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Rio Amazonas: aventura da nascente à foz

Pedro Werneck – ENTREVISTA

O enigma da nascente nos cumes gelados dos Andes e a grandiosidade da foz, no oceano Atlântico, fazem do rio Amazonas um mar de mistérios. Pedro Werneck se aventurou pelo maior rio do mundo e documentou sua geografia, cultura e diversidade nos 6.993 quilômetros percorridos. A chegada do expedicionário ocorreu justamente no Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho.










Pedro Werneck se aventura pelo maior rio do mundo e documenta sua geografia e cultura nos 6.993 quilômetros de muita diversidade


 


 


 


Qual o maior rio do mundo? Esta pergunta já foi respondida por pesquisadores e referendada por aparelhos científicos de última geração. Onde nasce o rio Amazonas? Esta pergunta também já foi respondida por técnicos brasileiros e peruanos, em 2007. Mas muitas outras perguntas e respostas vão ser dadas nesta reportagem que conta uma aventura do documentarista e expedicionário brasileiro, Pedro Werneck, que percorreu sozinho o maior rio do mundo, desde sua nascente, nas montanhas geladas do sul do Peru, até a foz no oceano Atlântico, no Brasil.


Desde a oficialização por Peru e Brasil, em 2007, do local da nascente do rio Amazonas, e após a publicação pelo INPE, em 2009, dos trabalhos de medição comparativa do comprimento do Amazonas e do rio Nilo, a expedição do documentarista Pedro Werneck foi a mais completa. Ele percorreu quase sete mil quilômetros: a pé pelos Andes, de carro margeando a nascente, e de barco no sentido Oeste para Leste, pelo lado do Peru e do Brasil.
A expedição navegou por toda a extensão do sistema Apurimac-Ene-Tambo-Ucayali-Amazonas, registrando a geografia, a cultura e toda diversidade do maior rio do Planeta. A expedição durou um mês e percorreu 6.993 quilômetros. Pedro Werneck seguiu as mesmas coordenadas utilizadas pelo INPE para a medição do Amazonas. Ele foi o primeiro documentarista do mundo a descer o Amazonas, a partir da nascente e ir até o extremo da foz e não apenas até Macapá ou Canal Norte.


 


 Pedro Werneck   ENTREVISTA


18 de Junho de 2009


Pedro Werneck chegou a Belém e ao extremo da foz no dia 5 de junho de 2009, quando se comemorava o Dia Mundial do Meio Ambiente. Na chegada, o expedicionário foi recebido com uma grande festa na Estação das Docas, com homenagens da comunidade científica, do público e da Marinha do Brasil. Nesta entrevista, Pedro Werneck dá suas impressões sobre a aventura.


 


A chegada de Pedro à foz do Amazonas, no Oceano Atlântico


 


 


 


 


FMA – O que levou você a
fazer esta grande expedição?

Pedro Werneck – Meu principal objetivo é sempre chamar a atenção para a importância do rio Amazonas, não apenas para o Brasil, mas para o Planeta. O Amazonas é um rio que empurra o Oceano Atlântico, despejando um volu­me de água impressio­nante.
A vazão é de mais de 300 mi­lhões de m3 por segundo.
Mas minha ligação com o rio Amazonas é bem antiga. Tenho acompanhado, desde pequeno, os trabalhos de meus pais, a jornalista e escritora Paula Saldanha e o biólogo e documentarista Roberto Werneck. Eles estiveram na nascente do Amazonas, ao sul do Peru, em novembro de 1994. Nossa produtora RW Cine organizou e financiou a Primeira Expedição Científica Brasileira e Peruana, em 2007, que fixou marcos geodésicos e oficializou o setor da nascente do Amazonas. A partir dessa oficialização, o INPE pode concluir os trabalhos de medição do Amazonas.


FMA –  Qual foi a parte mais difícil?
Pedro –  Passei por momentos muito pesados e perigosos. Primeiro, a subida ao cume do Nevado Mismi, com quase seis mil metros de altitude. A partir dos 5 mil metros, começa a chamada a zona da morte, porque você tem apenas metade do oxigênio na atmosfera e qualquer esforço provoca, no mínimo, tonteiras e uma grande falta de ar.
O mais difícil foi agüentar a temperatura de 20 graus negativos. Nosso acampamento sobre o gelo e a neve foi castigado à noite pelo vento e a sensação térmica era de menos 30 graus.


