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BRASIL, 7 de setembro de 1822 BRASIL, 7 de setembro de 1922 BRASIL, 7 de setembro de 2022

A construção de Brasília se iniciou em 1957, com 1.112 dias de obras até sua inauguração em 21 de abril de 1960.

 

O Brasil comemora os 200 Anos da Independência, com um detalhe importante: os 100 Anos da Independência foram comemorados em Brasília, quando nem existia Brasília. A transferência da capital do litoral para o Planalto Central se deu em 21 de abril de 1960. Interiorizar a capital do Brasil é sonho antigo, mas foi o presidente Juscelino Kubitschek que iniciou verdadeiramente o processo da construção e efetivo essa transferência.

 

Brasília é como um grande rio. E como um rio caudaloso, a Capital do Brasil nasceu e renasceu em cada afluente até desaguar em sua inauguração em 21 de abril de 1960. Brasília foi concebida nos sonhos geopolíticos do Marquês de Pombal, em 1755, que queria transferir a capital de Salvador, no litoral, para o interior do Brasil. Nasceu nos ideais da Inconfidência Mineira, em 1789.

Renasceu, em 1808, pelas mãos de Hipólito José da Costa no Armazém Literário – Correio Braziliense, em Londres. Logo depois, pelas mãos Do Patriarca, José Bonifácio de Andrada e Silva, na primeira tentativa de Constituição do Império, em 1823.

Nasceu na Constituição de 1891, primeira da República, que mandou reservar para a União, no Planalto Central, uma área de 14.400 km2, que seria oportunamente demarcada para nela se estabelecer.

Renasceu com força telúrica e fervor cívico, em 1892, por ordem do presidente Floriano Peixoto, que determinou que uma comissão de cientistas (Missão Luís Cruls) explorasse o Planalto Central e demarcasse a área para ser destinada ao futuro Distrito Federal.

Os renascimentos de Brasília não param de acontecer. Não com a pressa que o projeto necessitava, mas com a firmeza de sempre dar um passo à frente. Brasília renasceu na Constituição de 1934, no artigo quarto das Disposições Transitórias, que deixou claro: “Será transferida a Capital da União para um ponto central do Brasil”.

O mesmo sonho registrou a Constituição de 1946, quando Juscelino Kubitschek era também constituinte. A Carta Magna do pós-guerra, que espelhou a derrocada dos regimes totalitários na Europa e o retorno, ainda que tênue, dos valores liberais no mundo, motivou a transferência da capital, apesar da resistência de parte da imprensa e de algumas lideranças políticas e empresariais. O artigo quarto das Disposições Transitórias voltou a sacramentar: “A Capital da União será transferida para o Planalto Central do país”.

 

OS 100 ANOS DA INDEPENDÊNCIA

Mas antes mesmo das disposições constitucionais de 1934 e 1948, Brasília teve um renascimento histórico, solene e nacional determinante: em 7 de Setembro de 1922, Dia da Pátria. Foi para comemorar os 100 anos da Independência, que o presidente Epitácio Pessôa mandou erguer um obelisco dentro do quadrilátero Cruls, justamente a Pedra Fundamental de Brasília. Uma História cheia de curiosidades e de muito civismo num tempo sem estradas e de comunicação precária.

Portanto, há 100 anos, duas histórias importantes, dois momentos distintos e duas celebrações de relevância nacional aconteceram em um só monumento construído a 35km do Palácio do Planalto, quando nem havia ainda Brasília: nesse dia foram comemorados os 100 Anos da Independência do Brasil e lançamento da Pedra Fundamental de Brasília.

 

Inauguração solene da Pedra Fundamental de Brasília, monumento aos 100 Anos da Independência, em 7 de setembro de 1922.

 

 

PEDRA FUNDAMENTAL DE BRASÍLIA

 

O RELATÓRIO –   O Brasil era um imenso vazio no Centro-Oeste. Prova disso, é que o decreto do presidente da República só chegou ao conhecimento do responsável, Engenheiro Balduíno Ernesto de Almeida, diretor da Estrada de Ferro de Goyaz, em 27 de agosto de 1922. Ele ficava em Araguari-MG. Recebeu a comunicação do Inspetor Geral das Estradas de Ferro, Palhano de Jesus, transmitindo-lhe ordem do Ministro da Viação e Obras, José Pires do Rio, faltando apenas 10 dias para cumprir a missão.

