Reportagens
Brasilienses em Paris: Aline Furtado superou o medo da água para conquistar vaga paralímpica
Atleta da paracanoagem começou no esporte com o incentivo inusitado de ganhar chocolate e refrigerante e se apaixonou pela modalidade; classificação nas competições em 2024 veio com apoio de programas do GDF

Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger
Quem vê Aline Furtado treinando com ferocidade e afinco no Lago Paranoá, nem imagina que antes de se tornar uma atleta paralímpica ela quase rejeitou o esporte por medo de encarar bichos no lago, ou muito menos que seu primeiro contato com a canoagem se deu após uma promessa de que ela iria ganhar um chocolate e uma Coca-Cola geladinha depois.

Aline Furtado faz parte do grupo de 16 atletas do Distrito Federal nos Jogos Paralímpicos de Paris | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília
A atleta de 41 anos é uma entre os 16 da capital federal que estarão representando o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris de 2024. A delegação brasileira vai competir entre os dias 28 de agosto e 8 de setembro e é a maior já anunciada para uma edição dos Jogos fora do Brasil. Ao todo, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) convocou 254 atletas com deficiência – entre eles, 19 atletas-guia, três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo, totalizando 279 competidores na capital francesa.
“Brasília, se você for pensar em dimensão e número de população comparado aos outros estados, está bem à frente do Brasil. São nove atletas e há importantes apoios que fazem o esporte paradesporto brasiliense muito forte. A participação do GDF é fundamental”
Paulo Salomão, treinador da Seleção Brasileira de Paracanoagem
Antes de conhecer a modalidade aquática em 2021, a atleta de paracanoagem afirma nunca ter pensado em competir no esporte. Nas primeiras vezes que sentou em uma canoa canadense, Aline conta que só entrou na água para ganhar um chocolate e uma Coca-Cola. Mas bastou algumas vezes no lago para construir o amor pelo esporte. “Disseram que eu tinha um perfil competitivo e incentivaram tanto que resolvi tentar. Eu falava que era a última vez e que não ia mais voltar para a água, mas acabava sempre voltando”, recorda.
A atleta destaca que o Governo do Distrito Federal (GDF) sempre esteve presente em sua trajetória. Foi com o apoio do programa Compete Brasília que ela conseguiu competir na Hungria e garantir a classificação para representar o Brasil nos Jogos Paralímpicos de Paris.
Aline diz nunca ter imaginado participar de uma competição desse nível, mas que o esporte encaminhou a atleta para isso. Com a proximidade de sua primeira competição nas Paralimpíadas, ela chama a torcida brasileira para acompanhá-la nas provas. “Vai chegando mais perto e vai batendo uma ansiedade e um nervosismo, mas é colocar na água tudo que a gente trabalhou para chegar até aqui. Chegou a hora de mostrar que todo mundo é brasileiro, independente da categoria e modalidade. O trabalho é duro e precisamos da torcida de vocês”, declara.
Trajetória e obstáculos

