Entrevistas

Márcia Engel – Entrevista as baleias jubartes

Whalewatching – O fascínio das baleias


 

 

O fascínio das baleias

  

 

Silvestre Gorgulho – da Praia do Forte

(Texto e foto)

Gaúcha de Porto Alegre, Márcia Engel iniciou seus trabalhos com baleias em 1992, a convite do Chefe do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos na época, Júlio Gonchorosky. Ela havia sido estagiária em 1990 e, quando se formou em Ciências Biológicas, em 1991, recebeu o convite. “Esse trabalho é minha paixão. Dá sentido à minha vida”, costuma dizer. Em 1996, ela ajudou a criar o Instituto Baleia Jubarte, ONG que passou a dar o suporte administrativo e financeiro às ações de conservação e pesquisa das jubartes. Atualmente, Márcia Engel é diretora do projeto.



Folha do Meio – Em 1986, o então presidente José Sarney proibiu a caça de baleias no Brasil. Como o Brasil venceu o lobby dos caçadores?
Márcia Engel –
Em 1987, a Lei 7643 proibiu a caça de cetáceos em águas jurisdicionais brasileiras. Este foi realmente um passo importante, para um país que até então ainda mantinha uma estação baleeira em Costinha, na Paraíba, e cujos representantes participavam das reuniões da Comissão Internacional da Baleia [CIB] para defender a caça comercial de baleias.
Os baleeiros foram vencidos pela maior campanha mundial pró-conservação de que se tem notícia, que foi exatamente a campanha pelo fim da caça das baleias e implementação da moratória internacional que vigora até os dias de hoje.


FMA – Você sempre diz que o Brasil trocou os arpões pelas máquinas fotográficas. Além da força de proteção ambiental, há outras vantagens?
Márcia –
Sim, está comprovado que uma baleia viva gera muito mais renda para as comunidades adjacentes à sua área de ocorrência do que no prato de um japonês ou norueguês.
O turismo de observação de baleias gera mais de 1 bilhão de dólares/ano em 90 países. Segundo pesquisadores da Massey University, uma baleia jubarte viva, ao longo de 50 a 60 anos de vida, promove cerca de 1 milhão de dólares para operadores turísticos, hotéis, lojas, e restaurantes da comunidade local. Nos mercados japoneses, os produtos derivados de uma baleia caçada proporcionam cerca de 250 mil dólares. A renda, que no período da caça se concentrava nas mãos de poucos, é melhor distribuída no turismo de observação de baleias.
No Brasil esta modalidade turística surgiu na década de 90, com o turismo de observação das baleias jubarte no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Ele encontra-se em franco processo de desenvolvimento, com grande potencial, principalmente na Bahia, com as jubarte, e em Santa Catarina, onde ocorrem as baleias da espécie franca.
Na Praia do Forte, somente em 2004, 1.300 visitantes participaram de passeios para observação destas baleias. A utilização das baleias, pelo turismo, constitui ainda uma ferramenta muito interessante de sensibilização do grande público para a conservação marinha.


FMA – Dá para fazer, ano a ano, uma retrospectiva sobre a situação das baleias jubartes no Brasil, desde 1986?
Márcia –
Quando o Projeto Baleia Jubarte foi criado, em 1988, havia uma pequena população de baleias jubarte concentradas na região de Abrolhos. Foi o que restou após anos de caça comercial realizada no Brasil e em vários outros países, que levou à beira da extinção quase todas as populações de grandes baleias.
As jubartes foram intensamente caçadas ao longo da costa do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia e Paraíba. Na cidade de Caravelas, ponto mais próximo no continente do arquipélago dos Abrolhos, a caça de jubartes constituiu importante fonte de renda local até 1939.
Durante os trabalhos de implantação do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, em 1987, foi constatada a presença destes animais e a necessidade de se iniciar um projeto de conservação, que garantisse não apenas sua sobrevivência, como recuperação populacional, diante de uma série de impactos antrópicos a que estes animais estão submetidos no ambiente marinho.


FMA – E depois de 1988?
Márcia –
A população de baleias jubarte iniciou um processo de recuperação lenta, mas gradual. Hoje, cenas de jubartes saltando a poucas milhas da praia, na região de Salvador, têm se tornado cada vez mais freqüentes, assim como em vários outros pontos da costa da Bahia e Espírito Santo.
O Instituto estima que ao menos quatro mil baleias desta espécie busquem as águas da Bahia e Espírito Santo todos os anos, durante a temporada reprodutiva, entre julho e novembro.


FMA – Você participa, pelo Brasil, da Comissão Internacional da Baleia, órgão que regulamenta a caça das baleias. Como funciona esta comissão?
Márcia –
A Comissão é formada por 45 países, que se reúnem anualmente para discutir a caça e conservação de baleias. Atualmente está em vigor uma moratória internacional, que proíbe a caça comercial de baleias no mundo.
A Comissão é dividida em Comitê Científico – onde são discutidos os aspectos técnico-científicos relacionados à caça, subsidiando a tomada de decisões pelos governos dos distintos países baleeiros e conservacionistas – e a Plenária, onde cada país tem direito de voto e são deliberadas questões de regulamentação e funcionamento da Comissão e aplicação da moratória.


Márcia Engel: O Brasil luta para criar o Santuário de Baleias do Atlântico Sul


FMA – Quando foi a última reunião da Comissão e quais os temas tratados?
Márcia –
A última reunião ocorreu em junho de 2005, em Ulsan, Coréia do Sul. A Comissão Internacional da Baleia se reúne anualmente para discutir a moratória internacional da caça às baleias, e neste item estão contempladas a caça de subsistência ainda praticada por populações aborígenes, a caça para fins científicos, a criação de santuários de baleias para proteção integral das espécies.
O subcomitê sobre turismo de observação de baleias [whalewatching] discute o uso não-letal de cetáceos para a geração de renda para as comunidades locais e é um dos temas fortemente apoiados pelo Brasil.
Em 2004 foi criado o Comitê de Conservação, subsidiado pelo bloco de países pró-conservação e que constitui uma importante vitória para países como o Brasil. O Brasil participou do Comitê Científico gerando informações sobre whalewatching, estimativas populacionais e genética de jubartes, impactos antrópicos em cetáceos, e pesquisa de pequenos cetáceos. A delegação brasileira reapresentou a proposta de criação do “Santuário de Baleias do Atlântico Sul”, bem recebida no Comitê Científico, mas não aprovada na Plenária devido à clara polarização dos países-membros da CIB em dois blocos, um pró-caça e outro a favor da conservação, o que dificulta muitos avanços e o estabelecimento de diretrizes sobre os temas tratados.


FMA – O mundo tem discutido muito a questão do ecoturismo para observação de aves e baleias. O whalewatching tem outras importâncias?
Márcia –
É uma ferramenta fantástica de sensibilização da opinião pública a favor da conservação, não apenas das baleias, mas do ecossistema marinho como um todo.
O espetáculo de uma baleia de 40 toneladas projetando ¾ de seu corpo para fora d’água através de um salto ou a tranqüilidade de uma fêmea com seu filhote recém nascido, um “bebezinho” que já pesa cerca de duas toneladas e mede em torno de 4m de comprimento, são cenas inesquecíveis. A imagem promove uma verdadeira sensibilização aos observadores. É considerada a melhor forma de se conseguir mais adeptos contra à caça comercial de baleias.