A jornada de Ernesto Balduíno começou em Araguari (MG), no dia 01 de setembro de 1922. Foi organizada uma caravana composta por 22 membros, que se dirigiram para Mestre d’Armas em nove automóveis (Ford Bigode) e seis caminhões, que transportaram 40 pessoas e todo o material necessário para erguer o obelisco. Seguiram pela ferrovia Mogiana, num trem especial, até o final da linha férrea localizada em IpameriNo dia 02 de setembro, a caravana deixou Ipameri e seguiu por 302 km com destino a Mestre d’Armas – Planaltina.

 

O obelisco tem forma piramidal de base quadrada com 3,75 m de altura, a contar das fundações. As suas faces estão orientadas pelos pontos cardeais. A placa comemorativa está situada na face oeste. A placa diz: “Sendo Presidente da República o Exmo. Sr. Dr. Epitácio da Silva Pessôa, em cumprimento ao disposto no decreto n.º 4.494 de 18 de janeiro de 1922, foi aqui collocada em 07 de setembro de 1922, ao meio-dia, a Pedra Fundamental da Futura Capital dos Estados Unidos do Brasil”. (foto: Silvestre Gorgulho)

 

Relatório da Missão: “Nas primeiras 7 horas foram percorridos apenas 20 km, com os caminhões estancando a cada momento, nas grandes rampas que tinham de vencer. No total, no primeiro dia de viagem, das 5h às 21h, foram vencidos apenas 76 km. No segundo dia, três de setembro, a caravana avançou mais 84 km até o cair do sol, quando chegou ao povoado de Cristalina”. Balduíno, que vinha à retaguarda, decidiu acossado pelo tempo, seguir à frente com os “Ford Bigode”, deixando os caminhões seguirem atrás da caravana. Tarde da noite, chegou ao arraial de Mestre d’Armas, fixado como referência e base dos trabalhos. Os caminhões chegaram à manhã do dia 5, e nessa mesma manhã o engenheiro Balduíno escolheu um local bem mais próximo: um promontório sobre o vale do rio São Bartolomeu, a apenas 8 km de Mestre d’Armas. Às 17 horas do dia 5, todo o material dos caminhões já estava descarregado no morro do Centenário. No dia 7, às 10 horas, estava pronto o monumento”.

A importância do lançamento da Pedra Fundamental de Brasília em 7 de setembro de 1922 – Centenário da Independência – vai além do simbolismo de um ideal “mudancista”.  Marcou também a reabertura da discussão sobre o sítio onde seria construída Brasília, cuja construção começou com o presidente Juscelino Kubitschek 34 anos depois.

Brasília, ainda nem existia, e estava nas comemorações dos 100 Anos da Independência, com o lançamento da Pedra Fundamental dentro do quadrilátero Cruls. Neste 7 de setembro de 2022, Brasília está no coração dos 200 Anos da Independência.

 

Na foto, em Planaltina, toda a comitiva da missão do engenheiro Ernesto Balduíno posa para a posteridade. Dois dos seis carros Ford Bigode aparecem na foto.

Missão cumprida: o engenheiro Ernesto Balduíno cumpre a difícil missão que lhe foi dada e após a construção do Monumento posa para o fotógrafo da Missão Pedra Fundamental.

Governo estuda fazer no local onde está a Pedra Fundamental de Brasília um Parque para preservar o local onde foi comemorado o Centenário da Independência. (Foto: Silvestre Gorgulho)

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A Sexta Onda da Tecnologia: Transformando o Futuro com Sustentabilidade e ESG

A busca por práticas sustentáveis e critérios ESG impulsiona a inovação e redefine os paradigmas da sociedade

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Ao longo da história, a inovação tecnológica tem impulsionado o progresso humano e transformado a sociedade. Desde a Revolução Industrial até as redes de comunicação modernas, cada onda tecnológica trouxe avanços significativos. Atualmente, estamos vivendo a sexta grande onda da inovação, que se concentra na sustentabilidade e no ESG (Environmental, Social and Governance). Neste artigo, exploraremos como a busca por práticas sustentáveis e a valorização dos critérios ESG estão moldando o futuro e já gerando demanda por profissionais especializados.