FMA – O que você encontrou no cume das monta­nhas andinas?
Pedro – É muito curiosa essa região do Nevado Mismi, porque ele é o divisor de águas, dos rios que correm para sudoeste, para o Oceano Pacífico, a apenas 300 quilômetros, e dos rios que correm para nordeste – como é o caso do Amazonas (ou sistema Apurimac-Ucayali-Amazonas), que percorre quase 7 mil quilômetros e vai desaguar no Oceano Atlântico.
Outra coisa que me encantou foi documentar a drenagem da laguna McIntyre, considerada nascente do Amazonas. Essa laguna glaciar alimenta a Quebrada Carhuasanta, com águas que passam por entre as pedras.


FMA – Qual o trecho do rio que mais impressionou?
Pedro – Durante toda a expedição passei por trechos muito interessantes e diversos. Aliás, diversidade é um conceito maravilhoso, quando se fala do Amazonas: diferentes paisa­gens, culturas, populações. Paisagem e cultura dos Incas, no Alto Apurimac, tradições da floresta nas Amazônias peruana e brasileira. Agressões ao rio e à mata ciliar e à própria Floresta Amazônica.


FMA – Como foi a descida do maior rio do Planeta?
Pedro – Desci os trechos do Amazonas nas montanhas dos Andes, a pé, caminhando na neve. Depois, fui acompanhando riachos que se juntam para formar o famoso Apurimac – o rio sagrado dos incas. Fui bordeando o Apurimac, de carro e navegando em pequenos botes. Já na planície, enfrentei infindáveis jornadas de barco de carga, navegando pelo Ucayali, na selva peruana. O Apurimac e o Ucayali são, na verdade, o próprio Amazonas, com os nomes dados nas diferentes regiões.


FMA – O que sua expedição traz como novidade?
Pedro – Fui a primeira pessoa do mundo a descer o rio Amazonas, seguindo as coordenadas fornecidas pelo INPE – do ponto extremo de onde desce a primeira gota para formar o Apurimac-Ucayali-Amazonas, até o extremo da foz, no oceano Atlântico. Outras pessoas desceram, a partir de nascentes de afluentes – muitas vezes a partir do Marañon –  e terminaram suas jornadas, antes do extremo da foz.
É importante ressaltar que muita gente acha que o rio Amazonas começa em Iquitos e corre para leste, por causa da nomenclatura, nos mapas. Este ponto está ao norte do Peru, enquanto a verdadeira nascente está ao sul.


 


Uma preguiça presa – o tráfico de animais é uma constante


 


 


Quem é Pedro Werneck
A regra é clara e o DNA não mente: filho de peixe, peixinho é. Pedro Werneck é filho da jornalista, autora e ilustradora de livros Paula Saldanha e do biólogo/fotógrafo Roberto Werneck. Nasceu vivendo a aventura expedicionária dos pais. Pedro, além da paixão pela natureza e pela aventura, é documentarista especializado em produções sobre meio ambiente. Há seis anos tornou-se diretor, fotógrafo e editor da empresa criada por Paula e Roberto (RW Cine) há 32 anos. Há 25 anos, a família Werneck faz um dos melhores programas educativos e de aventura da tevê brasileira: a TV Expedições.


 


Mapa das etapas percorridas


 



Pedro Werneck fez o percurso em cinco etapas. A primeira etapa (nascente a Cailloma);   A segunda etapa (Cailloma a Atalaya);   A terceira etapa (Atalaya a Iquitos);   A quarta etapa (Iquitos a Manaus);   A quinta etapa (Manaus à Foz). Como previsto, a aventura de Pedro Werneck terminou no Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho.



 Pedro Werneck passou por momentos perigosos ao subir o cume do Nevado Mismi, com quase 6 mil metros de altitude


 


 


 


Barco de Atalaya a Pucalpa: pelo grande rio se comercializa de tudo, sobretudo madeira, frutas, animais e até drogas


 


 


 


FMA – Depois de concluir esta expedição, o que você planeja?
Pedro – As viagens não acabaram. Retornarei a alguns locais para documentar, de forma mais aprofundada algumas regiões. Depois, vou me concentrar ainda mais nesse projeto, para produzir um documentário longa-metragem: ‘Amazonas, maior rio do mundo – uma aventura da nascente à foz.’
Quero colocar o Amazonas em pauta. A região norte não tem apenas a maior floresta equatorial do mundo, mas uma colossal bacia hidrográfica, com a maior concentração de água doce, em estado líquido, do Planeta. Descer o Amazonas, da nascente à foz, e chamar a atenção para a importância do maior rio do mundo foi, realmente, uma expedição fantástica, a mais importante de minha vida!