FMA – Com a proteção internacional e o aumento considerável da população das baleias, esse movimento a favor das baleias e contra a caça pode perder a força?
Márcia –
Ao contrário, o caminho ainda é bastante longo. Apesar da aparente recuperação de várias populações de baleias, elas ainda estão muito aquém dos números existentes antes da caça.
No Brasil, as populações de francas e jubartes foram praticamente dizimadas, a ponto de não se ter mais notícia destes animais durante vários anos. Estimativas recentes (e ainda incertas) indicam que a atual população de jubartes brasileiras é de aproximadamente de 25% da população original. Os encalhes decorrentes de atropelamento por embarcações, emalhamento em redes de pesca, contaminação e ensonificação do ambiente marinho, precisam ser monitorados e minimizados para que se consiga garantir a sobrevivência e recuperação destes animais.
O Japão pretende iniciar a caça “científica” desta espécie ainda em 2005, utilizando como principal argumento sua recuperação populacional, mas desconsiderando as pressões antrópicas a que a espécie está sujeita e a incerteza das estimativas do tamanho das populações.


Summary


Márcia Engel – Interview
Márcia Engel, from Porto Alegre, began working with whales in 1992 when Júlio Gonchorosky, the Director of the Parque Nacional Marinho dos Abrolhos at the time, invited her on board. She had been an intern in 1990 and when she graduated with a degree in Biology in 1991, received the invitation. “This job is my passion. It gives meaning to my life,” says Márcia. In 1996 she helped create the Instituto Baleia Jubarte, a NGO that now provides administrative and financial support in the conservation and research efforts for the humpback whales. Márcia Engel is currently the director of the project.


Environmental Protection Law – In 1987, Law 7643 prohibited Cetacean hunting in Brazilian waters. This was a very important step for a country that, up till then, still had a whaling station in Costinha, in the state of Paraíba, and whose representatives participated in the meetings at the International Whaling Commission as whaling advocates. The whalers lost to the pro-conservation worldwide campaign that ended whaling and implemented an international moratorium, which is still in place today.


Whale watching – it has been proven that a live whale generates much more income for the communities near their sightings than as a meal on a Japanese or Norwegian plate. Whale watching tourism generates over US$1 billion per year in 90 countries. According to researchers from Massey University, over the 50 to 60 years a humpback whale lives, it generates around US$1 million for those in the tourism, hotel, retail, and restaurant business in the local communities. In the Japanese markets, products derived from a caught whale yield about US$ 250 thousand. The income that once belonged to only a few during the whaling season is now better distributed among those in the whale watching tourism business.
This modality of tourism began in Brazil, in the 90s, with humpback whale watching tourism at the Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. It is growing and has great potential, especially in the state of Bahia with the humpbacks, and in the state of Santa Catarina with whales of the Franca species. In 2004 alone, 1.300 visitors participated in whale watching activities at the Praia do Forte. Whale watching tourism is also a very useful tool to increase the public’s awareness of marine conservation.
The awe inspiring view of a 40 ton whale projecting ¾ of its body out of the water with a jump, or the tranquil sight of a female swimming with her newborn pup, which already weighs about 2 tons and is around 4 meters in length, are unforgettable scenes. These images promote an effective awareness in the observers. It is considered the best way to increase the number of people against whaling.


Repopulation – The humpback whales began a slow but gradual process of repopulation. Today, sightings of humpback whales jumping a few miles from the beaches in Salvador, and other places on the coastline of Bahia and Espírito Santo, are becoming more and more frequent.
The Institute estimates that at least four thousand humpback whales seek the waters of Bahia and Espírito Santo every year during the mating season, between July and November. In Brazil, the Franca and humpback whale populations were practically decimated, to the point of there not being any sightings of these animals for several years. Recent estimates indicate that the current Brazilian humpback whale population is approximately 25% of its original population. The beachings caused by sea vessels running into them, getting caught in fishing nets, ocean contamination and ensonification must be monitored and minimized to try and guarantee the survival and repopulation of these animals.


Whalewatching


Show na Bahia! De baleias
Não é só axé, carnaval e acarajé que atraem turistas. Ás águas quentes do litoral baiano atraem baleias jubarte que maravilham ecoturistas do mundo inteiro



Silvestre Gorgulho, da Praia do Forte
Tudo nela é descomunal. Adulta, pode medir até 16 metros. Seu peso chega a 40 toneladas. Seu filhote já nasce com três metros, pesando algumas toneladas. E mama cerca de 200 litros de leite por dia. Mesmo estando entre os maiores cetáceos do mundo, ela é extremamente dócil. Tão grande e tão dócil que quase chegou à extinção pela facilidade com que é caçada. Até 1986, os navios baleeiros a caçavam indiscriminadamente aos milhares. Esquartejadas em instalações próprias chamadas “armação” eram retiradas a carne, a gordura e o osso. A caça de baleias era uma atividade de grande retorno econômico. O óleo era matéria prima preciosa, utilizado na iluminação. No século 17 e 18, as avenidas do Rio de Janeiro, Salvador e Recife e muitas outras cidades eram iluminadas com óleo de baleia. Também lamparinas e lampiões caseiros utilizavam o óleo que era, ainda, usado para se fazer argamassa para construção de casas. Barbatanas, ossos e dentes eram fundamentais na indústria de botões, gurada-chuvas e até na confecção de espartilhos e sutiãs. Pelo alto valor econômico, eram caçadas ao extremo. A população de baleias caiu de mais de 300 mil para cerca de 35 mil indivíduos. Um massacre que provocou a ira de ambientalistas e que levou o governo brasileiro a tomar medidas de proteção.


O litoral brasileiro foi palco de muita caça de baleia jubarte. Milhares delas foram mortas porque representavam um produto de alto valor econômico. Dóceis, indefesas e alvo fácil pelo tamanho, os pescadores baleeiros não perdiam viagem. Com poderosos e certeiros arpões, estes cetáceos eram caçados ao buscar as águas quentes do litoral brasileiro, vindos do Pólo Sul, para reprodução. Em 1966, a Comissão Internacional da Baleia (CIB) proibiu a caça de baleias, e em 1986, passou a vigorar uma moratória mundial da caça comercial de baleias. Atualmente, apenas Japão, Noruega e a Islândia violam a proibição.
O Brasil aderiu à medida proibitiva com decreto assinado pelo então presidente José Sarney, em 1986. Desde 1987, há uma lei federal que proíbe a caça de baleias em território nacional. O Brasil é hoje um dos mais importantes defensores destes mamíferos marinhos no cenário internacional.
Além disso, a baleia jubarte (Megaptera novaeangliae) consta da lista do Ibama de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção e do apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Flora e Fauna Selvagens-CITES, além de constar na categoria vulnerável da IUCN (World Conservation Union).


O Instituto e o turismo de observação de baleias







É uma cena inesquecível ver a tranqüilidade de uma baleia que parece se exibir aos turistas

Há 17 anos, o Instituto Baleia Jubarte – IBJ é responsável pela proteção da espécie no Brasil, em parceria com o Ibama. Para 2005, o Instituto, que é patrocinado pela Petrobras, enfrenta dois novos desafios – implantar o turismo de observação de baleias nas cidades de Salvador e Itacaré, e dar continuidade ao já bem sucedido monitoramento desenvolvido na Praia do Forte (litoral norte), em Prado e Caravelas (sul).
Na temporada de 2004, com a atividade do turismo de observação de baleias e de pesquisa, técnicos do IBJ avistaram 1.326 baleias. 796 foram observadas em Abrolhos, no extremo sul do Estado, e 530 na Praia do Forte, ao norte de Salvador.