A Sexta Onda da Inovação: Sustentabilidade e ESG:
A sexta onda da inovação, que deve perdurar até 2045, está impulsionada pela necessidade de enfrentar os desafios ambientais, sociais e de governança que a humanidade enfrenta. A sustentabilidade, com foco na preservação do meio ambiente e no uso responsável dos recursos naturais, tornou-se uma prioridade global. Além disso, a ênfase em critérios ESG, que envolvem preocupações ambientais, sociais e de governança corporativa, ganhou destaque como uma abordagem abrangente para avaliar a sustentabilidade de empresas e investimentos.

A Revolução ESG:
A revolução ESG está se desdobrando em várias frentes, com governos, empresas e executivos reconhecendo a importância de incorporar práticas sustentáveis e responsáveis em suas operações e estratégias de negócios. A adoção de medidas para reduzir a pegada de carbono, promover a diversidade e inclusão, garantir a transparência e a responsabilidade nas operações e fortalecer a governança corporativa são algumas das áreas-chave dessa revolução.

Demandas por Profissionais Especializados:
A transição para a sustentabilidade e a integração de critérios ESG nas operações empresariais estão criando uma demanda crescente por profissionais especializados. Esses especialistas desempenham um papel crucial no desenvolvimento e implementação de estratégias de sustentabilidade, bem como na integração dos critérios ESG em todas as áreas de uma organização. Profissionais com conhecimento em energias renováveis, gestão de resíduos, responsabilidade social corporativa, finanças sustentáveis, entre outros campos relacionados, estão sendo cada vez mais procurados para ajudar as empresas a se adaptarem às demandas da sexta onda da inovação.

Impacto da Sexta Onda da Inovação:
A sexta onda da inovação está revolucionando a maneira como as empresas operam, os governos legislam e a sociedade como um todo interage com o meio ambiente. A busca por práticas sustentáveis e a valorização dos critérios ESG estão mudando a forma como os negócios são conduzidos, promovendo a responsabilidade socioambiental e a criação de valor compartilhado. Além disso, a sustentabilidade e o ESG estão impulsionando a inovação em setores como energia limpa, transporte sustentável, tecnologias de eficiência energética e muito mais, criando novas oportunidades econômicas.

A sexta onda da inovação, focada na sustentabilidade e no ESG, está transformando a sociedade e a maneira como as empresas e governos operam. A revolução ESG está se desdobrando em todo o mundo, impulsionada pela necessidade de enfrentar os desafios ambientais e sociais. A demanda por profissionais especializados está crescendo à medida que as empresas buscam integrar a sustentabilidade e os critérios ESG em suas estratégias e operações. À medida que avançamos nessa onda de inovação, é fundamental priorizar ações sustentáveis ​​e responsáveis ​​para construir um futuro mais resiliente e equitativo para todos.

 

Ondas da tecnologia:

1ª onda (1785 – 1845): Revolução Industrial
A Revolução Industrial marcou o início da mecanização da produção, com o surgimento de máquinas movidas a vapor. Essa onda trouxe mudanças significativas na indústria têxtil, na fabricação e na agricultura, transformando a economia e a sociedade.

2ª onda (1845 – 1900): Idade do Vapor
A segunda onda foi caracterizada pelo aprimoramento das tecnologias movidas a vapor, como locomotivas e navios a vapor. Isso possibilitou o desenvolvimento das ferrovias, a expansão do transporte e a integração regional e global.

3ª onda (1900 – 1950): Era da Eletricidade
A terceira onda foi marcada pela eletrificação e pela disseminação da energia elétrica. A invenção da lâmpada incandescente e a construção de redes elétricas permitiram a iluminação urbana, o desenvolvimento de novas indústrias e o avanço das comunicações.

4ª onda (1950 – 1990): Produção em Massa
A quarta onda foi caracterizada pelo advento da produção em massa, impulsionada pelo uso de linhas de montagem e automação industrial. Essa onda permitiu uma maior eficiência na produção, levando a um aumento significativo na produção de bens de consumo.

5ª onda (1990 – 2020): Redes e Tecnologias da Informação e Comunicação
A quinta onda foi impulsionada pelo surgimento da Internet e das tecnologias da informação e comunicação (TIC). Isso trouxe a conectividade global, a disseminação da informação e a transformação de vários setores, como o comércio eletrônico, as redes sociais, a computação em nuvem e a inteligência artificial.