“O esporte tira o melhor da gente, traz igualdade, autonomia, autoconfiança e autoconhecimento”, diz Aline Furtado, que também é professora da Secretaria de Educação do DF
Aos 18 anos de idade, Aline sofreu um acidente que provocou uma lesão medular. Em 2021, ela continuava no programa de reabilitação do Hospital Sarah Kubitschek, que foi onde perceberam o lado competitivo e o potencial da atleta, encaminhada a um treinador de esporte adaptado na água em Brasília. “Foi um choque grande me olhar e falar ‘você é diferente’. Sempre tentei me colocar num padrão de normalidade, mas o esporte te ensina a utilizar outras formas de funcionamento do corpo”, observa.
Com humor, Aline lembra que sempre olhava para o lago como um local de abastecimento para cidade e não um lugar para lazer e esportes. Ela tinha, inclusive, medo dos bichos que poderia encontrar na água. “Quando me falaram da paracanoagem eu disse que não iria de jeito nenhum, porque no lago tinha jacaré e outras coisas que escutei em histórias da infância”, brinca.
“Não queria, até que o amor pelo esporte foi construído. Ele tira o melhor da gente, traz igualdade, autonomia, autoconfiança e autoconhecimento. Foi aí que eu me apaixonei pela paracanoagem. E foi uma aceitação também, porque eu não me enxergava como deficiente por ter uma deficiência não tão perceptível. A partir do momento que entrei nesse universo, eu me vi e entendi que a inclusão não acontece somente no discurso, vai muito além”, acrescenta.
Entre as dificuldades enfrentadas por Aline, está conciliar as duas profissões. Além de atleta profissional, ela também é professora da Secretaria de Educação. “Unir esses dois universos é uma dificuldade imensa, mas o GDF foi essencial na minha participação nas paralimpíadas. Além do Compete Brasília ter possibilitado a participação em competições nacionais e internacionais, a Secretaria de Educação me libera no período competitivo. Sempre há apoio nesse quesito”, pontua.
Entre os melhores
O presidente da Federação Brasiliense de Canoagem e treinador da Seleção Brasileira de Paracanoagem, Paulo Salomão, é o responsável por treinar Aline e também vai acompanhá-la nas Paralimpíadas de Paris. Ele lembra a determinação e o perfil competitivo que o levou a investir na atleta, que já treina com o barco do último mundial da Hungria, o mesmo que vai remar em Paris.
“Ela conseguiu se classificar no mundial para Paris, deixamos as australianas para trás e ganhamos a Vale Continental. Mas há muita expectativa de evolução até o dia da prova, uma fase final de preparação que promete muita emoção. A Aline é uma das melhores que a gente tem aqui. E temos uma equipe boa, porque a canoagem, por mais que seja um esporte individual dentro da competição, é um esporte coletivo na preparação”, explica o treinador.
Salomão frisa que, atualmente, Brasília tem a maior equipe de paracanoagem da América Latina, além de ser também a maior do Brasil. É também a sétima maior delegação indo para os Jogos Paralímpicos de Paris.
“Fica atrás só de grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, regiões muito grandes onde há o centro paralímpico. Brasília, se você for pensar em dimensão e número de população comparado aos outros estados, está bem à frente do Brasil. São nove atletas e há importantes apoios que fazem o esporte paradesporto brasiliense muito forte. E a participação do GDF é fundamental, principalmente com programas como o Compete Brasília, que possibilita irmos a eventos nacionais e internacionais já visando o ganho de experiências. Estamos evoluindo esportivamente além da possibilidade do Bolsa Atleta nacional e internacional do governo federal, que também ajuda muito”, detalha.
O treinador ressalta ainda que, dentro do quadro atual do Comitê Paralímpico Brasileiro, a paracanoagem é a terceira no número de medalhas. “A gente tem bem menos provas, fica atrás de modalidades que têm muito mais categorias. Então eles têm um número de disputa maior por medalhas, mas ainda assim a gente está muito bem. Temos atletas que estão entre os dez melhores do mundo, que conseguiram vagas olímpicas para manter o nível sempre alto. A gente sempre tem que buscar objetivos mais altos”.
Reportagens
Brasil condena ataque de Israel contra o Irã: “violação de soberania”
Itamaraty também alertou para risco de conflito amplo na região

Lucas Pordeus León – repórter da Agência Brasil
O governo brasileiro, por meio de nota publicada nesta sexta-feira (13), condenou os ataques de Israel contra instalações nucleares e fábricas de mísseis do Irã, que mataram altos oficiais militares e cientistas do país persa.
“O governo brasileiro expressa firme condenação e acompanha com forte preocupação a ofensiva aérea israelense lançada na última madrugada contra o Irã, em clara violação à soberania desse país e ao direito internacional”, diz nota do Ministério das Relações Exteriores.
O Itamaraty acrescentou que os ataques ameaçam mergulhar toda a região em um conflito de ampla dimensão, “com elevado risco para a paz, a segurança e a economia mundial. O Brasil insta todas as partes envolvidas ao exercício da máxima contenção e exorta ao fim imediato das hostilidades”.
O chefe supremo da República do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei, prometeu nesta sexta-feira (13) responder aos ataques de Israel. Segundo as autoridades israelenses, o Irã já retaliou o país com ataque de drones, mas Teerã nega.
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Entenda
Israel atacou o Irã alegando que o país está construindo bombas atômicas, que poderiam ser usadas contra Tel-Aviv. O Irã nega e sustenta que usa tecnologia atômica apenas para fins pacíficos, como a produção de energia.
O Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) teria apresentado objeções aos compromissos de Teerã com a organização.
A autoridade nuclear do Irã nega que tenha violado compromissos com a AIEA e diz que a Agência realiza uma campanha “politicamente motivada” e guiada por Grã-Bretanha, França, Alemanha e Estados Unidos (EUA), sob influência de Israel.
Já Israel é um dos poucos países do mundo que não assinou o TNP. Os Estados Unidos (EUA) vinham pressionando Irã para reduzir o alcance do seu programa nuclear. O presidente Donald Trump elogiou os ataques de Israel contra Teerã e pediu para o país aceitar o acordo sobre a questão nuclear.
Reportagens
Patrimônio previdenciário do DF chega a R$ 7,5 bilhões em abril
Com boa rentabilidade dos fundos, Iprev-DF registra crescimento de R$ 94 milhões na carteira de investimentos em abril