Whalewatching
O aumento expressivo do número de baleias avistadas no litoral norte da Bahia permitiu ao IBJ, em parceria com empresas de turismo da região, introduzir o turismo de observação de baleias, também conhecido por whalewatching.
O turismo de observação é uma das atividades ecoturísticas que mais cresce no mundo, por permitir aos turistas o contato com os animais em seu habitat natural.
Os pesquisadores do Instituto aproveitam os cruzeiros do turismo de observação de baleias para colher dados científicos, observar o comportamento das jubarte e sua interação com as embarcações.


Ecoturismo
Além da foto-identificação e do monitoramento do turismo de observação de baleias, o IBJ também realiza outras atividades. Tais como: registro e resgate de animais encalhados nas praias do litoral da Bahia, censo aéreo, análises genéticas e de poluentes, estudos de comportamento e do canto das baleias, estimativas populacionais e da distribuição das baleias jubarte, e estudos sobre a ecologia dos botos cinza (Sotalia guianensis) e sua interação com barcaças que transportam celulose no extremo sul do litoral da Bahia.
Além das pesquisas, os técnicos do IBJ realizam atividades de Educação Ambiental com estudantes, pescadores, e moradores das comunidades do litoral norte e do município de Caravelas, no extremo sul da Bahia, onde está situada a sede nacional do instituto.
Em Caravelas, o Instituto também é responsável pelas atividades de Educação Ambiental no entorno do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, na Área de Proteção Ambiental (APA) da Ponta da Baleia e nas comunidades próximas à Reserva Extrativista de Corumbau.
Além de apoiarem várias atividades junto à comunidade, como a Festa da Baleia, realizada sempre no final da temporada, em novembro. Há, ainda, o Patrulha Ecológica, que atende cerca de 30 adolescentes.


Mais informações:
Os interessados em participar dos cruzeiros de avistagem de baleias jubarte no litoral da Bahia, podem contactar as seguintes operadoras, que trabalham em parceria com o IBJ, e parte da renda arrecadada com o whalewatching é destinada ao trabalho de conservação das baleias jubarte:
Salvador e Praia do Forte:
www.prdoforte.com.br/ (71) 3676-1091 e 8802-8156
Itacaré: ecotrip@ecotrip.tour.br tel: (73) 3251-2191
Caravelas: abrolhosturismo@uol.com.br
tel: (73) 3297- 1149 e (73) 3297-1332
Instituto Baleia Jubarte www.baleiajubarte.com.br
tels: (71) 3676-1463 / 8127- 8983 (73) 3297-1340 / 8102-4058
Hotel: EcoResort & Thalasso Spa
www.ecoresort.com.br fone: (71) 3676-4000


Espécies de baleias







Espetáculo de encher os olhos no turismo de observação de baleias: o filhote e a mãe encantam ambientalistas e turistas

Qualquer um dos mamíferos marinhos denominados cetáceos recebe o nome de baleia ou golfinho. Há uma diferença básica de outros mamíferos como a foca e o leão marinho: as baleias passam toda vida na água. Outro dado: as espécies que têm mais de 4 metros de comprimento são chamadas baleias, enquanto as espécies menores formam o grupo dos golfinhos.


1. Baleia-jubarte, também chamada baleia-corcunda, é a baleia mais bem conhecida de todas as existentes. Realiza migrações entre as águas polares e as subtropicais. No pólo, é onde se alimenta no inverno, enquanto no trópico dá à luz a sua única cria, que na época da caça era denominada baleote. Pode alcançar 16m de comprimento e o dorso é arqueado ou corcunda (daí seu nome). Costuma saltar no ar, por cima da água, deixando visível todo o seu corpo. Gosta de se alimentar de krill e pequenos peixes, abrindo a boca e engolindo toneladas de água junto com eles. Depois, empurram com a língua a água para dirigi-la com força até as barbatanas, que atuam como peneira, retendo o alimento e expulsando a água. Classificação científica: família dos Balenopterídeos, sub-ordem dos Misticetos, ordem dos Cetáceos. É classificada com o nome científico de Megaptera novaeangliae.


2. Baleia-azul é o maior animal existente na Terra. Pode superar um comprimento de 30 metros. O corpo é cinza, com manchas pálidas, cuja disposição é diferente em cada indivíduo. São uma espécie de impressões digitais. A tonalidade azul aparece quando está submersa e o dia é ensolarado. A espécie se alimenta de plâncton e peixes. De maneira semelhante ao resto das baleias com barbatanas, abre a boca para deixar entrar a maior quantidade de água possível, força a água para que passe pelas barbatanas e o alimento fica preso. Classificação científica: família dos Balenopterídeos, sub-ordem dos Misticetos, ordem dos Cetáceos. Recebe o nome científico de Balaenoptera musculus.


3. Baleia-cinza é de tamanho médio e habita somente a zona norte do oceano Pacífico. Não ocorre no Brasil. É um dos mamíferos que realiza uma das migrações mais longas, pois percorre uma distância de 10.000 km desde as baías do norte do México, onde a fêmea pare sua cria no inverno, até o norte do mar de Behring, onde se alimenta, no verão, de invertebrados que filtra com suas barbatanas. Também possui sua impressão digital, pois a pele, salpicada de cor negra, cinza e branca, forma um desenho característico que permite diferenciar cada indivíduo. Classificação científica: é a única espécie vivente da família dos Escrictídeos, sub-ordem dos Misticetos, ordem dos Cetáceos. É classificada como Eschrichtius robustus.


4. Baleia-franca pertence à família dos Balenopterídeos, sub-ordem dos Misticetos (baleias de barbatanas). Entre os cetáceos que freqüentam os mares do Brasil, é um dos mais fáceis de se observar, pois aproxima-se muito da costa, na época de reprodução e criação dos filhotes. Esse período vai de junho a novembro. Dóceis e lentas, foram caçadas até quase a extinção. Classificação científica: é a espécie Eubalaena australis. A baleia franca do hemisfério Norte é a Eubalaena glacialis.


5. Baleia Beluga é de cor branca e pertence ao grupo das baleias dotadas de dentes. Não ocorre no Brasil. Tem aletas curtas e se movimenta em bandos. Pode emitir muitos tipos de sons. Além disso, emite ultra-sons, pois tem um sonar. Originária das regiões árticas, elas também são chamadas de golfinho branco. Classificação científica: família dos Monodontídeos, sub-ordem dos Odontocetos, ordem dos Cetáceos. Classifica-se como Delphinapterus leucas.


6. Cachalote é a maior baleia dentro do grupo dos cetáceos com dentes (Odontocetos). Vive em todos os oceanos, exceto na zona ártica. Os cachalotes são migratórios, dirigem-se para o equador durante a época de reprodução e vão para latitudes mais elevadas para se alimentar. São facilmente reconhecidos: têm uma cabeça retangular enorme. Apresentam dentes cônicos e grandes apenas na mandíbula inferior.