6ª onda: Sustentabilidade e ESG (2020 – 2045)
A sexta onda, como discutido anteriormente, está focada na sustentabilidade e nos critérios ESG. Essa onda está impulsionada pela necessidade de enfrentar os desafios ambientais e sociais, promovendo práticas sustentáveis e responsáveis em todos os setores da sociedade.

Cada onda da tecnologia trouxe avanços significativos e impactos transformadores em diferentes aspectos da vida humana. A sexta onda, em particular, está moldando o futuro com uma ênfase na sustentabilidade e no ESG, buscando equilibrar o progresso tecnológico com a responsabilidade socioambiental.

 

 

 

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Junho abre a temporada de ipês no Distrito Federal

A florada roxa é a primeira a colorir ruas e parques da capital federal, que tem 270 mil árvores de todas as cores

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‌Roxos, rosa, amarelos, brancos… Chegou a época do ano em que o brasiliense tira o celular do bolso para fazer fotos em tudo quanto é rua e parque do Distrito Federal. Sim, está aberta a temporada dos ipês!

Ipês amarelos são sempre associados à imagem da capital federal  | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

‌A árvore de grande porte nativa do Brasil virou símbolo da capital federal. Hoje, existem cerca de 270 mil ipês de cores variadas espalhados por todas as regiões administrativas. A próxima temporada de plantio começa em outubro, quando a Novacap passa a colorir a cidade com outras 40 mil mudas em todo o DF.

‌“Coletamos as sementes de matrizes que são cultivadas em um raio de 400 km, área que pega o Distrito Federal e parte do Entorno”, conta o diretor do Departamento de Parques e Jardins da Novacap, Raimundo Silva. “Essas árvores são acompanhadas ao longo do ano, com técnicos sempre de olho na ocorrência de qualquer praga ou fungo.”

Florações

Variedades no tom roxo são as primeiras a aparecer nesta temporada | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

‌As sementes passam por um processamento antes do cultivo. Quando as mudinhas completam três anos de manejo, saem dos viveiros da Novacap para serem plantadas. “Elas vão [para o plantio] em um porte que varia de 80 cm a 1,5 m”, afirma Raimundo. “É a partir do terceiro, quarto ano que as árvores já começam a florir”.

Na estação em que florescem, ipês de Brasília apresentam diferentes colorações | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

‌O festival de cores oferecido pelos ipês começa em junho, com a floração da variedade roxa. Porém, Raimundo observa que, neste ano, as baixas temperaturas anteciparam o aparecimento das flores. “O frio quebra a dormência da planta e estimula a florada, por isso já podemos ver alguns ipês floridos ainda em maio”, explica.

‌Confira abaixo os meses e a duração de florada de cada uma das variedades de ipê.

Arte: Agência Brasília

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“DE CASACA E CHUTEIRA – A ERA DOS GRANDES DRIBLES NA POLÍTICA, CULTURA E HISTÓRIA”.

Cacá Diegues: “Na Era JK e Pelé tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima”.

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SILVESTRE GORGULHO – ENTREVISTA

 

“De Casaca e Chuteiras” – Lançamento em Brasília para comemorar os 63 da Capital e uma homenagem a JK e ao Rei Pelé.

 

O livro “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História – JK-BRASÍLIA-PELÉ” vai ser lançado dia 22 de abril, sábado às 11 horas, no Memorial JK, em Brasília.

 

Folha do Meio Ambiente – PELÉ já está no dicionário. E JK?

Silvestre Gorgulho – Verdade! Após sua morte, Pelé em dezembro do ano passado, houve uma campanha e a justificativa foi porque o apelido para Edson Arantes se tornou sinônimo de perfeição no Brasil e em todos os países de Língua Portuguesa. Aliás, em todos as línguas faladas no mundo. Nada mais justo e oportuno. Na verdade, apenas foi referendado um jargão que já estava no cotidiano das pessoas das mais diversas nacionalidades. Este é mais um legado do Rei Pelé. Símbolo de excelência nos esportes, não só no futebol, Pelé é uma lenda eternizada de muitas maneiras possíveis. O substantivo virou adjetivo e até, quem sabe, verbo: Peleou muito bem! O fato é que agora já temos o Pelé da Ciência, que pode ser o Einstein ou o Vital Brazil; o Pelé da Literatura, que pode ser o Machado de Assis; e até o Pelé da música, que pode ser o Villa-Lobos ou o Rei Roberto Carlos.