 


Madeira nobre da Floresta Amazônica sendo retirada pelo Porto de Pucalpa


 


 


 


 





O RIO NILO


Por muito tempo o Nilo foi considerado o maior rio do mundo com extensão de 6.695 quilômetros


O rio Nilo também tem suas controvérsias quanto ao tamanho. O Nilo está no nordeste da África, com uma extensão é de 6.695Km (5.600Km desde o lago Vitória). Bacia: 3.000.000 Km2.
O rio nasce de um curso de água de Burundi, com o nome de Kagera, e depois se lança no lago Vitória, do qual sai denominado Nilo Vitória, em Uganda. Atravessa o lago Kioga e depois o lago Mobutu, recebendo então o nome de Bahr el-Gebel. Penetra no Sudão e recebe o Bahr el-Ghazal pela margem direita e o Sobat pela margem direita, tomando o nome de Nilo Branco.
Em Cartum, conflui com o Nilo Azul (procedente da Etiópia) e depois recebe o Atbara na região das cataratas.
Atravessa o Egito do sul ao norte,  lançando-se no mar Mediterrâneo por um grande delta, que começa no Cairo e avança em duas ramificações: a de Roseta (1.076m3/segundo) e a de Damieta (500m3/segundo).




 


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AMAZON RIVER ADVENTURE
Pedro Werneck adventures along the largest river in the world documenting the geography and culture of 6,993km of wide ranging diversity


18 de Junho de 2009


What is the largest river in the world? This question has been answered by researchers and substantiated by the latest scientific devices. Where is the source of the Amazon River? This question has also been answered by Brazilian and Peruvian technicians in 2007. But there are many other questions and answers that will be posed in this report that describe the adventure of the Brazilian documentary film maker and adventurer, Pedro Werneck, who traveled alone along the largest river in the world, from the source in the icy mountains in the south of Peru to the mouth in the Atlantic Ocean in Brazil.



Since the location of the source of the Amazon was made official by Peru and Brazil and afterward published by INPE in 2009, and the work involved in comparative measurement of the length of the Amazon and the Nile, the expedition conducted by the documentary film maker Pedro Werneck has been the most complete. He traveled 6,993 kilometers on foot through the Andes, by car along the source and by boat traveling East to West between Peru and Brazil. The expedition navigated the entire extent of the Apurimac-Ene-Tambo-Ucayali-Amazonas system, recording the geography, culture and all the diversity of the largest river on the planet. Pedro Werneck was the first documentary film maker in the world to travel down the Amazon, from the source of the river to the extreme mouth and not just as far as Macapá or the North Channel.


Who is Pedro Werneck
DNA doesn’t lie, Pedro Werneck is a chip off the old block; he is the son of journalist, author and book illustrator, Paula Saldanha and biologist/photographer, Roberto Werneck. He was born living the expeditionary adventure of his parents. Pedro, in addition to his passion for nature and adventure, is a documentary film maker specialized in productions concerning the environment. Six years ago he became a director, photographer and editor of the company created by his parents,  Paula and Roberto, (RW Cine) 32 years ago.  For 25 years, the Werneck family has produced one of the best educational and adventure programs for Brazilian TV:  TV Expedições.


The expedition stages
Pedro Werneck conducted the expedition in five stages. The first stage (mouth to Cailloma); the second stage (Cailloma to Atalaya); the third stage (Atalaya to Iquitos); the fourth stage (Iquitos to Manaus) and the fifth stage (Manaus to the mouth). As forecast, Pedro Werneck’s adventure ended on June 5, World Environment Day. When he arrived in Belém, the expeditionary received an enormous welcoming party at the Estação das Docas, including speeches honoring him from the scientific community, the public and the Brazilian Navy.