7. Baleia Minke anã (Balaenoptera acutorostrata) tem coloração cinza com peitorais brancas. Pode chegar a 8 metros e pesar 6,5 toneladas. É a menor de todas as baleias e a mais abundante. São animais migratórios e cosmopolitas. Possuem um borrifo mais discreto e não costumam formar grandes grupos.


8. Baleia Minke antártica (Balaenoptera bonaerensis) tem coloração cinza no dorso e branco no ventre. Pode chegar a 11 metros e pesar 10 toneladas. Só ocorre em território antártico e foi uma das mais caçadas. Também são animais migratórios e cosmopolitas e possuem um borrifo mais discreto. Não costumam formar grandes grupo.


VOCÊ SABIA?


01. Com 34 metros de comprimento e pesando 170 toneladas, essa foi a maior baleia caçada até hoje. Uma baleia-azul fêmea.


02. Uma baleia pode chegar a três vezes o tamanho de um dinossauro. Portanto elas são os maiores animais existentes.


03. O desenvolvimento de uma baleia só é possível porque a água suporta o peso contra a força da gravidade, o que não acontece com os animais terrestres.


04. Um filhote que nasce com mais de três metros de comprimento, é amamentado por quase um ano e quando desmama já possui cerca de 9 metros.


05. Uma baleia vive cerca de 50 anos.


06. A baleia Cachalote é a única fonte mundial de âmbar-cinzento, matéria básica para indústria de perfumes caros. Elas se alimentam da lula gigante. Como nunca conseguem digerir os bicos duros da lula, estes permanecem em seus aparelhos digestivos produzindo uma substância escura e fétida: o âmbar-cinzento, que é a melhor substância conhecida para conservar o aroma dos perfumes.


07. Nos séculos 18 e 19, o óleo de baleia era usado para iluminação e para lubrificação. E, na Europa, o óleo é usado na manufatura de 50% da margarina.


08. As barbatanas eram usadas na confecção de quarda-chuvas, serviam de chicotes, davam resistência e elegância aos espartilhos e sutiãs. Dentes de baleias são usados para se fazer teclas de piano e botões.


09. As baleias têm boa visão. Mas as baleias com dentes possuem um sistema de orientação adicional: soltam sons agudos na água e, graças aos ecos de retorno, podem localizar com precisão qualquer corpo sólido.


10. As tecnologias desenvolvidas para uso do petróleo e do plástico acabaram por salvar muitas baleias: partes do animal foram sendo substituídas por produtos sintéticos. Permanece o interesse na carne para alimento.


Summary


Whale show in Bahia
Axé music, carnival, and typical food, such as acarajé, are not the only things that attract tourists to Bahia. Hot springs in the Bahian bay area attract whales and leave ecotourists from all over the world awestruck.


Everything about the humpback whale is overstated. They can reach 16 meters in length as adults. Its weight can be as much as 40 tons. Their babies are born 3 meters in length and weigh a few tons. They consume around 200 liters of milk per day. Even though they are among the largest of the cetaceous in the world they are extremely docile. So large and so docile they nearly became extinct because they were easy to capture. Up until 1986 thousands of these whales were killed indiscriminately. Butchered, in places set up specifically for this purpose, where their meat, fat, and bones were removed. Whaling was a profitable activity. The oil was a precious raw material used in lighting. In the 17th and 18th century, the avenues of Rio de Janeiro, Salvador, Recife, and many other cities were lit by whale oil. It was also used for oil lamps in homes and in house construction materials. Fins, bones, and teeth were important in the button, umbrella, and even bra industry. Because of its high market value, they were hunted to the extreme. The whale population fell from over 300 thousand to 35 thousand. A massacre that fueled the anger of environmentalists and led the Brazilian government to take protectionist measures.
For 17 years, the Instituto Baleia Jubarte – IBJ, in conjunction with IBAMA, is responsible for the protection of the species in Brazil. In 2005, the Institute, which is funded by Petrobras, faces two new challenges: to implement whale watching tourism in the cities of Salvador and Itacaré, and to continue the already successful monitoring activity, developed in the Praia do Forte (north coast), in Prado and Caravelas (south).
In the 2004 season, with whale watching tourism and research activity, technicians from IBJ sighted 1,326 whales. Of these, 796 were sighted at the Banco de Abrolhos, in the southern most part of the state, and 530 at the Praia do Forte.

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Entrevistas

MARCOS TERENA

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De filho pródigo à liderança internacional, o índio, piloto e cacique Marcos Terena, tornou-se um líder respeitado e o ponto de equilíbrio entre autoridades brancas e os povos indígenas.