 

FMA – Mas, e JK?

SG – Bem, JK ainda não está no dicionário, mas tem uma coisa. O escritor e jornalista Élio Gáspari tem razão quando diz: “Todo político brasileiro quer JK quando crescerem. Um dia, talvez, algum consiga, desde que aprenda uma coisa simples: Juscelino Kubitschek jamais disse uma só palavra má, uma palavra negativa tanto do Brasil quanto dos brasileiros. Foi um visionário que acreditou nos dois.”

 

Privilégio viver a Era JK e Pelé, porque tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima. (Cacá Diegues)

 

FMA – “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História” – Que acontecimentos fazem o conteúdo do livro?

SG – São muitos e em todas as áreas da vida: política, esportes, economia, música, literatura e costumes. O livro tem 28 capítulos, 448 páginas, e aborda um tempo considerado Anos Dourados do Brasil. Brasília, Pelé e JK são os fios condutores dessa história maravilhosa, quando os brasileiros sentiram que poderiam realizar o impossível. Como disse Cacá Diegues, foi um privilégio viver essa época, porque tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima.

 

FMA – Por que seu livro foi lançado em 2020, em São Paulo, e só agora será em Brasília?

SG – Verdade! Em 2020 lancei em São Paulo e em 2022 em São Lourenço, Sul de Minas. Motivo simples: O livro só ficou pronto na segunda semana de outubro de 2020. O então governador João Doria, que fez a apresentação, queria lançar o livro no Museu do Futebol lá no Pacaembu, no dia 23 de outubro, quando o Pelé fez 80 anos. Aliás, por isso o selo que tem na capa desenhada por KÁCIO: Brasília 60 anos e Pelé 80 anos. Mas o que aconteceu? Plena Pandemia. O protocolo dizia que só poderiam estar presentes no Museu do Futebol 50 pessoas e tinha de se inscrever pela internet. Havia controle rígido na entrada. Não pude convidar nem minha família. O médico do Pelé proibiu que ele fosse. Pronto, apesar da grande divulgação, pouca gente participou do evento.

 

FMA – Planeja uma segunda edição?

SG – Sim, vou ter que fazer uma segunda edição que será mais ampla ainda. Na verdade, eu já tinha desistido de lançar o livro aqui. Como a gráfica só tem 98 exemplares da primeira edição, que foi quase toda vendida no Mercado Livre, estava pensando em lançar em Brasília apenas a segunda edição.

 

FMA – E por que essa mudança?

SG –  Não disse que a vida é o que acontece com a gente enquanto fazemos planos? Por dois motivos. Primeiro porque o Pelé não foi ao lançamento em São Paulo, mas me ligou dizendo que viria ao lançamento em Brasília tão logo acabasse a pandemia. E aí veio a doença dele. Foi muito triste. Nem queria mais lançar.

E o segundo motivo porque três grandes amigos pediram. Até insistiram. O Jack Corrêa, o Paulo Octávio e a Anna Christina Kubitschek. Eles me convenceram. Seria uma homenagem ao Rei Pelé, que faleceu há 4 meses. E, também, homenagem a JK nos 63 anos de Brasília.

 

O livro “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História – JK-BRASÍLIA-PELÉ” vai ser lançado dia 22 de abril, sábado às 11 horas, no Memorial JK, em Brasília.

 

Folha do Meio Ambiente – PELÉ já está no dicionário. E JK?

Silvestre Gorgulho – Verdade! Após sua morte, Pelé em dezembro do ano passado, houve uma campanha e a justificativa foi porque o apelido para Edson Arantes se tornou sinônimo de perfeição no Brasil e em todos os países de Língua Portuguesa. Aliás, em todos as línguas faladas no mundo. Nada mais justo e oportuno. Na verdade, apenas foi referendado um jargão que já estava no cotidiano das pessoas das mais diversas nacionalidades. Este é mais um legado do Rei Pelé. Símbolo de excelência nos esportes, não só no futebol, Pelé é uma lenda eternizada de muitas maneiras possíveis. O substantivo virou adjetivo e até, quem sabe, verbo: Peleou muito bem! O fato é que agora já temos o Pelé da Ciência, que pode ser o Einstein ou o Vital Brazil; o Pelé da Literatura, que pode ser o Machado de Assis; e até o Pelé da música, que pode ser o Villa-Lobos ou o Rei Roberto Carlos.