Pedro Werneck – INTERVIEW
My main objective has always been to draw attention to the importance of the Amazon River. The Amazon is a river that empties an impressive volume of water into the Atlantic Ocean. The outflow is over 300 million m3 per second. I experienced difficult and dangerous moments. First, there was a climb up to the peak of the Nevado Mismi, nearly 6,000 meters in altitude.  Beginning at 5,000 meters it is referred to as the death zone.  I descended parts of the Amazon in the Andes Mountains on foot, hiking through the snow. Then I followed the streams that form the famous Apurimac – the sacred river of the Incas.  I trailed the Apurimac by car and navigated in small boats.  On the plains, I endured endless cargo boat travels, navigating the Ucayali, in the Peruvian jungle.  The Apurimac and the Ucayali are in reality the Amazon itself, bearing names given it in different regions. I was the first person in the world to go down the Amazon River, following the coordinates provided by the INPE – the true source where the first drop descends to form the Apurimac-Ucayali-Amazonas, until the mouth in the Atlantic Ocean.  Other persons have descended from the source of an affluent –  often beginning in Marañon – and ending their journeys before the extreme mouth.  It is important to emphasize that many people believe that the Amazon River begins in Iquitos and flows east, owed to its nomenclature on the maps. This point is to the north of Peru, while the true source is to the south. The journeys have not ended.  I will return to some of the locations to document some regions in more depth.  Afterward I will also concentrate more on this project to produce a long reel film:  “The Amazon, the largest river in the world – an adventure from beginning to the end.”




silvestre@gorgulho.com




 

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DF entra em alerta com onda de calor e população deve manter cuidados

Capital registra temperatura 5ºC acima da média prevista para o mês de setembro. Especialistas recomendam muita água, roupas leves e pouco exercício físico ao ar livre nos períodos críticos

Publicado

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Victor Fuzeira, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger

 

O Distrito Federal está em alerta laranja de perigo para baixa umidade relativa do ar e para altas temperaturas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a capital federal vive uma onda de calor e tem registrado nos últimos dias temperaturas 5ºC acima da média prevista para o mês de setembro. A maior máxima do ano foi registrada nessa terça-feira (19): 34,5°C, no Gama.

Meteorologistas alertam que a próxima semana será ainda mais quente; população deve adotar cuidados como manter uma boa hidratação e não praticar esportes entre 10h e 16h | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

O aviso emitido pelo Inmet teve início às 11h desta quarta-feira (20) e está previsto para durar, pelo menos, até o domingo (24). No entanto, os meteorologistas acreditam que a próxima semana será ainda mais quente. “Estamos observando a possibilidade de estender esse alerta para a semana que vem. A expectativa é que tenhamos uma próxima semana ainda mais quente, com temperaturas acima de 35ºC”, explica Cleber Souza, do Inmet.

O especialista explica que o país está sob o domínio do fenômeno El Niño, que altera significativamente a distribuição da temperatura da superfície do Oceano Pacífico. “A atuação desse fenômeno favorece esse episódio de temperaturas mais elevadas. Estamos sofrendo com uma massa de ar seca e quente, atuando como um bloqueio para a formação de nuvens e, consequentemente, de chuvas, e intensificando a incidência de radiação solar”, prossegue.

Em função do calor intenso e da baixa umidade, é preciso que a população se atenha aos cuidados recomendados pela Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil do Distrito Federal. “As orientações são as mesmas tanto para o calor quanto para baixa umidade: que as pessoas utilizem roupas leves e que façam refeições leves, sempre mantendo uma boa hidratação. Outra dica é umedecer com frequência a região dos olhos e das narinas”, enfatiza o tenente-coronel Ricardo Costa Ulhoa, coordenador de Planejamento, Monitoramento e Controle.

Ulhoa também afirma que não é recomendada a prática esportiva ao ar livre entre 10h e 16h. “Esse horário é característico das maiores temperaturas, por isso não é recomendado fazer exercícios no período. O ideal é sempre utilizar hidratantes, protetor solar e labial durante a prática esportiva e no próprio dia a dia”, completa.

A coordenadora de Atenção Primária à Saúde, Fabiana Fonseca, afirma que a população deve ficar atenta aos sinais de desidratação. “Alguns sintomas mais comuns são fraqueza, tontura, mal estar, aquela sensação de: ‘Não sei o que tenho, mas não estou bem’. Por isso, precisamos estar mais atentos; aumentar a ingestão de água, evitar exposição ao sol e redobrar cuidados com crianças, idosos e pessoas que têm doenças crônicas”.

 

 

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Arrendatário leva multa de R$ 8,7 mil após derrubar 29 árvores nativas para plantar soja em fazenda em Santo Anastácio

Homem, de 40 anos, só tinha autorização para o corte de 10 exemplares.

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Um homem, de 40 anos, arrendatário de uma fazenda em Santo Anastácio (SP), recebeu nesta quarta-feira (20) uma multa de R$ 8,7 mil em decorrência da derrubada irregular de árvores nativas na propriedade rural.

Ele tinha autorização para cortar apenas 10 árvores, mas no local a Polícia Militar Ambiental constatou a derrubada de 29 exemplares.