O índio, piloto e cacique Marcos Terena é uma liderança respeitada internacionalmente e o ponto de equilíbrio autoridades brancas e os povos indígenas. Terena tem uma de luta, de diálogos e de fé.
Voltemos no tempo. Em 1990, o jornalista Zózimo Barroso do Amaral deu em sua coluna do Jornal do Brasil uma nota, com o título “Procura-se” dizendo que o líder indígena Marcos Terena acabara de ser demitido da Funai, onde era piloto – mesmo tendo entrado em avião só como passageiro e morrendo de medo.
Foi na resposta de Marcos Terena ao JB, que se conheceu o valor, a grandeza, a altivez e a dignidade de um índio. Escreveu ele ao JB:
“Sou um dos 240 mil índios brasileiros e um dos seus interlocutores junto ao homem branco. Quando ainda tinha nove anos, fui levado a conhecer o mundo. Era preciso ler, escrever e falar o português. Um dia a professora me pôs de castigo, não sabia por quê, mas obedeci. Fiquei de frente para o quadro negro, de costas para a sala. Quando meus colegas entraram, morreram de rir. Não sabia o motivo, mas sentia-se orgulhoso por fazê-los rir. Eles riam porque descobriram meu segredo: meu sapato não tinha sola, apenas um buraco, amarrado por arame. Naquele momento, sem querer, acabei descobrindo o segredo do homem civilizado: suas crianças não eram apenas crianças. Apenas uma palavra as separava das outras crianças: pobreza.” 
E Terena continua sua carta:
“Um dia me chamaram de “japonês”. Decidi adotar essa identidade. E fiz isso por 14 anos.” 
Foi passando por japonês que Marcos Terena conseguiu estudar, entrar para a FAB, aprender a pilotar. Veio para Brasília. Deixou de ser japonês para voltar a ser índio. Ai descobriu que era “tutelado”. Mais: como tinha estudo, começou a explicar a lei para seus companheiros de selva. “Expliquei – diz ele – e fui acorrentado. Pelos índios, como irmãos. Pela Funai, como subversivo da ordem e dos costumes”. Veio o drama: continuar sendo branco-japonês e exercer sua profissão de piloto, ou voltar a ser índio, mesmo sendo subversivo. Marcos Terena era o próprio filho pródigo. Sabia ler, escrever, analisar o mundo, entender outras línguas. Mas, como índio, recebeu um castigo dos tutores da Funai: não podia exercer sua profissão, pilotar. Só depois de muita luta, recebeu seu brevê do Ministério da Aeronáutica. A carta de Terena ao JB continua. É linda. Uma lição! Quando publicada, mereceu uma crônica especial da Acadêmica Rachel de Queiroz.
E Terena, ao concluir sua carta, lembrou ao jornalista: “Não guardo rancores pela nota. Foi mais uma oportunidade de fazer valer a nossa voz como índio. Gostaria apenas que o jornalista inteirasse dessas informações todas e soubesse de minha vontade em tê-lo como amigo”. 
Respeitado por índios e brancos, sulmatogrossense de Taunay, Marcos Terena, 66 anos, maior líder do Movimento Indigenista Brasileiro – é um exemplo. Seu nome, sua obra e sua luta se confundem com a própria natureza: rica, dadivosa, exuberante, amiga e fiel.
CINCO BRANCOS E CINCO ÍNDIOS DE VALOR
1 – CINCO HOMENS BRANCOS QUE SOUBERAM OU SABEM VALORIZAR A CULTURA INDIGENISTA?
TERENA – O Marechal Cândido Rondon, o antropólogo Darcy Ribeiro, o escritor Antônio Callado, o cantor Milton Nascimento e o sertanista Orlando Villas Boas.
2 – QUAIS OS CINCO ÍNDIOS MAIS IMPORTANTES NA HISTÓRIA BRASILEIRA?
TERENA – Cacique Cunhambebe, da Conferência dos Tamoios; Cacique Mário Juruna, dos Xavantes; Cacique Raoni, dos Txucarramãe, Cacique Quitéria Pankararue; e Cacique Marcolino Lili, dos Terena.
3 – A POLÍTICA É UMA ARMA PARA SE FAZER JUSTIÇA OU UM CAMINHO MAIS FÁCIL PARA ENCOBRIR INJUSTIÇAS?
TERENA – O poder legislativo é um pêndulo necessário entre os três poderes. Mas a única participação que tivemos foi do Deputado Mario Juruna, eleito pelo voto do RJ. O ideal seria assegurar algumas cadeiras no Senado e na Câmara aos diversos setores sociais, como uma verdadeira “assembleia do povo brasileiro” e não somente aos sindicatos organizados ou aos cartéis dos ricos e poderosos.
POPULAÇÃO INDÍGENA HOJE
4 – NAS SUAS CONTAS, QUAL A POPULAÇÃO INDÍGENA HOJE NO BRASIL?
TERENA –  Já fomos mais de 5 milhões, com 900 povos. Hoje estamos em fase de reorganização e crescimento já beirando os 530 mil em aldeias, e depois dos eventos nacionais e internacionais de afirmação outros 500 mil em centros urbanos, com mais de 300 sociedades e 200 línguas vivas em todo o Brasil.
5 – AS MISSÕES RELIGIOSAS QUE ATUAM NAS ÁREAS INDÍGENAS SÃO BOAS OU RUINS?
TERENA – As missões religiosas sempre foram a parte a abençoar os primeiros contatos com os indígenas. Elas foram criadas para gerenciar os mandamentos bíblicos e cristãos, mas no caso indígena cometeram um grande pecado. Consideraram os índios como pecadores e sem almas por não usarem roupas e não terem a mesma fé dos brancos. Isso foi ruim pois sempre respeitamos de forma sagrado o Grande Espírito.
6 – OS ÍNDIOS JÁ SERVIRAM COMO MARKETING PARA OS PORTUGUESES (MOTIVO DE FINANCIAMENTO DE NOVAS EXPEDIÇÕES, POIS O MUNDO CATÓLICO TINHA QUE SALVAR ALMAS) JÁ SERVIRAM COMO MARKETING PARA CANTORES DE ROCK, PARA ONGS, PARA CANDIDATOS E PARA GOVERNOS. ÍNDIO É UM BOM MARKETING?
TERENA – Índio é uma marca muito boa, porque índio é terra, é ecologia, é bem viver. Isso não foi usado só por artistas da mídia, mas por fabricantes de joias, de produtos de beleza, de comida e medicina alternativas. Geralmente isso não traz nenhum retorno para nossa causa, basta ver o descaso como a Funai é tratada dentro do Governo e, com ela, os índios.
7 – QUEM PENSA GRANDE E QUEM PENSA PEQUENO NA FUNAI?
TERENA – Os índios pensam de forma ampla porque pensam nas suas terras, nos seus ecossistemas como fonte para o futuro do país. Em compensação os últimos presidentes da Funai foram passivos, paternalistas e incompetentes para a promoção dos valores indígenas e da própria instituição como empoderamento étnico, institucional e fonte de respostas para o País e para o mundo.
SONHO: DEMARCAÇÃO E CÁTEDRA ÍNDÍGENA
8 – JURUNA FOI UM LÍDER ELEITO PELO HOMEM BRANCO. VALEU, PARA OS ÍNDIOS, ESSA EXPERIÊNCIA PARLAMENTAR?
TERENA – A lembrança de Mário Juruna é um marco na história dos Povos Indígenas. Como Cacique foi o maior dos últimos tempos, sendo respeitado pelas autoridades brasileiras por sua forma de ser, mas como Parlamentar não foi bem assim. Houve falta de assessoria suficientemente hábil, para sua reeleição por exemplo, para abrir portas para novos valores indígenas, até hoje…
9 – QUAL O GRANDE SONHO DA FAMÍLIA INDIGENISTA PARA O ANO 2020?
TERENA – A demarcação de todas as terras. Cumprir a Constituição e não rasgá-la como querem alguns parlamentares como a bancada ruralista; eleger o maior número de vereadores e prefeitos índios; criar uma Cátedra Indígena com um perfil de Universidade Intercultural, e transformar a Funai num Ministério do Índio, e inovar nas relações com os poderes públicos, nomeando indígenas para esses cargos, pois eles existem.
10 – RELIGIÃO: O HOMEM BRANCO NÃO RESOLVEU SEUS PROBLEMAS COM A RELIGIÃO QUE TEM, MAS ACHA QUE DEVE LEVAR SUA RELIGIÃO PARA OS ÍNDIOS. O QUE ACHA DISSO?
TERENA – Os índios creem em Deus, o grande Criador. Muitas aldeias já aderiram aos costumes cristãos, tendo inclusive pastores e sacerdotes indígenas, que rezam e cantam na língua nativa. Acho que acima de tudo, Deus tem um plano para os índios. Ajudar o homem branco a conhecer o verdadeiro Deus, que fez os céus, a terra e a água, onde estão as fontes de sabedoria, de respeito às crianças e aos velhos, e dos alimentos e medicamentos do futuro. Lamentamos muito que em nome da Paz e do seu Deus, o homem branco continue matando.
11 – O QUE O ÍNDIO ESPERA DA CIVILIZAÇÃO, DO HOMEM BRANCO DE HOJE?
TERENA – Na verdade, agora estamos mais especializados em assuntos do branco, percebemos uma grande carência de metas e ideais que não dependem apenas de dinheiro ou poder. A sociedade do novo Milênio se perdeu entre as novas tecnologias e está gerando uma sociedade sem velhos e jovens, onde a Mulher por ser Mulher, poderá ser o equilíbrio, a tábua de salvação dos valores sociais, interétnicos, econômicos e religiosos. Um governo que defende o armamento de sua sociedade não está a favor do bem estar de seu Povo e sim dos interesses das indústrias de armas e guerras. O índio brasileiro não aceita ser parte da pobreza, mas quer mostrar que podemos ajudar, contribuir, mas dentro de um respeito mútuo.
“POSSO SER O QUE VOCÊ É, SEM DEIXAR DE SER QUEM SOU!”
12 – SUA LUTA É PROVAR QUE A DIFERENÇA CULTURAL É FATOR DE DISCRIMINAÇÃO QUANDO DEVERIA SER FATOR DE UNIÃO PELA PLURALIDADE ÉTNICA. VOCÊ CONSEGUE PASSAR ESSA MENSAGEM?
TERENA – Eu tive oportunidade de nascer em uma pequena aldeia, de estudar sem qualquer apoio ou cotas, e mesmo com a discriminação poder chegar a fazer um curso de aviadores na FAB. Aprendi muito com os valores militares. Tenho uma profissão rara, que é pilotar aviões. Outros índios não tiveram essa oportunidade. Muitos cansados, desiludidos voltaram para suas Aldeias para formar um novo espírito de lideranças tradicionais, religiosas e políticas. Mas no novo Milênio é impossível aceitar quaisquer argumentos que nos isolem das oportunidades, por isso quando começamos o movimento indígena nos anos 80, buscamos aliados para trocas de ideias dos nossos valores e da sociedade como um todo, organizando os índios, debatendo com mestres da Antropologia, da CNBB, da OAB, da SBPC, envolvendo artistas e personalidades – tudo isso ajudou a sermos melhores compreendidos. Ajudou-nos a levar uma nova mensagem aos brasileiros: “Posso ser o que você é, sem deixar de ser quem sou!”
CULTURA FORTE, MAS ECONOMIA FORTE
13 – OS ÍNDIOS PARECIS SÃO HOJE GRANDE PRODUTORES RURAIS. FAZEM DUAS SAFRAS POR ANO DE SOJA, MILHO, GIRASSOL E OUTROS PRODUTOS. TRÊS MIL ÍNDIOS FAZEM MAIS DE R$ 50 MILHÕES COM O AGRONEGÓCIO. TEM ÍNDIO PILOTO DE COLHEITADEIRA, AGRÔNOMO E TEM ÍNDIO ESPECIALISTA EM MERCADO. FUNAI E IBAMA CRIAM TODAS AS DIFICULDADES BUROCRÁTICAS A ELES. O QUE VOCÊ ACHA DISSO?
TERENA – Temos que olhar com desconfiança tudo que é mágico. Se todos os agricultores fossem plantar soja para ficarem ricos, não haveria pobreza e fazendeiros endividados com bancos e credores. Teríamos condições de plantar soja, mas também seguir os princípios indígenas de gerar a segurança alimentar familiar. O Agronegócio não funciona assim. Por outro lado, os irmãos indígenas estão se empenhando em fazer a sua parte, que é demonstrar sua inteligência no manejo com a terra e sua força de trabalho. Ainda não sabemos como foram feitos os acordos financeiros das partes envolvidas.
14 – VOCÊ ACHA QUE O GOVERNO ESTÁ MEIO INDECISO?
TERENA – O Ministério da Agricultura do governo Bolsonaro tem demonstrado sua contradição interna. Alguns assessores de alto nível emitem sons de discriminação histórica e até de ódio. Então como acreditar fielmente que esse Ministério é um aliado. Seria um marketing ou seria a reformulação do Anhanguera quando mentiu para os antigos donos dessas terras, ao ameaçar por fogo em todos os rios, ao acender um fogo com aguardente? O mais estranho é que os órgãos de fiscalização e controle e defesa dos povos indígenas como a FUNAI e o IBAMA, estão sendo descontruídos como tais, mas felizmente isso não acontece com o Ministério Público Federal, que certamente dará um norte nos encaminhamentos futuro.
De toda forma, sempre defendo a livre determinação dos Povos Indígenas, a começar pela demarcação territorial, com cultura forte, mas economia forte também.
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Entrevistas