 

FMA – Mas, e JK?

SG – Bem, JK ainda não está no dicionário, mas tem uma coisa. O escritor e jornalista Élio Gáspari tem razão quando diz: “Todo político brasileiro quer JK quando crescerem. Um dia, talvez, algum consiga, desde que aprenda uma coisa simples: Juscelino Kubitschek jamais disse uma só palavra má, uma palavra negativa tanto do Brasil quanto dos brasileiros. Foi um visionário que acreditou nos dois.”

 

Privilégio viver a Era JK e Pelé, porque tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima. (Cacá Diegues)

 

FMA – “De Casaca e Chuteira – A Era dos Grandes Dribles na Política, Cultura e História” – Que acontecimentos fazem o conteúdo do livro?

SG – São muitos e em todas as áreas da vida: política, esportes, economia, música, literatura e costumes. O livro tem 28 capítulos, 448 páginas, e aborda um tempo considerado Anos Dourados do Brasil. Brasília, Pelé e JK são os fios condutores dessa história maravilhosa, quando os brasileiros sentiram que poderiam realizar o impossível. Como disse Cacá Diegues, foi um privilégio viver essa época, porque tínhamos de correr atrás do Brasil. JK com sua energia e ousadia conseguiu substituir o ato do sofrimento pela pedagogia do prazer. O brasileiro passou a ter autoestima.

 

FMA – Por que seu livro foi lançado em 2020, em São Paulo, e só agora será em Brasília?

SG – Verdade! Em 2020 lancei em São Paulo e em 2022 em São Lourenço, Sul de Minas. Motivo simples: O livro só ficou pronto na segunda semana de outubro de 2020. O então governador João Doria, que fez a apresentação, queria lançar o livro no Museu do Futebol lá no Pacaembu, no dia 23 de outubro, quando o Pelé fez 80 anos. Aliás, por isso o selo que tem na capa desenhada por KÁCIO: Brasília 60 anos e Pelé 80 anos. Mas o que aconteceu? Plena Pandemia. O protocolo dizia que só poderiam estar presentes no Museu do Futebol 50 pessoas e tinha de se inscrever pela internet. Havia controle rígido na entrada. Não pude convidar nem minha família. O médico do Pelé proibiu que ele fosse. Pronto, apesar da grande divulgação, pouca gente participou do evento.

 

FMA – Planeja uma segunda edição?

SG – Sim, vou ter que fazer uma segunda edição que será mais ampla ainda. Na verdade, eu já tinha desistido de lançar o livro aqui. Como a gráfica só tem 98 exemplares da primeira edição, que foi quase toda vendida no Mercado Livre, estava pensando em lançar em Brasília apenas a segunda edição.

 

FMA – E por que essa mudança?

SG –  Não disse que a vida é o que acontece com a gente enquanto fazemos planos? Por dois motivos. Primeiro porque o Pelé não foi ao lançamento em São Paulo, mas me ligou dizendo que viria ao lançamento em Brasília tão logo acabasse a pandemia. E aí veio a doença dele. Foi muito triste. Nem queria mais lançar.

E o segundo motivo porque três grandes amigos pediram. Até insistiram. O Jack Corrêa, o Paulo Octávio e a Anna Christina Kubitschek. Eles me convenceram. Seria uma homenagem ao Rei Pelé, que faleceu há 4 meses. E, também, homenagem a JK nos 63 anos de Brasília.

FMA – Interessante essa relação JK, Pelé, Brasília, Cultura e Política…

SG – Na vida, nada é por acaso. O livro foi nascendo aos poucos e acabei encontrando este formato. Imagina que Pelé, Brasília e JK nasceram para o mundo no mesmo ano de 1956. JK toma posse na Presidência em 31 de janeiro e Pelé faz seu primeiro jogo profissional pelo Santos em 7 de setembro, com apenas 15 anos, disputando a Taça Independência. E começa com gol. Foi o primeiro dos 1.285. Ambos marcaram época e entraram na vida de brasileiros, deixando um forte legado. O livro começou como uma espécie de almanaque. Era um trabalho para compor um projeto de Monumento a Pelé que Oscar Niemeyer fez para ser colocado em Santos, em frente ao Museu Pelé. Isso foi em 2010. Mas, em 10 anos houve uma evolução muito grande desse trabalho que acabou virando um livro.

