusitado, misterioso e arredio
personagem aparece fugaz nas crônicas
de jornais, tevês e rádios de
Brasília. Jornalistas do mundo inteiro
fazem de tudo para conseguir dele um único
depoimento, uma única frase que seja.
E nada. Para os repórteres mais novos,
isso pode até valer uma promoção.
Para os experientes, quem sabe, um Prêmio
Esso. Quem for de Carnaval, já matou
a charada. Estamos falando, é claro,
de Charles Pretto, o ditador perpétuo
e vitalício da “Sociedade Armorial
Patafísica Rusticana – O Pacotão”,
o mais famoso e irreverente Bloco Carnavalesco
de Brasília, melhor dizendo, do Brasil.
O Pacotão comemora, este ano, 20 anos
de Carnaval, sempre na contramão da
avenida e da história, consolando os
fracos e reprimidos e aterrorizando os poderosos
de plantão…sejam eles os carrancudos
generais da falecida ditadura militar, príncipes
de carteirinha da sociologia ou os barbudos,
carecas e barrigudos petistas dos governos
democráticos e populares.
Recém chegado de Miami, onde deixou
seu cunhado vistoriando a reforma de seu barraco
em West Palm Beach, Charles Pretto concordou
em falar. Depois de mil subterfúgios,
concedeu essa entrevista inédita. Primeira
e única, garante ele. Evoluindo na
boquinha da garrafa, com revelações
destampadas sobre o poder, o PT, o FHC, o
prazer e, é claro, sobre Brasília
e o Pacotão, Charles Pretto não
está nem um pouquinho preocupado em
segurar o tcham. Abre a Janela da Corte deste
domingo de Carnaval e coloca seu tcham de
fora. Um horror!
1) O que o incomoda
mais:
Em Brasília: as gambiarras do Governo
do PT e o Principado do Palácio da
Alvorada.
No Governo do PT: a liderança do senador
José Roberto Arruda.
Na ARUC: a concorrência que fazem ao
meu Bloco
No Carnaval: o de sempre, a falta de quorum
do Congresso.
2) Qual foi a melhor
marcha do Pacotão?
Sem dúvida nenhuma, o Aiatolá,
de 1979. Aliás, ela não foi
apenas a melhor. Foi a única. Até
hoje o povo só sabe cantar “Ga-gá,
ga-gá, Geisel/ Você nos atolou
/E o Figueiredo também vai atolar/
Aiatolá, Aiatolá, venha nos
salvar / Que esse governo já ficou
gagá/ Ga-gá, ga-gá, Geisel…”
3) Três carnavalescos
de Brasília que sabem acontecer na
Sapucaí?
Antigamente era o Haroldo Meira, que foi Administrador
de Brasília, não gostava do
Carnaval da cidade e fugia na véspera
para desfilar na Mangueira. Hoje é
o Moa, que vai desfilar na ARUC no domingo,
pega um avião depois do desfile e na
segunda-feira desfila na Portela. Pena que
ele não queira mais saber do Pacotão.
O terceiro maior carnavalesco parece que este
ano vai dar o cano: Itamar Franco, o rei da
Sapucaí, porta-estandarte do Fusca
e topete de honra do Grêmio Recreativo
Unidos do Pão-de-Queijo.
4) A reeleição
foi um “pacotão”?
Ixe! Não passou de um “pacotinho”.
O príncipe Fernando II ainda tem muito
que aprender comigo. Pra que reeleição,
professor? Por que ele não faz como
eu, que sempre me declarei ditador perpétuo
e vitalício do meu Bloco? É
verdade que eu não tinha o Serjão
pra atrapalhar, nem o Maluf pra ajudar…
Tem nada não, um dia ele aprende. Se
o Toninho Perdura não lhe der a receita,
é só me procurar. Afinal de
contas, depois de quarta-feira, eu entro no
PLV (Plano de Licença Voluntária),
e vou gastar minha grana em Miami, num barraco
com privada de ouro que eu aluguei ao lado
da mansão do outro Fernando, o Primeiro.
Terei muito tempo livre.
5) Cristovão
rima com Estevão? Isso dá samba
ou atravessa na avenida?
Dá um sambão rasgado, com direito
a socos e caneladas. Dinheiro pra gravar o
CD não vai faltar. É só
pedir pra Odebrecht ou sacar a fundo perdido
nas sobras da “Operação
Uruguai”. Dá também frevo,
maracatu, salsa, merengue, bolero e samba-canção.
Quem sabe o mestre Jamelão não
topa gravar? O risco é que, com tanta
baixaria, vão acabar reinventando a
“dança da bundinha”…
6) E o que você
faz quando o Pacotão está de
recesso?
Bem, não consegui arrancar do “Duque
de Águas Claras”- Grão-Senhor
do Governo Democrático e Popular do
DF – um DAS compatível com as minhas
qualidades de estadista. Assim, não
me resta outra alternativa senão apelar
ao “Barão da Santa Prisca”
para conseguir uma boquinha como prefeito
biônico da “OKlândia”,
a nova cidade que vai nascer ali, desinteressadamente.
OK, deputado?
7) É verdade
que este ano você vai distribuir frango,
a âncora do Real, na concentração
do Pacotão?
Injustiça. Será frango com iogurte,
a mais nova receita do cardápio do
chef Malan. Será minha contribuição
para a estabilidade da moeda. Assim, quem
sabe, acabam com os estoques de frango e iogurte,
que ninguém agüenta mais, e eles
resolvem baixar o quilo do filé mignon
e o preço do passe do Ronaldinho.
8) O que você
acha do Joãozinho Trinta ter trocado
o Carnaval do Rio pelo de Brasília?
Uma questão de oportunidade. Pelo visto
ele descolou alguma boquinha com o “Duque
de Águas Claras”. O perigo é
ele aprender a fazer Carnaval com o pessoal
da ARUC, enlouquecer de vez e querer comprar
a Mocidade Independente do Gama. Ou então
ter um filho com a Marilena Chauí e
se candidatar a Secretário de Cultura
do Governo Democrático e Popular. Já
pensou!
9) Qual a virtude capital
do Pacotão?
Não ter capital. Infelizmente…Se
tivesse, quem sabe, meu cunhado poderia terminar
o meu barraco em West Palm Beach!
10) Qual o pecado capital
de Brasília?
Ter um pacotão em cada Palácio
e uns pacotinhos em cada gabinete. Infelizmente…
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