Luiz Simões Lopes – Entrevista sobre o início do ambientalismo

O precursor do ambientalismo no Brasil

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LUIZ SIMÕES LOPES, o precursor do ambientalismo no Brasil

 Silvestre Gorgulho, FGV Rio de Janeiro

“…Todos os povos precisam dedicar atenção às suas reservas florestais. As florestas, nas suas múltiplas utilidades, têm posto de alto relevo na vida das nações, sob o ponto de vista econômico, sanitário e social”.

“… Sob todas as latitudes campeia, infrene, um sinistro espírito de destruição e os homens, tomados de uma demência coletiva que lhes acende diabolicamente as órbitas, lançam-se contra a árvore, sua benfeitora, na ânsia de desnudar a Terra. Por toda parte precisam surgir medidas de proteção.”

“As matas estão cada dia fugindo mais das aglomerações humanas e muitos de vós terão recordação de matas das quais não existem nem vestígios hoje em dia… No Brasil, grande parte dos brasileiros não conhece sequer a árvore que deu nome à Pátria – o Pau Brasil.”

Mais atual, difícil. Mais oportuno, nunca. Quando vemos hoje a ONU e outras entidades propondo estratégias para se obter um desenvolvimento sustentável, recomendando maneiras e ajudando a definir noções comuns relativas a questões ambientais, não podemos imaginar que, neste mesmo Brasil, tão alvo de agressões do exterior, há 59 anos, precisamente em março de 1930, um brasileiro reformista, inconformado, empreendedor e sonhador já estava lutando pela nossa natureza. E fantástico ver que, este brasileiro, com 86 anos, despachando oito horas por dia em seu gabinete, ainda propõe soluções para o hoje e para o amanhã, com a mesma serenidade, lucidez e competência com que, em julho de 1938, por exemplo, promoveu o divisor de águas da administração pública brasileira com a criação do DASP, ou quando assinou a Exposição de Motivos ao presidente da República, para a criação da Fundação Getúlio Vargas.

O professor Luiz Simões Lopes, gaúcho, agrônomo formado em Belo Horizonte, um dos criadores da FBCN – Fundação Brasileira para Conservação da Natureza, mentor e primeiro Diretor Geral do Serviço Florestal, lançador de revistas sobre cultura e educação, como a Revista Florestal, de onde foram tiradas estas citações, desde a década de 20 sinalizava, pela primeira vez no País, “que a Terra era uma bola frágil e pequena, dominada não pela ação e pela obra do homem, mas por um conjunto ordenado de nuvens, oceanos, vegetação e solos” (Comissão Brundtland-1988) Simões Lopes vislumbrou, desde então, a grandiosidade desta tarefa. A humanidade precisava agir conforme essa ordenação natural. Há mais de meio século, este brasileiro – único na sua medida do País – deu seu grito de alerta. Viva a vida !
Silvestre Gorgulho foi até sua sala na FGV, no Rio, e conversou com o professor. Eis a entrevista publicada na primeira edição da Folha do Meio Ambiente, em 1989:

Seu pai, Idelfonso Simões Lopes, foi ministro da Agricultura de Epitácio Pessoa. Este fato influenciou sua formação de agrônomo?
Simões Lopes –
Não, talvez tenha me interessado por agronomia, porque meu irmão mais velho estudou agronomia na Argentina. Numa escola famosa. E, também, porque nós tínhamos fazenda. Formei-me em Belo Horizonte, mais fui aluno da Escola Agrícola Luiz de Queiroz, em Piracicaba, lá fui presidente de uma associação de classe, que estava parada e que incluía também professores da escola. Consegui uma coisa muito importante que foi reviver a revista da associação que se chamava “O Solo”. Sou um criador de revistas. Em Niterói, trabalhei na revista “A Rama” e, no Ministério da Agricultura, criei a “Revista Florestal”, que passou a ser publicada pelo serviço Florestal do Ministério.