 

FMA – Política, música, literatura e esporte fizeram uma boa dobradinha?

SG – Muito boa. Nos Anos Dourados tudo isso se junta. Foi o desenvolvimento proposto por JK de 50 anos em cinco. Ganhamos a Bossa Nova, o Cinema Novo. O Brasil ganha a primeira Copa do Mundo, vibramos com Pelé, Garrincha, Maria Ester Bueno, Éder Jofre. Até nosso basquete foi campeão do mundo. Em 1956, três grandes autores lançam livros fundamentais: Fernando Sabino lança “Encontro Marcado”, Mário Palmério lança “Vila dos Confins” e João Guimarães Rosa revoluciona a literatura com “Grande Sertão: Veredas”.

 

FMA – Como foi sua pesquisa?

SG – Foram mais de 10 anos de pesquisa. Li 45 livros e muitos discursos. Algumas entrevistas. Na última vez que Pelé visitou Três Corações, sua terra, fui junto. Além dos estudos, pesquisas e leituras conversei com Pelé, Oscar Niemeyer, Carlos Magalhães da Silveira, Maria Elisa Costa. Fui às cidades onde a família do Pelé morou e onde o Dondinho jogou e pesquisei todos os jornais locais, no caso Campos Gerais, Três Corações e São Lourenço, em Minas, e Bauru em São Paulo. Quanto mais eu pesquisava, mais eu entendia a importância de Pelé, JK e de Brasília no contexto da vida Política, Cultural e na História do Brasil.

 

FMA – JK e Pelé na capa… busca passar algum simbolismo?

SG – A capa tem o traço irretocável e a genialidade do Kácio Pacheco. Já é uma História. JK com o uniforme da Seleção Brasileira e Pelé de casaca. Uma simbologia do sucesso, da dedicação, do patriotismo e do trabalho. A simbologia do dever cumprido. Ambos, JK e Pelé, cumpriram muito bem sua missão. Cada um no seu campo. Eles são a chave para entender o Brasil de hoje. Não há como compreender a interiorização da economia, a força do Centro-Oeste, o desenvolvimento do sertão brasileiro sem estudar a vida e a obra de JK. O Brasil é um antes de JK e outro depois. Da mesma forma, no futebol. O Brasil é um antes de Pelé e outro depois de Pelé. Com Brasília, o Brasil colheu um novo País.

 

FMA – Brasília significou mesmo tudo isso?

SG – Significou muito mais. Tive um professor na Universidade de Minesota, nos Estados Unidos, Edward Shu, economista, brasilianista e que foi vice-presidente do Banco Mundial. Shu me dizia, em 1982: “Silvestre, os brasileiros precisam entender a importância geopolítica de Brasília. Nos meus estudos eu sinto que se Brasília não fosse construída e se a capital do Brasil não migrasse para o centro do Brasil, a Amazônia não seria mais brasileira”.

 

FMA – Não tinha pensado nisso…

SG – Toda a região, antes de Brasília, vivia da agricultura de subsistência e da mineração. As políticas públicas eram apenas para o litoral. Veja a mudança: hoje, por causa de Brasília, 60% do agronegócio brasileiro está concentrado no Centro-Oeste. Imagina que na década de 60 e 70, o Cerrado não produzia sequer um grão de soja. Hoje, o Centro-Oeste é responsável por 51% da produção nacional. A soja avançou sobre novas fronteiras e levou junto a cultura do milho, do algodão, do trigo, das frutas, do gado. A produção de milho nessa época era inferior a 5%. Atualmente representa 54,36% da safra nacional. Brasília abriu o caminho para os recordes do agronegócio num Brasil antes vazio e desconectado do litoral. Detalhe: a tecnologia agropecuária tropical, chamada de Revolução Verde dos anos 70 e 80, fez a força do AGRO que só existe porque a Embrapa existe. E a Embrapa nasceu porque Brasília existe.