Por
Agência Brasília* | Edição: Carolina Caraballo
A carteira de investimentos sob gestão do Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal (Iprev-DF) fechou abril com um patrimônio de R$ 7,53 bilhões – R$ 94 milhões a mais que no mês anterior, quando o total era de R$ 7,44 bilhões. O montante inclui R$ 5,96 bilhões em ativos financeiros e R$ 1,57 bilhão em outros ativos, como imóveis e ações do Banco de Brasília (BRB).
Os recursos garantem o pagamento dos benefícios de mais de 76 mil aposentados e pensionistas do DF.
O Fundo Solidário Garantidor (FSG), principal fundo administrado pelo Iprev-DF, teve rentabilidade de 1,40% em abril, acumulando 3,88% no primeiro quadrimestre do ano. O índice superou tanto a meta de 2,86% quanto o IPCA do período (2,48%). Com essa performance, o fundo registrou ganhos nominais de R$ 158,9 milhões e alcançou R$ 4,25 bilhões em investimentos financeiros.
Criado em 2017, o FSG é um fundo de solvência – não tem meta atuarial obrigatória, mas seus resultados, quando superiores à inflação, podem ser utilizados para o pagamento de benefícios. Ele reúne aplicações financeiras, imóveis e ações do BRB.
Já o Fundo Capitalizado teve rentabilidade de 1,22% em abril e acumulou 4,22% no ano, alinhado com a meta de 4,23% e acima do IPCA. Os ganhos nominais foram de R$ 61,3 milhões no quadrimestre, elevando o valor da carteira para R$ 1,63 bilhão.
Esse fundo recebe contribuições dos servidores que ingressaram no serviço público do DF a partir de março de 2019 e cobre benefícios até o teto do INSS.
Completam o portfólio os fundos Financeiro e da Taxa de Administração, que não têm metas atuariais. O Fundo Financeiro, destinado ao pagamento de aposentadorias de servidores que entraram até março de 2019 (e de seus dependentes), fechou abril com R$ 54,4 milhões em caixa. Já a Taxa de Administração somou R$ 22,4 milhões.
Para a diretora-presidente do Iprev-DF, Raquel Galvão, o desempenho reflete o esforço conjunto da equipe para consolidar uma carteira sólida e garantir o pagamento dos benefícios.
O diretor de Investimentos do Instituto, Thiago Mendes Rodrigues, avalia que, com o controle da inflação, os resultados devem melhorar ainda mais ao longo do ano. Ele projeta que o Fundo Capitalizado alcance R$ 2 bilhões no segundo semestre de 2025.
*Com informações do Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal (Iprev-DF)
Reportagens
CLDF derruba veto e passa a valer lei que valoriza ensino de duas disciplinas básicas
Lei do deputado Thiago Manzoni estabelece ainda o ensino de matemática e língua portuguesa como patrimônios do povo do Distrito Federal

Foto: Carolina Curi/Agência CLDF
Foi promulgada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) a derrubada de veto ao PL nº 373/2023 que cria a política distrital de valorização das disciplinas elementares. Simplificando, a Lei 7.693/2025 prioriza e incentiva o ensino de língua portuguesa e de matemática nas escolas públicas do DF.
Para tanto, a norma determina que o poder público desenvolva um plano distrital, com validade de dez anos. Entre outros objetivos, está elevar os índices de avaliação de aprendizado dos alunos, ampliar e aperfeiçoar a infraestrutura escolar para as duas disciplinas e incentivar professores a desenvolverem projetos inovadores.
A proposta foi originalmente apresentada pelo deputado Thiago Manzoni (PL) e, após aprovada pelos deputados distritais, vetada pelo Executivo. A Câmara Legislativa decidiu pela derrubada do veto em votação realizada pelo conjunto dos deputados.
“Essa foi uma grande vitória. Em todas as escolas, o que nós queremos é capacitar os nossos alunos e facilitar a aprendizagem em todas as disciplinas. Para isso, estamos priorizando a língua portuguesa e a matemática. Nossos alunos merecem ser escolarizados de maneira adequada e fazer bom uso da língua portuguesa e da matemática para tudo aquilo que vão precisar na vida”, afirma Manzoni.
A lei também institui maio como o mês de valorização das disciplinas elementares, estimulando que as escolas realizem competições de conhecimento vinculadas a elas. Inclusive, o texto prevê que as escolas podem contar com recursos públicos e de parceiros privados para esses eventos. Estabelece ainda o ensino de matemática e língua portuguesa como patrimônios do povo do Distrito Federal.
O texto da nova lei também determina que o poder público deve instituir um programa de avaliação das disciplinas elementares com participação facultativa dos alunos e focada na avaliação seriada.
As escolas públicas podem até criar monitorias remuneradas concedidas aos alunos e vinculadas às duas disciplinas. Outro tipo de incentivo permitido é a premiação para alunos que alcançarem 95% de presença nas disciplinas durante o ano letivo.
Por fim, permite também a captação de recursos vindo de termos de cooperação destinados ao financiamento das medidas previstas na lei.
Acesse aqui a íntegra da tramitação e o texto da lei.
Francisco Espínola – Agência CLDF
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