Todos os movimentos de saúde, de educação, de cultura e de valorizado do patrimônio têm seu apoio. Há 31 anos o senhor foi o fermento na criação da FBCN. Como foi?
Simões Lopes –
Não, eu não fui o criador. Fui um dos que tomou parte naquele movimento. Havia muito. A fundação foi criada por um grupo grande. Nesta época, eu trabalhava com e presidente Juscelino Kubitschek.

Quando o senhor começou a trabalhar com floresta?
Simões Lopes –
Eu já era funcionário do Ministério da Agricultura, em 1925, como oficial do Gabinete do ministro Miguel Calmon, e fui convidado para ser uma espécie de secretário da Comissão, que ele tinha designado para preparar a legislação inicial do Serviço Florestal.

O senhor também foi o criador de várias revistas.
Simões Lopes –
É que eu já tinha um interesse muito grande pelo assunto. Em 1930, eu já tinha a “Revista Florestal”. Este aqui é um número bonito que consegui fazer (mostrando o exemplar). Eu era o diretor técnico; o Francisco Rodrigues de Alencar, diretor – gerente. Foi em julho e agosto de 1930. Impressa no Rio de Janeiro e à minha custa. Não havia dinheiro do governo, apenas de publicidade.

Como compatibilizar ecologia e desenvolvimento?
Simões Lopes –
Não há incompatibilidade. O território onde está situado Berlim, uma das grandes cidades do mundo, tem 75% de sua área coberta de florestas.

Como o senhor vê a ocupação da Amazônia?
Simões Lopes –
Considero uma destruição. Ela deveria ser ocupada, mas de maneira racional. A tecnologia tem que ir na frente. Cientificamente. Conservando as matas densas, explorando, de maneira racional, as florestas. As nossas florestas, inclusive, são muito ricas até em remédios. Tirar uma floresta nativa e substituí-la por uma floresta produtiva é perfeitamente justificável. Poderá fazer um manejo. As árvores também têm vida, elas não vivem para sempre. Há uma certa época em que elas podem ser cortadas, desde que sejam replantadas ou que as filhas delas continuam nascendo. Mas não fazem isso, porque as queimam.

 

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Entrevistas

José Israel Vargas, o cientista ambiental

Vargas analisa Conferência de Kyoto

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em

José Israel Vargas, um cientista ambiental
Silvestre Gorgulho, de Brasília
José Israel Vargas, 70 anos, é o ministro de maior longevidade na atual Esplanada dos Ministérios: tomou posse com Itamar Franco, em setembro de 1992, e foi o único a continuar no Governo FHC. Segredo deste mineiro de Paracatu para tanto fôlego político: competência no fazer, discrição no atuar e honestidade no agir. Atualmente Vargas preside, além do Ministério da Ciência e Tecnologia, a Academia de Ciências do Terceiro Mundo, com sede na Itália, e é o vice-presidente da Comissão Mundial Independente sobre os Oceanos. É ele que lidera, também, cientistas e personalidades da América Latina para elaboração de um documento que será apresentado como reflexão Não-Governamental à Assembléia da ONU, neste ano, a ser realizada em Lisboa, que vai debater a questão ambiental dos oceanos. Como o ministro Vargas tem sido o chefe da delegação brasileira nos foruns internacionais que vem discutindo o efeito estufa, ninguém melhor do que ele para falar sobre a Conferência de Kyoto, onde teve uma participação importantíssima pelas suas posições firmes e avançadas.

Em relação aos compromissos assumidos na Rio 92 e não cumpridos, Kyoto foi um divisor de água?
Ministro –
Sim. Em 92, os países desenvolvidos assumiram o compromisso voluntário de buscar atingir, por volta do ano 2000, os mesmos níveis de emissões de 1990 de gases de efeito estufa. O que não será cumprido por muitos dos países industrializados. Em Kyoto os países assumem o compromisso legal, e não mais voluntário, de redução de suas emissões. Neste aspecto, a Conferência de Kyoto marca o início de um processo irreversível, com a inclusão de um novo fator no ordenamento jurídico das relações internacionais, ou seja, o da necessidade de limitar as emissões dos chamados gases de efeito estufa, em especial gás carbônico, pelas atividades humanas sob pena de mudarmos o clima do planeta.

Os países em desenvolvimento vão ter acesso às tecnologias para um desenvolvimento limpo?
Ministro –
A Convenção já estipula que os países em desenvolvimento devem procurar buscar trajetórias “mais limpas” de desenvolvimento social e econômico, ou seja, seguir desenvolvendo o país com menor emissão de gases de efeito estufa. A construção desta trajetória menos intensiva em gases de efeito estufa, entretanto, considerando que a maior prioridade dos países em desenvolvimento é o desenvolvimento sócio-econômico e, em especial, a erradicação da pobreza, está condicionada à obtenção de ajuda dos países desenvolvidos em termos de provisão de recursos e tecnologias adequados para este fim. A experiência obtida após 5 anos de implementação da Convenção nos mostra que esta ajuda não se materializou quer por dificuldades econômicas dos países desenvolvidos, quer pela falta de um mecanismo que acelerasse este processo. O Protocolo de Kyoto adotou como um de seus artigos, uma proposta, com modificações, que foi originalmente apresentada pelo Brasil e adotada por todo o bloco de países em desenvolvimento. Segundo esta proposta, será criado um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo em que recursos dos países desenvolvidos poderão ser aplicados como “oportunidades para auxiliar no cumprimento dos seus tetos de emissão” em projetos que visem a redução de emissões de gases de efeito estufa em países em desenvolvimento. A entidade que operar este mecanismo também se encarregará de certificar que as reduções alcançadas por cada projeto produzam benefícios reais. Este mecanismo poderá ser uma maneira efetiva de produzir a necessária transferência de recursos e tecnologias para os países em desenvolvimento.

Quais os compromissos do Brasil?
Ministro –
O Protocolo não estabelece metas de limitação de emissões para os países em desenvolvimento e, portanto, para o Brasil, porque estes países ainda se encontram em um estágio inicial de desenvolvimento com emissões crescentes. O compromisso do Brasil é o de avançar na implementação do compromisso inicial na Convenção, assumido na Conferência do Rio de Janeiro, em 92, por todos os países em desenvolvimento, ou seja, elaborar um diagnóstico da situação atual para apresentar às Nações Unidas. Neste diagnóstico serão estimadas nossas emissões dos principais gases de efeito estufa (em especial, gás carbônico, metano e óxido nitroso) em todos os setores de atividade humana que geram estes gases. É um esforço enorme se lembrarmos que as atividades humanas que geram gases de efeito estufa abrangem produção e uso de energia (termelétricas, refinarias, transporte, consumo nas residências etc.), produção de gases na indústria (cimento, química, papel e celulose, alumínio, uso de solventes, lubrificantes, vernizes e tintas etc.), uso da terra (desflorestamento, queimadas do cerrado, florestas plantadas), agricultura (pecuária, cultivo de arroz, uso de fertilizantes) e tratamento de lixo e esgoto. Neste esforço estamos envolvendo cerca de 60 instituições no Brasil dos diferentes níveis de governos, empresas públicas e privadas, universidades e organizações não-governamentais, com a ajuda dos maiores especialistas do assunto no país em cada um dos setores envolvidos.