 

O livro tem uma dinâmica didática e prazerosa. Não tem fakenews. Tudo é documentado com fatos e fotos. É bom saber como foi a construção de Brasília com fatos e fotos. Foi uma saga. Brasília nasceu filmada e fotografada. (SG)

 

FMA – Quanto tempo demorou para finalizar o livro?

SG – Foram exatos 10 anos e 3 meses. Comecei a escrever o livro em 23 de outubro de 2010, quando Pelé fez 70 anos. Tudo, como já disse, por causa de um projeto que Oscar Niemeyer fez a meu pedido do Monumento PELÉ. E também por causa da relação de meu pai com Dondinho, o pai do Pelé, que jogou na minha cidade natal São Lourenço, no Sul de Minas. Maria Lúcia, a irmã do Pelé, nasceu lá. E o apelido Pelé também. Na família, o apelido do Rei é Dico. O nome Pelé nasceu em São Lourenço.

 

FMA – O conteúdo é colocado de forma bem didática…

SG – Sim, didática e prazerosa. Não tem fakenews. Tudo é documentado com fatos e fotos. É bom saber como foi a construção de Brasília com fatos e fotos. Foi uma saga. Brasília nasceu filmada e fotografada. Única cidade do mundo que nasceu com um jornal e o Correio é o único jornal do mundo que nasceu com uma cidade. É bom saber como foi a implantação da indústria automobilística e como foi a ocupação do Cerrado. Importante: este livro mostra, com exemplos e fatos, que nosso país já foi mais íntegro, mais promissor, mais ingênuo e muito menos perverso. Os Anos Dourados foram o auge de nossa autoestima.

 

FMA – Qual a relevância do personagem Pelé para os dias de hoje. E para as novas gerações?

SG – Pelé é um ícone. Não é à toa que seu PELÉ entrou no dicionário. Em 1956, Pelé colocou a bola no campo de um jogo extremamente coletivo para encantar o mundo, como Rei do Futebol. Pelé foi campeão do Mundo cinco vezes: três vezes com a seleção brasileira e duas vezes com o Santos. Foram 1.285 gols filmados, fotografados e registrados durante a carreira. O livro traz tudo isso, em um adendo no final, jogo por jogo. Gol por gol. Pelé fez o cessar-fogo de duas guerras apenas para poder mostrar sua arte. Juiz é “expulso” de campo por ter tido a petulância de expulsar Pelé e, assim, possibilitar sua volta ao jogo. E, ainda, contrariando as regras, depois de ter sido substituído no primeiro tempo, Pelé, mesmo com dores, é obrigado a voltar no segundo tempo para evitar conflitos no estádio. Pelé é uma lenda eterna. O tempo passa, os anos avançam e o mito permanece. Súditos e não súditos, amantes ou não do futebol, têm sempre na ponta da língua a expressão mais nobre, mais lúdica e mais singela para relembrar uma lindíssima história. Verdadeira lenda que sempre recomeça: era uma vez um menino pobre, de uma família pobre, em um país pobre, que tinha o dom de fazer mágicas. De uma bolinha de meia fez sete bolas de ouro.

 

“Pelé é um ícone. Não é à toa que seu PELÉ entrou no dicionário. Em 1956, Pelé colocou a bola no campo de um jogo extremamente coletivo para encantar o mundo, como Rei do Futebol. Pelé foi campeão do Mundo cinco vezes: três vezes com a Seleção e duas vezes com o Santos”. (SG)

 

FMA – Qual a conclusão que a gente pode tirar?

SG – Só posso dizer que JK tinha sempre em mente uma frase de seu conterrâneo Guimarães Rosa, que nasceu ali na sua região onde começa o Cerrado. “Quem elegeu a busca não pode recusar a travessia”. Juscelino elegeu 30 metas para seu governo e mais uma, a meta síntese: construção de Brasília. Foi ousado, determinado, magnânimo e fez uma grande revolução social, econômica e política. Talvez, a maior revolução do Brasil como nação. E sem pegar em armas. Sem dar um tiro. Como JK, cada um de nós – sobretudo os governantes – precisamos focar na busca escolhida e não recusar a travessia.

 

PELÉ: aquele que é fora do comum, que ou quem em virtude de sua qualidade, valor ou superioridade não pode ser igualado. Exemplo: JK é o pelé da política.

 

 

 

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