Os policiais compareceram à fazenda para realizar uma fiscalização em área onde houve a supressão de árvores nativas através da emissão de Via Rápida Ambiental (VRA).

Através da comparação de imagens via satélite, foi identificado o corte de 29 árvores nativas isoladas das espécies canafístula, ipê e farinha-seca, ou seja, em desacordo com a autorização obtida, que continha apenas 10.

Segundo a polícia, o homem alegou que havia arrendado a área para o cultivo de soja e ainda admitiu que tinha feito a retirada de “algumas” árvores para realizar o plantio.

Ele recebeu um auto de infração ambiental no valor de R$ 8,7 mil por explorar qualquer tipo de vegetação nativa, mediante supressão isolada de 29 árvores, em área fora de reserva legal, de domínio privado.

 

 

 

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Distritais divergem sobre análise do STF acerca da descriminalização do aborto

Foto: Renan Lisboa/ Agência CLDF

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A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, colocou em pauta a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que vai analisar a descriminalização do aborto até 12 semanas de gravidez. A decisão repercutiu na sessão ordinária da Câmara Legislativa desta quarta-feira (20) e dividiu a opinião dos deputados distritais.

O deputado Thiago Manzoni (PL) foi o primeiro a abordar o tema e informou que esteve na semana passada numa manifestação contra o aborto e em defesa da vida em frente ao STF, organizada por um grupo católico. Manzoni se manifestou contra a descriminalização e, na tribuna, exibiu pequeno boneco de um feto de 12 semanas. O deputado argumentou que o feto está em formação, mas “já é um ser vivo e está em desenvolvimento”. Manzoni se disse “embasbacado” com as pessoas que defendem o direito ao abordo. “Canalhas, assassinos e covardes” foram algumas palavras usadas pelo deputado para descrever os defensores do aborto.

Na mesma linha, o deputado Pastor Daniel de Castro (PP) destacou ato no qual participou da Frente Parlamentar Evangélica da Câmara dos Deputados e falou contra o aborto. O deputado também exibiu bonecos de fetos e ainda um vídeo, em que o médico e deputado federal Fernando Máximo relata o desenvolvimento do feto com 12 semanas. “Estamos diante da possibilidade da legalização do homicídio, com os homens decidindo quem pode viver ou não”, completou o deputado.

O deputado Iolando (MDB) também ocupou a tribuna e se alinhou aos colegas que o antecederam contra a possível legalização do aborto.

“Quem morre de aborto são as mulheres negras e pobres”

O deputado Fábio Félix (Psol) explicou que a ADPF 442 é uma ação de integrantes do seu partido e que tem como objetivo discutir a política pública do direito reprodutivo no País. Na opinião do deputado, o debate sobre o aborto é sempre polêmico porque a maioria das pessoas não estuda devidamente o tema. “Quando você descriminaliza o aborto, você não estimula uma prática. Você abre o debate sobre essa prática. Quem morre de aborto são as mulheres pobres, negras e periféricas”, argumentou. Para ele, a descriminalização vai possibilitar o acesso a políticas públicas e ao atendimento psicossocial.

O deputado Gabriel Magno (PT) disse que a decisão do STF sobre o tema é de fundamental importância para o País. Para ele, o que está se discutindo é o entendimento sobre normativas já existentes no Brasil. “Discutir o aborto é discutir a vida de meninas e mulheres. Em 2020, 48 meninas entre 10 e 14 anos entraram em trabalho de parto por dia neste País. O debate tem que passar pela vida dessas meninas. A maioria negras e pobres. Se acontecesse com pessoas com melhor condição, não chegaria a este ponto. A morte por aborto inseguro é a quarta causa de morte materna no Brasil”, assinalou.

Para a deputada Paula Belmonte (Cidadania) o tema é importante e “passa sim pelo viés religioso, mas principalmente pela questão educacional”. Para ela, crianças estão fazendo aborto porque existe uma sexualização precoce no País. “Não existe feto, se não houver relação sexual. Mas temos que discutir o que está acontecendo com a sexualização das jovens e a permissividade de muitos pais. Defendemos a vida dentro do ventre, mas também precisamos defender as crianças que nasceram e estão passando fome”, analisou.

Belmonte citou o caso de crianças contaminadas pelo Rio Melchior e outras que estão morrendo de fome e que não merecem a mesma atenção dos deputados. “Este debate é muito mais profundo do que um debate feminista ou religioso. É um debate da dignidade humana”, finalizou.

Luís Cláudio Alves – Agência CLDF

 

 

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