Além do inventário de emissões, vamos apresentar o que o Brasil está fazendo no sentido de combater a mudança do clima. O Brasil tem feito muito em termos de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Iniciativas como o Pró-álcool, maior programa de energia renovável do mundo, o potencial instalado de 60 GW de hidrelétricas, os programas nacionais de conservação de energia, Procel (setor elétrico) e Conpet (setor petróleo e gás natural), o Prodeem (Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios) são programas no setor energético que permitem que o Brasil apresente um dos menores índices, no mundo, de emissão de gases de efeito estufa por unidade de energia gerada. Na área de uso da terra, vamos apresentar o trabalho de combate e prevenção de queimadas, o Projeto Prevfogo. Também no combate ao desmatamento da floresta amazônica, o Brasil foi pioneiro em utilização de sensoreamento remoto por satélite para avaliar a área anual desmatada e as emissões de gases, e recente legislação busca retirar todos os incentivos que existiam no passado que originaram o quadro atual de desmatamento.

Pessoalmente, o senhor acha que a Conferência de Kyoto foi um avanço?
Ministro –
Estou convencido de que a Conferência de Kyoto representa um novo passo no sentido de enfrentar o problema. A Convenção sobre Mudança do Clima, em 1992, estabeleceu o início do processo de discussão técnica, científica e política do problema de aquecimento global, um problema de longo prazo, assinado e ratificado por mais de 160 países. Em 1995, na 1º Conferência das Partes em Berlim, se verificou que os compromissos de estabilização das emissões contidos na Convenção não seriam atingidos e foi estabelecido o Mandato de Berlim para a elaboração de um protocolo que transformasse os compromissos voluntários em obrigação legais.

Berlim, depois Kyoto. O protocolo será cumprido?
Ministro –
O Protocolo estabelecido em Kyoto em dezembro de 1997 é o fim do processo iniciado em Berlim. Mediante o Protocolo de Kyoto a Convenção segue aprofundando os compromissos dos países e, em especial, dos países desenvolvidos que agora se comprometem, em um documento com vínculos legais, a reduzirem seus níveis de emissões entre 2008 e 2012 em cerca de 5%, tomando como base as emissões de gases de efeito estufa realizadas em 1990. Apesar de ser considerada uma meta modesta por algumas entidades, deve-se reconhecer que alguns países, como os Estados Unidos, por exemplo, emitem atualmente gases de efeito estufa em níveis superiores a 10% acima dos níveis de 1990, o que mostra, por um lado, a dificuldade de definição de políticas voluntárias, como proposto originalmente na Convenção, que efetivamente controlem o nível de emissões geradas pelas atividades econômicas. Por outro lado, o esforço para o cumprimento das metas de Kyoto implica importantes mudanças nas sociedades daqueles países.

No entanto, o problema é de longo prazo e existem incertezas sobre os efeitos do aquecimento global ao nível regional e local. Os cenários do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, que estimam aumentos da temperatura média da superfície terrestre entre 1 e 3,5 graus Celsius até o ano 2100; a dificuldade de separar os efeitos decorrentes da acumulação de gases de efeito estufa na atmosfera daqueles decorrentes da variabilidade natural do clima; os custos envolvidos ou o tempo necessário para a introdução de inovação tecnológica ou mudança de padrões de consumo são fatores que nos obrigam a planejar em um ambiente de incerteza e adotarmos a precaução como diretriz. A meta estabelecida em Kyoto, se cumprida, representa um primeiro passo na direção do desenvolvimento sustentável e na tentativa de combater o aquecimento global, ao mudarmos a tendência de interferência crescente das atividades humanas no sistema do clima.

Os países ricos vão cumprir o pouco que prometeram?
Ministro –
As dificuldades da solução do problema de aquecimento global decorre basicamente do fato de que os gases de efeito estufa permanecem por longos períodos na atmosfera, sendo que o dióxido de carbono, o principal gás de efeito estufa, permanece por mais de um século na atmosfera. A proposta do Brasil, apresentada nas discussões preliminares para a elaboração do Protocolo, mostra que o problema do aquecimento global foi originado principalmente pelas emissões dos países industrializados após a revolução industrial. Cabe aos países industrializados tomarem a iniciativa de liderança no processo de combater a mudança de clima. Nesse sentido, todos esperamos o cumprimento do Protocolo e certamente haverá uma fiscalização e uma cobrança permanente das promessas feitas em Kyoto. Os países em desenvolvimento que tanto vêm fazendo, apesar de restrições financeiras e tecnológicas, continuarão na busca do desenvolvimento sustentado e estarão prontos para assumirem suas responsabilidades em relação a um regime universal e justo de repartição do ônus de evitar a mudança do clima no momento em que os países industrializados mostrarem que estão efetivamente reduzindo suas emissões em níveis inferiores aos de 1990.

SUMMARY

José Israel Vargas, 70 years of age, in addition to serving at the head of the Ministry of Science and Technology, presides over the Academy of Third World Sciences, with headquarters in Italy, and is vice-president of the World Independent Commission on the Oceans. He also lead the group of scientists and leaders of thought from Latin America in the elaboration of a document to be presented as a non-governmental proposal to the United Nations Assembly to be held this year in Lisbon to debate the question of the ocean environment. In his role of Minister, Vargas also headed the Brazilian delegation in international forums discussing the greenhouse effect. So who better than he to speak about the Kyoto Conference, where he played a most important part by virtue of his forthright and progressive positions.

In terms of the unfulfilled commitments made at Rio’92, was a watershed achieved at Kyoto?
Minister Vargas:
Yes. In ’92, the developed countries made a voluntary commitment to seek, by the year 2000, to bring their emission of greenhouse gases back down to the same level as their 1990 emissions. Most of them have not fulfilled this promise. But in Kyoto these countries made a legally binding commitment, not a voluntary one, to reduce their emissions.

Do you personally feel that the Kyoto Conference was a move forward?
Minister Vargas:
I am convinced that it represents a new step in the way we are confronting the problem. The Convention on Climate Change, signed and ratified in 1992 by over 160 countries, established the beginnings of the process of a technical, scientific and political discussion of the problem of global warming, a long-term problem. In 1995 the First Conference of the Parties in Berlin, it was verified that the commitment made in the Convention to stabilize emissions was not being met, leading to the formulation of the Berlin Mandate establishing the protocol for transforming the voluntary commitments into legal obligations.

Berlin, then Kyoto. Will these obligations be met?

Minister Vargas: The Protocol established in Kyoto in December of 1997 is the culmination of a process begun in Berlin. By means of the Protocol of Kyoto, the Convention has deepened the commitments of the participating countries, and in particular, the developed countries, which now are committed, in a legally binding document, to reducing their level of emissions between 2008 and 2012 by approximately 5%, using the 1990 levels of greenhouse emissions as a base line reference. Although considered by some as a modest goal, it must be recognized that some countries, such as the United States for example, are now emitting greenhouse gases at a level more than 10% above those of the 1990 levels, indicating, on the one hand, the difficulty of defining policies voluntarily, as originally proposed in the Convention, that can effectively control the levels of emissions produced by economic activity. On the other hand, the efforts made to achieve the Kyoto targets imply important changes in the societies of these countries. The goal established in Kyoto, if achieved, represents a first step in the direction of sustainable development and in the fight to control global warming, in changing the tendency of human activities to interfere more and more in the global climate system.

 

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